Capítulo 12

7.2K 530 52
                                    

Sinto o aperto de seus braços ao meu redor, suas mãos me apertam, costas e cabeça, escuto gemidos e múrmuros, levanto um pouco a cabeça, realmente o pouco que ele me deixa e vejo seu rosto suado e transfigurado por um pesadelo, seu corpo está tenso e seus lábios tremem.

— Senhor.- acaricio seu rosto, coloco meus dedos em seus lábios e o acaricio também.- senhor acorde.

Ele abre os olhos e os arregala, solta um suspiro pesado e se senta, seu corpo está coberto de suor, tenho vontade de toca-lo, conforta-lo, mas não sei o que ele faria.

Abaixa a cabeça e a balança, vejo que ele está voltando a realidade, acende a luz, vira o rosto devagar e olha para mim:

— Te machuquei?- faço que não.- ainda bem.- e se levanta, penso que vai ao banheiro, mas ele vai em direção a porta.

— Por favor, não vá.- me atrevo a pedir, já imaginando a punição que vou ter, mas não quero que ele vá ficar sozinho.

Ele para, se volta e olha para mim, parece perdido, assustado, isso é novidade.

— Posso machuca-la se tiver outro pesadelo.

— Não tenho medo, tenho sono leve, lhe acordo se precisar.

Coloca as mãos na cintura e abaixa a cabeça, parece ponderar o que falo, por nada nesse mundo o deixaria sozinho com todo o sofrimento que vi em sua face.

Caminha lentamente e se deita de novo, abre os braços para mim e me aconchego neles.

— Você é corajosa, Anastásia, outra já me colocaria para fora dessa cama.

— A casa é sua, senhor.

— Mas você não tem que lidar com meus pesadelos.

— Já compartilhamos algo muito mais intimo.

Seu peito se move em um suspiro pesado, penso em quanto sofrimento ele pode carregar ali dentro, se o Dominador não é apenas fachada, uma mascara para esconder seus verdadeiros sentimentos.

Atrevo a acariciar seu peito, com a ponta dos dedos, ele é tão forte, seus poucos pelos macios.

— Você é a primeira submissa com quem eu durmo, geralmente tomo remédios para dormir, mas estão no meu quarto, e me empolguei com você.- me confessa e parece estar se desculpando. Penso se não é uma deixa para penetrar um pouco mais nessa couraça.

— Quer-me falar sobre o pesadelo, às vezes ajuda.

Suspira pesado de novo, fico em duvida se está nervoso ou pensando se deve me contar.

Se senta na cama, se encostando-se à cabeceira e me puxa para sentar em seu colo.

— Pode olhar para mim.- fala e o faço,parece um pouco nervoso, penso se foi algo que viveu e o tem perseguido em pesadelos.- tinha um amigo que trabalhava comigo, San,  éramos mais amigos do que chefe e funcionário. Ele era viúvo e tinha uma filha, eram só os dois. Um dia fomos ao um banco, fazer umas transações, naquela época não tínhamos a tecnologia que temos hoje. A filha dele foi junto, então houve um assalto, -  fecha os olhos e os abre em seguida.- fomos feitos reféns, em dado momento, os assaltantes se revoltaram e atiraram em uma mulher, San para protege-la entrou na frente, a filha dele gritou, eu a segurei, mas o assaltante atirou em mim, fiquei desacordado vários dias, quando acordei fiquei sabendo que San havia morrido e que a filha dele havia sido colocada para adoção.-  faz uma pausa, parece se recompor do que viveu no pesadelo.- quando sai do hospital, corri os orfanatos para acha-la, queria adota-la, cuidar dela, mas não a encontrei, fui informado que ela havia sido adotada em sigilo e os seus dados haviam sido apagados, as vezes sonho com o assalto, vejo o olhar apavorado dela, me sinto péssimo por não ter ficado com ela e cuidado dela, como San gostaria.

— Por isso o senhor apadrinha orfanatos?-  me olha sério, sinto que passei um limite.- vi sua entrevista.-  parece relaxar.

— Sim, é um modo de me penitenciar pelo bem que não pude fazer.

— O senhor não teve culpa.

— Às vezes me pego falando isso, mas é complicado. Fico pensando no que essa menina viveu, em que mãos ela caiu e fico mal.- para de falar e me olha com carinho e agradecimento.- obrigado por me ouvir.- me abraça e enterra o rosto em meus cabelos, sinto o sua respiração em meu pescoço, é tão bom.- acho que perdi o sono.

— Um chá sempre ajuda a se acalmar, quer que eu faça para o senhor, vi que há alguns lá embaixo.

— Isso é coisa de Gail, minha governanta, ela gosta de chás, eu prefiro café, mas acho que um chá me faria bem sim.

— Já volto. – me solto dos braços dele, coloco um robe e desço.

Procuro um chá de melissa, por ser calmante, o adoço com mel e subo para o quarto. Ele havia vestido uma cueca boxers e estava sentado na cama, mexendo no celular.- aqui.- passo a xicara para ele, que pega e se ajeita na cama e toma o chá.

Vou ao banheiro e quando volto ele já está deitado, me deito ao seu lado e me abraça.

— Obrigado.-  diz.- quero que você fique aqui em casa até as dezoito horas, tudo bem?- faço que sim com a cabeça.- vamos dormir.- apaga a luz e me aconchega em seu peito de novo, fico algum tempo acordada, sinto que  demora um pouco a dormir, mas logo que o vejo adormecer, fecho meus olhos também e adormeço, saboreando o calor do corpo dele.

50 Tons- Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora