3. - DESCOBERTAS NA CASA DA AVÓ

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Era manhãzinha, eu estava sentada no banco de trás do Honda CRV dos meus pais. Iriamos passar o fim-de-semana na casa da minha avó materna, como sempre. Ela era um exemplo para mim, recebi o meu nome em sua homenagem. Adorava visita-la, ouvir suas histórias de quando era jovem, comer sua comida deliciosa, ou simplesmente ficar deitada enquanto acariciava meus cabelos.

Tinha esperança que a convivência com uma pessoa prudente, como minha avó, fizesse esquecer da maldita gruta, ela não me saia da cabeça, na noite anterior havia sonhado que eu corria por um labirinto cinzento cheios de cristais azuis, eu conseguia ver apenas meus pés numa corrida desesperada, eu usava a tecido que Lian havia achado, eu ouvia gritos atrás de mim.

Continue a correr, as vozes se aproximavam, corri mais rápido, estava num corredor, havia uma luz prateada no final dele, quando cheguei até ele, se transformou numa porta negra, ela se abriu, chamas saíram dela vindo em minha direção.

Acordei sufocando os gritos que queriam sair da minha garganta, não entendi nada do sonho, mas me deixava inquieta, um sentimento crescia no meu peito, não sabia o que era, mas sentia que precisava ir até a gruta.

Balancei a cabeça com raiva, querendo tirar aquele pensamento da minha cabeça, as vezes uma vontade imensa de ir até a gruta me dominava, mas não iria deixa-la vencer. Nunca mais voltaria aquele lugar.

Impaciente, coloquei os fones de ouvido e selecionei a playlist de Lindsey Stirling. Deitei a cabeça no banco e fechei os olhos enquanto aguardava meus pais. Eu os amava, mas eles eram muitos enrolados, principalmente para sair de casa.

Meia playlist depois, os dois finalmente entraram no carro e saímos. A viagem era curta, apenas vinte minutos. Estava tão concentrada no som do violino, que não percebi que estávamos perto da casa, só notei quando foi jogada para cima violentamente e bati a cabeça no teto, meu pai sempre se esquecia de lombada perto da casa da vovó.

— Ai! — Reclamei afagando a cabeça dolorida. — Pai, já faz anos que o senhor vem aqui, como sempre se esquece?

— Cachorro velho não aprende truques novos! — Respondeu ele com uma risada calorosa.

Revirei os olhos, peguei minha mochila surrada e joguei-a nas costas. Juntos atravessamos o jardim ricamente plantado com diversas flores.

"Com tantas espécies de flores aqui, poderia encontrar a flor da gruta? "

Sacudindo levemente a cabeça, enterrei esse pensamento no fundo da minha mente. Antes que alguém chegasse a porta, ela se abriu revelando uma bela senhora. Ela era alta e magra, media 1.90, a pele branca como leite, agora já enrugada, antigamente seus cabelos eram louros platinados, agora eram brancos.

­ — Como é bom ver vocês, já estava com saudades. — Disse ela com a voz harmoniosa.

Ela foi até nós com uma velocidade incrível para idade, com seus frágeis braços abertos e um sorriso branco e brilhantes.

Nos abraçamos com delicadeza. Indo para dentro, analisei o rosto dela, por trás do belo sorriso, percebi que os olhos azuis cobalto, da mesma cor que os meus, estavam mais tristes. Meu avô havia morrido há seis meses atrás e parecia que ela ainda não havia superado a perda, se é que um dia iria superar.

— Preparei o café da manhã para vocês!

— Não precisava dona Krystal. — Disse meu pai com educação.

— Coma e não reclame! — Retrucou ela carinhosamente. — Sei que vocês três adoram minha comida!

Era a verdade. Ela simplesmente tinha o dom para a comida, ela não parava de me oferecer comida até que eu estivesse tão cheia que tinha que abrir os botões da minha calça.

O Labirinto dos ElfosOnde histórias criam vida. Descubra agora