Chegamos em casa e ela pede para tomar um banho, faço que sim e enquanto ela toma banho, peço para Gail preparar algo leve para nós, pretendo jantar com ela no quarto, sei que ela vai achar isso estranho, mas sinto que devo me aproximar o máximo dela, penso que voltei ao inicio e isso me chateia.
Cancelei a folga de Gail por isso, quero que Anastásia descanse e não se sinta obrigada a fazer alguma coisa.
Pego a bandeja com a sopa, pãezinhos e queijos e subo as escadas em direção ao quarto dela, a porta está aberta e ela sentada em uma poltrona próxima a janela.
Está com um pijama de seda negro e está mais pálida que o habitual, suspiro em ver o curativo no pulso dela.
— Comida.- falo acabando de entrar no quarto, ela se vira e me olha como se eu fosse um ser do outro mundo. -sou eu mesmo.- digo divertido ela sorri, uma sombra de tristeza passa pelo seu rosto.- vem você precisa se alimentar.
— O senhor também.- ela fala se levantando e olhando para mim de cima a baixo.- um banho também.
— Estou fedendo?- arqueio a sobrancelhas, não acreditando que ela disse isso.
— Não, só amarrotado.- ela sorri e se senta na cama, coloco a bandeja a sua frente, ela aspira o cheiro da comida.- Gail, esposa de Taylor e minha governanta que fez, ela cozinha tão bem quanto você.
— Ela não teria que estar de folga?- me pergunta mordendo um pãozinho.
— Pedi para ela ficar conosco esse fim de semana. Depois te apresento a ela.
— Ok.- ela fala simplesmente, parece estar morta de fome.
— Quando você comeu?- ela encara o prato e parece pensar.
— Quinta feira, hambúrgueres e batata frita.- sinto o medo na voz dela.
Me sinto um merda, droga ela encarou uma punição sem se alimentar, devo ser um idiota mesmo, ela toda preocupada com o que ia enfrentar que não se alimentou direito.
Decido deixa-la comer em paz, também estou faminto.
Acabamos nossa refeição, vou até a cômoda e lhe entrego um frasco de remédios:
— É uma vitamina, você terá que tomar durante um tempo.
— Preciso te pedir desculpas pelo transtorno.
Dou um suspiro e retiro a bandeja dela colocando-a em cima da cômoda. Volto e me sento em frente a ela.
— Eu que tenho que pedir desculpa e perdão por tudo o que você passou naquela noite.
— Eu mereci a punição, estava errada em quebrar as regras.
— Até aí tudo bem, mas devia ter cuidado de você, ter te apoiado e não te afastar simplesmente.
— Como um bichinho que não deu certo na casa do novo dono.- ela diz com amargura, isso me faz ir ao inferno, é assim que ela se sente?- a surra não foi nada em vista da dor da sua rejeição.
— Sinto muito de novo.- seguro suas mãos estão frias e geladas, - você está com frio?
— Um pouco.- olho para a janela e ela está aberta, me levanto e a fecho.
Me volto e sento a frente dela de novo.
— Tenho algo a te propor.- falo segurando as mãos dela, ela me encara com aqueles olhos azuis enormes e confusos.- quero que fique aqui, por uns dias, até estar mais forte e estável.
— Não sei se seria certo.- porra o que ela está pensando? Será que pareço tão mal assim?- o senhor disse que rescindiria o contrato.
— Não seremos Dom e Sub, seremos amigos, você tem seu quarto, só precisa pegar algumas coisas em seu apartamento. Falhei com você uma vez, não quero falhar de novo. E quanto ao contrato, conversaremos sobre ele em outro momento.
— O senhor não acreditou quando disse que Nathan era apenas um amigo.
Ela parece ressentida e com razão.
— Me perdoe de novo.- falo apertando sua mão.- ele me contou sobre Bill.- a sinto estremecer somente ao ouvir esse nome.- quer falar sobre isso?
Ela abaixa a cabeça, parece encarar minhas mãos.
— Acho que não há muito que falar, apenas que me senti aliviada quando morreu na cadeia.- suspira pesado e fecha os olhos, parece querer esquecer tudo.- ele matou meu filho, ele poderia me bater, me trair, mas matar o meu filho foi muito pra mim, não consegui suportar a dor disso, sabia que não conseguiria me livrar dele e então, preferi a morte.- abre os olhos e me encara triste, - com o senhor foi a rejeição, sabe, não consigo lidar com esse sentimento, é triste demais as pessoas simplesmente te tirarem de suas vidas, como se você fosse uma poeira apenas, é só passar o pano e puf ela desaparece no ar.
Porra a abraço não conseguindo mais vê-la tão triste, com tanta dor no coração.
Ela se deixa abraçar por mim, soluça baixinho em meu peito, acaricio seus cabelos e os beijo.
Não quero tira-la da minha vida, não sei onde isso vai dar, mas quero ser para ela o que não foram a vida toda , o que ela busca durante esses anos todos.
— Fique aqui esses dias, vamos tentar nos entender, me deixe tomar conta de você.
— O senhor já é muito bom para mim.- fala em um suspiro.- tudo bem, sei reconhecer quando não estou bem, quando preciso de apoio.- se afasta um pouco.- encontrei um pouco disso em Nathan, por isso somos tão amigos.
— Ele parece ser um bom homem, nos convidou a conhecer o bebê dele quando nascer.
— Eu vou sim, Laila também é uma ótima amiga.- abre a boca de sono, perece cansada.
— Estou feliz que tenha aceitado.- digo a abraçando de novo.- e você pode me chamar de Christian, não sou mais seu Dom.
— Gosto de tê-lo como Dom.- confessa e porra tenho que me esforçar para não ficar excitado.- foi uma experiência nova, algo que nunca havia pensado existir, e gostei de vivê-la.
— Tudo ao seu tempo, menina, primeiro vamos cuidar da sua saúde, depois pensaremos sobre isso, mas por enquanto é Christian, ok?- acena a cabeça que sim e sorri, um sorriso de esperança, algo novo pra mim.- melhor você ir dormir, conversamos melhor amanhã.- dou um beijo no rosto dela e ela se deita. Me lembro de algo e corro para a mochila dela, que pedi para Taylor trazer, retiro seu ursinho e levo até ela, o coloco ao seu lado na cama e beijo seu rosto de novo.- Durma bem.
— Obrigada.- ela fala sorrindo agradecida.
Saio do quarto e fecho a porta, ela agora é minha hospede, não minha submissa.
Vou para meu quarto e antes de tudo, tomo o banho que ela sugeriu, depois vou para minha cama e me deito, penso em tomar meus remédios, mas estou cansado ao extremo, hoje não preciso me dopar.
Apago a luz e encaro o teto, ela está aqui a metros de mim, está segura e protegida, ninguém vai fazer mal a ela, ela não vai mais sentir o gosto da rejeição.
Nunca vivi isso em minha vida, nunca tive esse desejo, cuidava de minhas subs mais por obrigação de Dom, mas ela é diferente, isso é algo que quero fazer e me sinto feliz por isso. Ela pensa que estou fazendo bem a ela, mas não desconfia do bem que vem fazendo em mim.
Um sorriso brota em meus lábios em pensar nisso. Fecho os olhos e tento dormir.
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50 Tons- Segunda Chance
FanficEle precisava de cura, ela de cuidados, um contrato os uniu, mas um sentimento bem maior irá liga-los por toda a vida.