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 ☀Milia, a amizade que veio salvar 2017☀

Estamos no seu carro, ele é espaçoso e tem bancos que parecem se ajeitar ao seu corpo. É um carro muito confortável, dentro tem uma cor de creme, seus bancos são mais escuros, mas segue esse padrão de cor. Harry dirige bem, com um carro desses é impossível você não dirigir, porém deu para perceber sua habilidade no volante. Não posso esquecer de ressaltar que o motor desse carro é tão silencioso que ás vezes nem parecia que estava ligado, mas continuávamos seguindo em frente. Sempre em frente.

Tenho que concordar, que tudo ali -na teoria- era para me deixar calmo, não só uma carona no fim de um longo turno, não só por estar em um carro que nunca me imaginei nem tocar, mas também por ter a companhia de um homem que gosta de mim e tem tantas qualidades que poderia ser considerado perfeito, e não estou usando hipérbole. Porém, na prática, não era isso que estava acontecendo.

Estava tão nervoso, que podia sentir todo meu corpo rígido, minha boca seca, e meu coração dando pequenas disparadas quando eu pensava no que vinha a seguir.

As janelas estavam abertas, a dele e a minha, e o vento da noite beijava nossos rostos. Até ele tentava me acalmar, então deixei que tentasse. Fechei meus olhos e senti o vento me percorrer, leve meus pensamentos com você, leve para longe daqui, leve para longe de mim. Leve o que esta por vim também, na verdade, nos leve para outro lugar, qualquer lugar, só não quero poder ver o olhar de decepção de Harry, eu imploro.

Estávamos indo tão rápido para minha casa, que por um minuto eu culpei esse maldito carro. Então me ajeitei no banco novamente e senti o cansaço no meu corpo, e pensei o quanto eu era sortudo por não ter que andar tudo aquilo depois que descesse do ônibus, e me arrependi de ter xingado o carro e comecei a agradece-lo mentalmente.

Chegamos em casa, comigo falando o caminho para Styles com poucas e rápidas palavras. Se ele percebeu meu desconforto, não comentou.

Fui abrir minha porta, mas um rapaz cavalheiro já havia dado a volta para me ajudar. Sorri com isso, por dentro claro. Era como encontrar um diamante no meio de tantas pedras. Olhei para minha pequena casa, que naquela hora já estava adormecida a muito tempo, e suspirei. Observei o Harry e por alguma razão ele sorri pra mim, não parece perceber que apenas três ou até dois carros como o seu pagam minha moradia. Não parece sentir o que esta por vim, apenas esta feliz e eu não sei o porquê.

-Vem, vou te dar sua água- Digo indo pelo caminho que tem até a porta

Dos dois lados tem o jardim, consegui arranjar tempo para cortar a grama por incrível que pareça, então pelo menos isso está apresentável. A porta é branca, e parece me encarar e perguntar quem é esse ser desconhecido. Ignoro meus pensamentos ridículos como se alguma porta pudesse pensar, e a destranco.

Entro e vejo muitos, muitos, muitos papéis espelhados na sala de estar, o que eu sabia que estariam, mas com visita fica mais constrangedor. Deixo Harry entrar, percebendo que examina a casa, e respirando um pouco mais rápido que o normal eu fecho a porta.

O que ele vê é tão simples, que poderia ser visto em minutos, mas Styles parece ficar reparando em cada detalhe. Tem a sala de estar do lado esquerdo, com dois sofás e uma poltrona, já bem antiga, mas muito confortável, por sinal. A sala está cheia de desenhos dos meus irmãos, como já mencionei, e giz de cera também. A TV está na parede e tem um pequeno rack em baixo, que é onde guardamos os controles e filmes. Tem uma mesinha de centro, que tinha um pequeno vasinho de flor, mas provavelmente minhas irmãs devem ter tirado para os menores não quebrarem.

Ao lado da TV, dos dois lados, tem quadros da minha família. Um deles somos nós, arrumadinhos, sentados próximos, como a verdadeira foto da família. E o outro foi quando fizemos um churrasco em comemoração ao aniversário dela, minha mãe. Todos estamos com biquínis ou bermudas, e ela sorri como se o mundo dependesse daquele sorriso e ela quisesse viver pra sempre. Era um dos sorrisos mais lindos que já vi. Zayn estava na foto também, o que é normal, porque minha mãe o considerava parte da família. Os gêmeos menores estavam lambuzados de sorvete, e as gêmeas estavam com maiôs combinando: uma estava com o azul de bolinhas brancas e a outra com branco de bolinhas azuis. Gosto disso, porque hoje elas fazem questão de vestir a roupa mais diferente possível, sei que cada uma esta achando sua identidade, mas sinto falta dessa época.

Abnegation 》l.s ♡Onde histórias criam vida. Descubra agora