Capítulo 17 - Robôs com alma?

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Era precisamente meio dia e quinze de segunda-feira e Daisie, Beethoven e eu estávamos debruçados por cima de um pequeno muro enquanto Oxy e Lola tinham sua conversa definitiva na esquina perto da escola. Daisie até mesmo havia trazido binóculos para que pudéssemos observar de longe o desfecho daquela história. E eu tinha plena certeza de que parecíamos três pessoas loucas. Ou melhor, duas pessoas loucas e um robô louco.

– O que nós estamos esperando que aconteça? Que a garota chore? – Beethoven perguntou.

– Não, não... eu não quero que ela chore – pensei, não querendo ver minha amiga triste – Mas também não quero que ela sorria – fui sincera.

De onde estávamos, só era possível ver o rosto de Lola, já que ela estava virada em nossa direção, enquanto Oxy estava de costas para nós. Aquilo era ótimo, já que a expressão facial dela era o mais importante.

– Mas, ela está sorrindo o tempo inteiro – Beethoven argumentou com a verdade absoluta.

– Talvez ele ainda não tenha dito... – suspirei confusa.

Ou talvez Lola não fosse mesmo se importar com o fato de que ele era um robô.

– Ei, Sam.

Uma voz atrás de mim fez com que eu me virasse e levasse um susto. Vincent estava lá, parado atrás de nós, com uma expressão confusa no rosto. E foi então que me lembrei do almoço que tinha prometido a ele quando queria apenas fazer ciúme ao Oxy... Droga.

– Achei que iriamos almoçar juntos, mas você desapareceu e não atendeu o celular... – ele jogou a verdade na minha cara.

Eu gaguejei um montão enquanto pensava em uma desculpa que fosse menos ridícula do que "estou observando minha amiga e o robô que eu gosto e esperando que eles tenham uma briga e se odeiem", mas eu não era lá muito boa em mentir.

– Desculpa, eu... estava ocupada e esqueci – tentei ser sincera.

– É, notei que você está ocupada – ele respondeu com um tanto de amargura e ironia na voz e sua expressão chateada não ajudava em nada.

Antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, ele deu as costas e saiu andando e eu me senti a pior pessoa do mundo naquele momento. Eu era realmente muito cruel.

– Ok, esse drama – Daisie apontou para mim – Está melhor do que aquele drama inexistente – e então apontou para Lola, que continuava a sorrir.

Resmunguei e voltei a olhar com o binóculo. Se Lola se agarrasse no pescoço dele e os dois se envolvessem em um beijo apaixonado seria bem feito pra mim, como um castigo dos céus por ficar brincando com o sentimento dos outros.

– Por que você ia almoçar com o Vincent? Você nem mesmo gosta dele – Daisie continuou.

– O convidei para almoçar para fazer ciúme no Oxy – respondi com amargura.

– Oush – Daisie suspirou – Você é mesmo uma menina má, Samantha.

– Não tão má quanto você, baby – Beethoven se intrometeu na conversa e os dois riram.

Daisie o agarrou pelo pescoço e os dois se envolveram em um beijo um tanto caloroso enquanto eu revirava meus olhos e continuava a observar Lola, que sorria. Não era possível que Oxy ainda não tivesse dito a ela e tudo o que eu conseguia pensar era que ela tinha mesmo aceitado bem a realidade.

Nós acabamos desistindo de espioná-los e fomos até um restaurante próximo porque Daisie estava resmungando de fome. Beethoven falava para todo mundo que ele era um robô, então os garçons não insistiam em oferecer comida a ele, o que parecia um tanto natural. Me perguntei se muitos casais do tipo vinham até o restaurante, tantas vezes que as pessoas nem mesmo se importavam mais com a presença dos robôs, como se fosse algo normal servir uma mesa para apenas um dos clientes. Ou no nosso caso dois, já que eu estava segurando vela.

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