Capítulo 16 - Um robô no cavalo branco

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Eu não sabia se os raios de sol estavam muito mais fortes do que o normal, se os pássaros estavam muito mais histéricos ou se tudo de repente estava alto e pesado, quando abri meus olhos na manhã de sábado. Parecia que haviam colocado um pedaço de concreto dentro do meu cérebro e eu honestamente achei que iria morrer.

Achei, até me lembrar das garrafinhas de amostra grátis de álcool que eu ingeri na noite anterior. Quantas tinham sido? Duas? Ergui a cabeça e vi pelo menos quatro jogadas no tapete.

Meu Deus.

Cambaleei para fora da cama e fui até o banheiro lavar o que restava do meu rosto. Eu parecia ter saído de um filme de apocalipse zumbi e não estranharia se alguém perguntasse se eu era um dos zumbis figurantes ou até mesmo a protagonista, tamanho era o estrago. Prendi meu cabelo em um coque e resmunguei um pouco em frente ao espelho, como de costume, antes de sair para encarar o mundo.

Droga, por que tudo parecia tão mais barulhento que o normal? Enquanto caminhava pelo corredor, podia jurar que o local estava muito mais claro do que no dia anterior e eu piscava meus olhos freneticamente como um vampiro que tinha saído do caixão no meio do dia – e ia morrer torrado a qualquer momento.

Eu estava desesperada por água, então decidi passar primeiro na cozinha para pegar um copo, antes de ter que encarar todo mundo no restaurante e enganar meu tio para que ele não soubesse o que eu tinha feito, e eu esperava muito que ele não descobrisse, afinal de contas eu ainda não tenho idade legal para beber. Não era como se as pessoas respeitassem muito isso, mas enfim...

Assim que botei os dois pés na cozinha, a figura que estava de costas para mim em frente a pia me pareceu muito familiar. Pisquei freneticamente meus olhos novamente, jurando conhecer aqueles ombros, aquele cabelo... Mas, o que diabos Oxy estava fazendo na cozinha do restaurante???

– Por favor, não me diga que você se ofereceu pra cozinhar pra toda essa gente – falei e ele virou assustado em minha direção.

– Ah... Bom dia Sam... – ele respondeu um tanto sem jeito, o que me dizia que eu provavelmente estava certa.

Caminhei em direção a ele e cruzei os braços na cintura, tentando aparentar o mais normal possível, embora tivesse quase certeza que alguém estava dando na minha testa com um martelo. Talvez um espírito que odiasse álcool e meninas que burlam as regras da sociedade. Ou talvez fosse apenas a minha consciência.

Olhei para dentro da pia e percebi que ele estava fazendo algum tipo de chá com umas folhas que tinham um aroma bom, o que fazia ainda menos sentido. Oxy estava evitando olhar nos meus olhos e nada naquela cena fazia o menor sentido, como se eu ainda estivesse bêbada.

– Por que você está fazendo chá para essas pessoas? – perguntei.

– É pra você – ele respondeu, os olhos fixos em qualquer ponto da cozinha que não fosse eu.

– Por quê? – perguntei ainda mais confusa com aquela resposta. Eu nem mesmo gostava de chá.

Oxy misturou as folhas que ele havia triturado com a água quente e mexeu com uma colher, enquanto eu o observava tentando ver algum sentido em tudo aquilo.

– Eu... pesquisei no meu sistema – ele começou, falando pausadamente – E li que esse é um chá muito bom... Para curar a ressaca...

Demorou um segundo mais do que o normal para que eu conseguisse processar as palavras dele, mas então elas me atingiram e o desespero tomou conta de mim. Como diabos ele sabia que eu tinha bebido???

– Ah não, ah não... – cai sentada numa cadeira atrás de mim – Como você sabe disso? Por favor, não me diga que eu fiz algo embaraçoso...

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