O Labirinto dos Elfos

PARTE UM 1. - A GRUTA

Era um dia ensolarado de verão numa cidadezinha pacata. Um dia perfeito para se fazer algo ao ar livre, como uma trilha em meio à natureza. Eu, e mais dois amigos estávamos à sombra de um grande carvalho esperando por Lian, que até então não havia chegado.

— Vou matá-lo quando chegar. — Reclama Makenna deitada na grama verde.

Makenna e eu éramos amigas deste que tínhamos sete anos, nos tornamos amigas logo em seu primeiro dia na escola nova, foi amizade à primeira vista. Aos treze, conhecemos os primos Will e Lian, um pouco diferentes entre eles, mas muito unidos. Nós quatro viramos amigos inseparáveis, apesar das diversas diferenças.

Minutos se passaram e um click denunciou a chegada de Lian, com sua amada câmera profissional. Seu sonho era viajar pelo mundo tirando fotos das paisagens mais exóticas e vendê-las para alguma revista famosa. Mas por enquanto, ele trabalhava num estúdio fotográfico, e era muito bom nisso.

— Está atrasado! — Acusou Makenna fazendo uma careta emburrada, quase fazendo biquinho, que foi registrada pela câmera de Lian. — Ei, não tire fotos de mim!

— Desculpe, não faço mais isso. — Mentiu Lian mexendo nervosamente nos seus óculos de armação preta, pois sem o conhecimento de ninguém, exceto eu, que descobri por acaso, não sei muito o motivo de eu ter olhado dentro do guarda-roupa dele, mas enfim, ele escondia uma caixa em que guardava diversas fotos de Makenna, desde que eles se conheceram. — Para sua informação, não estou atrasado, vocês é que estão adiantados.

Makenna abriu a boca para retrucar, mas não dei tempo que ela começasse a falar. Geralmente era só eu que conseguia calar a boca dela; se deixasse, aqueles dois iriam ficar discutindo por um longo tempo.

— Já que estamos aqui por que não começamos logo? — Disse batendo uma palma para chamar a atenção, me controlando não entrar no jogo deles e bater nos dois.

Todos assentiram e começamos a trilha, quinze minutos se passam com uma conversação amena, sem brigas, o que era um tanto incomum, até que Will comentou:

— Precisamos inovar, já cansei de fazer sempre a mesma coisa, sempre a mesma trilha. O que aconteceu com você, Makenna, perdeu a criatividade?

Makenna sorriu mediante ao novo desafio, ela sempre inventava alguma loucura para fazermos. Como quando ela inventou fazer aulas de kendo, esgrima, que ela odiou, arborismo, judô, krav maga e várias outras coisas que envolviam esforço físico, adrenalina e vários hematomas. Mas quando ela ficava sem ideias, apelávamos para boa e velha trilha.

— E se saíssemos da trilha? — Sugeriu Makenna enrolando com a ponta do dedo na sua franja enrolada castanha, que havia soltado da trança. — Vamos explorar a floresta por nós mesmos?

— Isso pode ser perigoso! — Avisei dando um olhar gélido para Will que havia dado a ideia, ele passou a mão nos cabelos sedosos pretos e dando uma piscadela em sinal de provocação.

Eu era a ponderada da turma, a garota exemplar que odeia se arriscar nessas ideias insanas sem nenhuma segurança, segue as regras à risca, que nunca levou uma advertência sequer na vida acadêmica. Apesar que me arriscava um pouco, quem pratica kendo como parceira de Makenna, sabe o grande risco que eu era, por mais que eu fosse melhor que ela, embora nunca verbalizei tal pensamento, seria perigoso demais.

— Eu topo! — Disse Will.

Will era o mais fácil de interagir do grupo, menos para mim, mesmo sendo um pouco aventureiro e muito perigoso, se tratando de uma mulher, o que era exatamente meu caso. Ele era conhecido por ser um pegador nato. Porém ele nunca tentou dar alguma investida amorosa em mim, ainda bem. Já Makenna, aconteceu uma vez, quando eles haviam acabado de se conhecer, ela o acertou com soco na boca do estômago e um chute em sua pélvis, aprendidos com seu irmão mais velho, Thomas. Depois desse dia ele nunca mais tentou dar investidas amorosas nela, nem em mim, pois sabia que se viesse para perto da minha pessoa com segundas intenções, Makenna partiria para cima dele, e eu também, posso ser uma boa garota, mas sei brigar.