Capítulo 20 - Quando a humana toma uma importante decisão

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Nunca pensei que conseguir dinheiro fosse tão difícil. É claro que nunca tinha pensado que iria precisar de vinte mil dólares, mas sempre há uma primeira vez para tudo. Havia uma porção de papeis em minha frente na mesa e uma calculadora. Eu sei que eu disse que iria conseguir aquele dinheiro todo, mas avaliando friamente a realidade, eu era uma estudante de ensino médio sem experiência nenhuma, o máximo que eu conseguiria seria um emprego em uma rede de fast food e então talvez em três reencarnações eu conseguisse juntar vinte mil...

Oxy se aproximou e sentou ao meu lado enquanto eu batia a cabeça na mesa da sala. Ultimamente, ele ficava em modo de recarga por bastante tempo e seus passos eram bem mais lentos e arrastados do que antes. Ele acariciou meus cabelos e eu me senti péssima por não ter todo aquele dinheiro aqui e agora.

– Você está se desgastando muito com isso – ele disse enquanto ajeitava o cachecol no pescoço. Desde que eu tinha o dado a ele, não tinha saído de seu pescoço por nem um segundo.

– Nós devíamos tentar a loteria – disse, a cabeça ainda apoiada na mesa em sinal de derrota – Não tem nenhum mecanismo aí no seu sistema que seja capaz de prever os números da loteria dessa semana?

Oxy riu e disse que ele não era um vidente ou um gênio da lâmpada, o que era bem verdade, mas esperança é a última que morre. Escrevi loteria embaixo de "trabalho em rede de fast food" e suspirei, me sentindo tão derrotada como nunca.

Mas tinha uma opção. Uma opção horrível que eu não queria nem pensar. Contudo, parecia ser minha última esperança.

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Narrado por O.X

– Você é um idiota.

Sky estava me encarando perplexa enquanto outro robô analisava a parte queimada do meu sistema, e meus olhos vagavam por todo o galpão onde uma porção de robôs andava de um lado para o outro, todos preocupados com suas próprias vidas. Ela ria, balançava a cabeça e ria de novo. Pense em uma garota um tanto irritante.

– Então, Tei não está aqui? – perguntei, afinal de contas aquele era o único motivo pelo qual eu tinha ido até lá.

– Provavelmente ocupado com seu cachorrinho triste – ela deu de ombros – A sua tremedeira está me irritando.

– Não posso evitar – resmunguei.

– Como você chegou até aqui tremendo desse jeito? – ela perguntou.

– Peguei um táxi.

Sky assentiu e nós dois ficamos em silêncio. Embora houvessem outros robôs no galpão, a estranheza entre nós era tão visível que eu sentia que estávamos ali sozinhos.

– Peter... – ela disse tão subitamente que eu levei um susto – Sua namorada humana colocou fogo no apartamento com ele dentro. 50% de seu sistema foi deteriorado.

Ela apontou para o lado e eu vi um robô em uma cadeira de rodas carregando caixas de um lado para o outro. Por um segundo, me imaginei em uma cadeira de rodas e senti como se todo o meu corpo tivesse ficado ainda mais gelado do que já era.

– Ele não consegue andar e suas habilidades de visão, fala e raciocínio estão muito deterioradas – Sky explicou – Ele vem trabalhando conosco por anos tentando juntar dinheiro o suficiente para poder trocar suas peças. É uma fortuna que nenhum de nós pode bancar.

Apertei o braço da cadeira enquanto um novo arrepio tomava conta de meu corpo. Pobre Peter, sozinho nesse mundo sem ninguém para ajudá-lo... de repente me lembrei de Sam jogada no meio de uma porção de papeis tentando arrumar uma solução para me salvar e me senti o robô mais sortudo do mundo.

Projeto O.X: AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora