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Meu nome é Louis William Tomlinson, tenho 25 anos e moro só com meus irmãos. Minha mãe era, e creio que sempre será, a mulher mais importante pra mim. Quando veio a falecer eu não posso tentar descrever a dor que senti, era como se ao ir embora desse mundo, ela tivesse levado o coração da família​ junto.

Porém o tempo passou e ao invés de pensar que tudo havia acabado, percebi que era um novo começo. Afinal, o que você faz quando um capítulo termina? Você fecha o livro e nunca mais o lê novamente? Notei que o sol se põe mas volta a aparecer​, que o mundo gira não se importando com o quê, e que apenas deveria aguentar firme. E aguentei.

Hoje sei que minha mãe não levou nada, ela se tornou nosso coração. Cada vez que vejo Ernest (um dos meus irmãos​ mais novos) rir, a sinto ali. E é isso que me ajuda a estar vivo: minha família.

Mas nem tudo depende do nosso querer, como eu queria que fosse assim. Com a morte dela, ficamos apenas com a casa e um pouco de dinheiro de herança. Apesar do enterro (e tudo que ele envolve) ter gastado uma boa quantia, conseguimos viver bem no começo: não parei com a minha faculdade de música, apenas troquei para o período noturno e arranjei um emprego em uma padaria por meio período.

Acabamos entrando em uma rotina: de manhã eu levava Doris e Ernest para a creche, Daisy, Phoebe e Felicite para a escola, enquanto Charlotte ia para a faculdade, então caminhava para o trabalho. Nossos horários batiam e almoçamos​ juntos, passando a tarde unidos. Na noite eu ia estudar e todos ficavam com a babá. Até que o dinheiro foi acabando e tudo foi virando de cabeça pra baixo.

Precisei trancar minha faculdade e ir atrás de um segundo emprego, pois além da minha a única renda que estava entrando era das revendas de produtos de beleza que Lottie fazia na faculdade. Por não ter nada mais que ensino médio completo, faculdade incompleta e um querer fazer, eu não podia esperar por muito. Graças ao céu fui contratado em uma boate como garçom e turno de noite toda, mas que paga muito bem. Sendo assim, sai da padaria e dormia de manhã, quando dava eu ficava pra limpeza do salão, ganhando mais por isso, porém perdendo algumas horas de sono.

                                                                                                   ***

Hoje é sábado, como de costume a boate vai estar cheia de gente que não tem onde gastar dinheiro. Não reclamo, isso é melhor pra mim e para o lugar. Me arrumo colocando uma calça jeans preta, uma camisa branca (que dobro as mangas) e o suspensório também preto que todos somos obrigados a usar. Dou um beijo em cada um de meus irmãos e digo que os vejo amanhã, peço para Lottie ajudar a Dona Alany, no caso a babá, a dar banho nos gêmeos pois eles acabam com a coluna da pobre senhora. Agradeço a babá ao sair e ela me lança um sorriso de vó e diz: "vai com Deus, filho" devolvo o sorriso e saio pela porta.

Chegando lá, vejo uma fila se formar na frente dos seguranças enormes que estão na entrada principal. Me dirijo para a porta dos funcionários e vejo todos os meus companheiros calmos. Até nas noites mais movimentadas nós ficamos assim, pois o "movimentada" daqui não chega a 50 pessoas.

Mark (o atual dono do lugar) não gasta dinheiro nenhum pra melhorar o lugar; a pintura​ parece ser de vinte anos atrás, os bancos estofados estão todos rasgados e o jogo de dardos (que é ou era a única diversão) está quase caindo da parede com apenas um dardo tendo sobrevivido. Se alguém vem até aqui ou é porque é sua primeira vez e ele ainda é novo no assunto, ou é porque não quer gastar gasolina indo até outra boate.

-Outro dia normal como podemos ver.- Disse Zayn enquanto olhava sem emoção para seu suspensório.

Zayn Javadd Malik é meu melhor amigo desde a infância. Ele foi o cara que festejou comigo quando ganhei meu primeiro PlayStation, que assoprou meu primeiro ralado no joelho e que levou flores para minha mãe todos os dias durante suas últimas semanas. Malik é a pessoa que eu confio de olhos fechados, o único que sabe sobre mim tanto quanto eu mesmo. Ele conseguiu emprego aqui primeiro, tanto que hoje já é o barman e me dá dicas sobre cada tipo de cliente. Creio que ele falou com o chefe para me ajudar a entrar na equipe, mas sempre que pergunto diz que não tem nada a ver com "esses lances" e saí de fininho. Devo tanto a ele, é como se fôssemos irmãos.

Abnegation 》l.s ♡Onde histórias criam vida. Descubra agora