Capítulo 13 - Quando o robô ganha um celular

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O estranho silêncio de Oxy finalmente teve fim no dia seguinte ao do baile e ele acordou falante e animado como sempre, como se o dia anterior não tivesse existido. Eu continuava me lembrando de nossa dança, da forma como ele me olhava e daquele esquisito sentimento de... "será que?". Mas, talvez fosse tudo loucura da minha cabeça...

Ou talvez não.

Nós estávamos sentados diante da televisão e eu estava ensinando a ele coisas de extrema importância para quem andaria do lado de fora. Desde que tio Dumas permitiu que Oxy saísse de casa, me senti na obrigação de ensinar a ele o máximo possível, como sobre lendas da música, por exemplo. Era inadmissível que ele saísse de casa sem saber quem era Lady Gaga.

– Ela foi um ícone para sua geração – disse enquanto mostrava para ele um dos videoclipes – Nós não temos mais artistas assim hoje em dia, infelizmente.

Oxy arqueou as sobrancelhas enquanto olhava fixamente para a tela e seus ombros balançavam ao som da música. Não sei se aquilo era adorável ou se eu que estava bobona, mas havia um sorrisinho que não queria sair dos meus lábios sempre que eu olhava para ele. Depois da Gaga, continuei olhando a lista de cantoras até que me deparei com o nome da Madonna, e foi então que me dei conta de que o disco de vinil não estava em lugar nenhum ao redor dele. Por quanto tempo aquilo havia desaparecido? Por que eu só tinha dado falta agora?

– Onde está o disco da Madonna? – perguntei com enorme curiosidade.

– Devolvi para o professor Dumas – Oxy respondeu – Eu não preciso mais dele.

– Não? – arqueei as sobrancelhas – Quer dizer que ela não é mais a sua namorada?

Ele olhou para o chão e demorou a responder um tanto sem jeito.

– Não, eu não tenho mais namorada.

– Isso significa que...

Oxy levantou o rosto rapidamente e me encarou, como se estivesse curioso com o final da minha frase. Eu dei uma risadinha antes de continuar, pois sabia que não era o que ele estava esperando que eu dissesse, sabe-se lá o que fosse.

–... posso ver o seu abdômen? – conclui a pergunta.

Oxy arregalou os olhos e abriu a boca, enquanto cobria o corpo com as mãos como da última vez e balançava a cabeça de forma negativa freneticamente, os cabelos louros dançando de um lado para o outro. Fiz bico e o encarei.

– Pervertida – ele resmungou.

– Qual o problema? Você nem mesmo tem uma namorada agora – revidei.

– Então é só isso que você quer de mim? Só quer o meu corpo nu?

Senti meu coração acelerar no mesmo instante em que ele disse aquilo... Droga, que pergunta era aquela? Como ele me pegava de surpresa daquele jeito? Porém, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, tio Dumas entrou no apartamento e quebrou o nosso momento um tanto tenso.

– Ei crianças – disse, largando uma porção de sacolas em cima da mesa como sempre fazia quando chegava em casa – Tenho uma surpresa para o O.X.

Oxy desviou o olhar de mim e eu respirei fundo tentando me acalmar. Tio Dumas se aproximou com uma caixa pequena e a colocou nas mãos dele, enquanto eu olhava curiosa.

– Agora que você pode sair de casa, vai precisar de um desses – meu tio sorriu – É um modelo muito bom.

Os olhos de Oxy brilharam enquanto ele abria a caixa e retirava um celular igual ao meu, só que de cor diferente. Como trabalhava em um laboratório tecnológico, meu tio sempre conseguia um bom desconto nesse tipo de coisa, eis o motivo pelo qual eu tinha um celular decente também. Oxy agradeceu pelo menos dez vezes ao tio Dumas, enquanto eu já ligava o aparelho para ele.

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