16. - O BEIJO

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Assim passaram-se uma semana, acabou por se tornar uma rotina, de manhã treinava magia com Hirrod, estava progredindo, já conseguia fazer encantamentos complexos utilizando o elemento fogo, nada para combate, meu mestre estava surpreso pelo meu progresso, disse que nunca esperava isso de uma híbrida, isso magoou um pouquinho, não entendia por que de toda essa fixação por eu ser uma "híbrida". Á tarde, treinava com Furiam arco e flecha depois lutávamos com espadas, eu havia progredido muito, ele ficou surpreso, conseguia durar algum tempo com ele, mas nunca conseguia vencê-lo.

Todos os elfos eram extremamente cordiais comigo, a única coisa que me incomodava um pouco era o fato de estar me afastando dos meus amigos, com tanto a fazer, acabei ficando sem tempo para eles, só nos víamos brevemente nas refeições, o que me incomodava, mas estava tão encantada que não pensava muito disso.

Era nosso nono dia no Reino do Ar. Hoje, acabei fugindo da rotina, estava com Furiam andando pelo labirinto do jardim, que havia me contado sobre um pequeno campo de flores, e me prometeu que íamos até lá, ficava no centro de um labirinto feito de arbustos, estávamos andando de mão dadas, ele era muito atencioso e fofo comigo, mais do que qualquer homem que tivesse namorado comigo, talvez eu tivesse certos sentimentos por ele.

— Você é muito parecida com sua avó, só que mais bela. — Disse ele de repente.

Aquele elogio me surpreendeu de um jeito bom, algo se aqueceu dentro de mim, mas esse calor se apagou assim que me lembrei que ela era noiva dele.

— Ela era sua noiva, não é?

— Sim era, o povo dos reinos de fogo e ar estava em desavenças, uma guerra poderia começar, estamos numa condição um tanto precária para esse tipo de problema. Vivemos bem aqui, mas esse lugar não suportaria uma luta entre elfos. — Ele fez uma pausa. — Para acabar com o problema, nossos pais decidiram que a melhor maneira era de acabar com a intriga, seriamos os primeiros elfos a unir dois reinos. Mas ela fugiu antes na noite anterior ao casamento.

Fiquei pensativa por um instante antes de perguntar.

— O que aconteceu depois?

— A família dela ficou arrasada com a perda, assim como o povo, ela era uma ótima princesa para eles. — Disse evitando contado visual comigo. — Quando a desavença, acabou, meu pai ficou desolado por um elfo ter saído do reino, depois disse dobram a segurança do portão.

Fiquei calada por alguns instantes reunindo coragem para perguntar, já havia feito essa pergunta para seu pai, mas ele não se portou muito bem e falou algo em francês, decidi depois disso não tocar mais no assunto com ele. Mas com o filho dele a história poderia ser diferente.

— Como vocês vieram parar no subterrâneo?

Ele pareceu assombrado com a pergunta, me arrependi na mesma hora, mas ele deu um sorrisinho.

— O povo élfico não gosta de falar sobre isso, é como reabrir uma ferida. Mas abrirei uma exceção para você. — Ele fez uma pausa. — Há muitos séculos, elfo e humanos viviam na superfície em harmonia, mas tudo o que é bom, tem pouca duração, em uma época, que vocês humanos chamam de Idade da Trevas, houve uma guerra, houve muitas mortes, tanto elfos, quanto humanos, no final decidiram que o melhor seria que os dois povos se separassem, então viemos para o subterrâneo, juntos com várias criaturas que eles consideravam ser das trevas. — Ele fez uma cara de desprezo, como se aquilo ainda doesse. — As criaturas que julgamos puras, foram permitidas viverem entre nós, os impuros, são os que você viu no labirinto, são nossos guardiões. No começo, alguns cavaleiros se aventuravam entre o labirinto para mostrar que eram valentes, todos morriam, de fome ou atacado por algum guardião, vendo tantas mortes, os reis decidiram que seria melhor que eles não conseguissem ver a gruta. Um encanto foi jogado, só aquele com sangue élfico e quem o estiver acompanhando poderá ver o verdadeiro caminho.

O Labirinto dos ElfosOnde histórias criam vida. Descubra agora