Prólogo

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(Esse livro foi escrito em 2017 e revisado em maio de 2021)

(créditos das imagens da capa: freepik)

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Ele foi criado para ser o melhor.

O.X, o primeiro robô feito inteiramente pelo cientista Dumas Frondel, renomado no laboratório Ampoes, um dos mais importantes da categoria.

O.X era o humanoide perfeito, tão humano em cada mínimo detalhe que era impossível pensar que nele não havia um coração que batia repetidamente no peito, que em suas veias não circulava o mais vermelho sangue. Seus traços delineavam um rosto simétrico, olhos verdes delirantes, cabelos louros estilizados no corte mais popular do momento. Ele era alto, suas mãos e pés eram grandes e seu físico era definitivamente o de um homem que malhava, mas não excessivamente. Dumas havia passado semanas lendo sobre as preferências femininas e masculinas em relação a homens e sabia que não eram todos que gostavam de caras sarados, mas que a grande maioria aprovava um que fosse "meio termo".

Levou pouco mais de um ano para que O.X estivesse pronto, o que não era tão surpreendente, viso que a tecnologia do momento permitia que robôs fossem criados quase que em massa. No entanto, Dumas não queria um modelo genérico, ele queria criar o robô mais incrível que já havia andado pelo mundo, e foi aí que cometeu o seu maior erro.

Era início de verão no ano de 2117, já era possível ouvir as cigarras cantando no caminho até o laboratório. O aquecimento global havia aumentado a temperatura do planeta em uns tantos graus a mais do que o suportável, mas por sorte os humanos também haviam se adaptado as novas temperaturas. Contudo, isso não significava que Dumas não chegasse ao laboratório parecendo que havia saído de uma piscina ou de uma sessão de sauna. Hoje, porém, era o dia em que O.X seria apresentado ao mundo e nada parecia ruim o suficiente para balançar o feliz coração do cientista.

Fazia pouco mais de sessenta anos desde que os primeiros humanoides haviam sido lançados no mercado mundial e desde lá muita coisa havia mudado. Os primeiros eram mais parecidos com máquinas do que com seres humanos e levou pelo menos trinta anos para que os primeiros robôs impecavelmente humanos viessem ao mundo. Em todo aquele período, muitos erros foram cometidos, muito foi atualizado e, ainda hoje, havia um longo caminho para se percorrer. Era fato que os robôs eram o maior foco da evolução tecnológica havia um bom tempo, afinal de contas era um mercado e tanto. Os primeiros robôs comercializados foram os ajudantes, que basicamente eram feitos para os serviços domésticos, o que certamente deixou muitas mulheres satisfeitas e fez muitos maridos abrirem as carteiras. Os últimos dados levantados registram que 50% das famílias de todo o mundo possuem um robô ajudante, o que ainda não é o ideal, mas devido aos preços ainda um pouco altos, excede as expectativas. O mais lucrativo acerca dos robôs ajudantes é que eles recebem atualizações – são caixinhas que você adquire e instala em seu robô, em uma abertura debaixo do pé – que servem para aprimorar as funcionalidades dele. Contudo, como em qualquer outra tecnologia, todo ano são lançados robôs ajudantes mais modernos e eficientes e não demora muito para que os antigos parem de receber atualizações e sejam descartados. Além disso, a competitividade entre os laboratórios é enorme, o que faz com que os cientistas nunca parem de trabalhar.

Depois da grande movimentação em cima dos ajudantes, a pouco menos de um ano um novo modelo de robôs foi lançado: os de relacionamento. Esse foi um passo enorme dado com um tanto de receio, pois estes não podiam ser apenas bons com serviços domésticos e trabalhos manuais em geral, mas eles deviam ter sentimentos completamente humanos. O laboratório Ampoes trabalhou por pelo menos dez anos na criação desse novo modelo, tomando cuidado para que o resultado final fosse bom como o esperado.

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