TAPE #18

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— Você tem que fugir — proferiu Raphael para Sam após o homem explicar para o parceiro o motivo dos policiais estarem ali. O irmão da Barbara não disse nada, apenas olhou em direção de Harrison, que desviou o olhar, constrangido.

— O quê? — Samuel tentava acompanhar tudo que vinha acontecendo naquele instante. Barbara chorando enquanto segurava o corpo de Billie, Harrison com o olhar distante fitando a janela do quarto; parecia estar a ponto de desmaiar, e padre Raphael lhe empurrando em direção ao quarto do casal. Em poucos segundos, ele estava agarrado firmemente no batente da porta da suíte lutando para não ser trancado ali dentro. — Eu não posso fugir! Não quero ser um foragido.

Raphael cuspia enquanto proferia as palavras.

— Reze para que seja apenas um foragido, rapaz. Se os policiais te encontrarem, talvez o mínimo que precise fazer é serviços comunitários para compensar o que eles irão encontrar naquele quarto. Ou, no pior e mais provável dos casos, vá parar na cadeia por todo o resto de sua vida.

Samuel fechou os olhos. Ele tinha esquecido que acabara de passar por aquele exorcismo que custara a vida de seu sobrinho no final, após todos os esforços, tudo tinha sido em vão. Mesmo que tivessem se livrado do demônio, parecia que a tensão ainda permanecia na atmosfera; a porta rangeu quando Raphael a segurou para que o companheiro entrasse.

— Existe uma janela que dá acesso ao quintal dos fundos. É uma queda e tanto, mas você vai sobreviver — respondeu padre Raphael. —Passe por ela enquanto os policiais tiveram no quarto e tudo vai ficar bem... que a luz de Deus lhe guie, meu irmão.

— E quanto a você? — perguntou. Ele nunca ouvira a resposta de Raphael, pois o padre bateu a porta o mantendo preso do lado de dentro. A chuva do lado de fora havia cessado. Ele, fitando o restante do quarto, inspirou. Seus olhos pousaram na filmadora posicionada no tripé ao canto do cômodo, e rumou em direção do objeto, furioso.

— Vá se foder, Abuz — rugiu, no mesmo instante que socava a lente da câmera e a imagem se tornava chuviscada. A filmadora tombou para o lado e a gravação morreu.

Somente o som de seus sapatos saindo de perto soou na noite.

A câmera do corredor filmou quando o homem entrou novamente no quarto de Billie e apenas esperou ali, de braços cruzados. Não havia mais nada a ser feito.

Barbara ainda chorava, e Harrison estava parado ao lado da esposa, sem esboçar nenhuma reação. Às vezes, o choque da triste realidade demorava para fazer efeito em mentes perturbadas. E depois de tudo que vivenciaram nas últimas semanas, era compreensível que aquilo fosse acontecer, cedo ou tarde.

No primeiro andar, a porta emitiu sonoros ruídos. Batidas. Os brilhos azuis e vermelhos piscavam no interior do quarto de Billie entrando pela janela aberta. As luzes das casas no longo da rua iam acendendo aos poucos, curiosos, certamente, se pondo a observar o que poderia ser àquela hora.

— É a polícia — a voz chegou abafada até o microfone da câmera no topo da parede do quarto —, deixe-nos passar.

A porta fora arrombada sem aviso prévio, logo, pesados passos subiam as escadas, rumando em direção a eles. Barbara pegou a mão de Harrison e depositou ali o crucifixo velho e de plástico que estava enrolado em seus dedos desde que entrara no quarto do filho minutos antes do exorcismo. O marido acenou em concordância e olhou para Raphael, que apenas assentiu.

Aquele era mesmo o fim? Talvez Deus não fosse assim tão justo...

Barbs se colocou em pé e ficou parada no meio do quarto; quando a porta fora aberta e cinco guardas pararam na entrada apontando a arma com as lanternas para ela, suas pernas apenas se dobraram e seu corpo caiu de joelhos. Estava exausta.

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