Abnegation 》l.s ♡

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Se passaram duas semanas de treinos intensos e de tudo isso posso dizer que aprendi muita coisa, reforçando o que eu já sabia também, claro. Se eu lhe dizer que não estou cansado, será uma grande mentira. Foi as semanas mais puxadas desde a época da faculdade, mas estou de bom humor, sei que tudo isso vai valer a pena. Além do mais, meu chefe Liam deixava o clima muito melhor.

Tirando o primeiro dia, ficamos em um outro espaço que arranjaram para nós, pois enquanto todos não frequentavam a boate ela sofria as suas, tão esperadas e preciosas, mudanças. Assim como nunca via o Zayn e só encontrava com ele quando o mesmo aparecia cedo em minha casa, eu não via Harry há duas semanas.

Duas semanas.

E por mais que seja estranho, não apenas eu sentir mas confirmar para mim mesmo, sinto sua falta. Não só dos seus toques entenda, mas do verde de seus olhos me encarando como se eu já fosse dele a tanto tempo; de como penteia e bagunça seus longos cachos ao mesmo tempo... Ah! Seus cachos! Que saudades daquele cabelo macio e gostoso de se segurar; De como fica lindo de terno e não apenas profissional; de sua voz rouca dando ordens como um chefe autoritário e sendo tão gentil ao mesmo tempo.

Hoje é um dia importante, pois começa a terceira semana e com ela vamos voltar para o nosso lugar. Todos que foram treinados com Liam, Harry, Niall, cozinheiros da parceria e mais pessoas de fora, iram se juntar essa semana e assim, unir todos os conhecimentos em apenas um lugar. É como se eles treinassem nós em grupos para poder dar mais atenção aos detalhes, agora vão juntar partes da equipe em ótima condições e vão poder cuidar dos detalhes maiores e não dos pequenos, até então já resolvidos.

Se isso aqui não brilhar, não sei o que brilha.

Me arrumo colocando minha calça preta, a camisa branca sem esquecer de fechar nenhum botão e por último o tão esperado suspensório. Me olho no pequeno espelho do banheiro, mas que ainda sim consigo me ver por inteiro, e suspiro. Meu rosto não está do melhor, principalmente está noite,  porque ontem fui trabalhar e não pude dormir de manhã pois Doris faltou na creche, por estar gripada.

A coitada da babá não teria forças para passar mais aquele tempo ali e além disso precisaria dar mais dinheiro, o que está em falta no momento. Dormi um pouco pela tarde, mas não o bastante. Pois as poucas horas na cama não foram aproveitas como eu esperava, já que não conseguia me desligar por completo: minha cabeça estava no nariz vermelho de minha irmã, de seu rosto cansado e sua não facilidade de tomar remédio.

Nós vamos dar um jeito e eu espero que seja rápido.

Vejo minhas olheiras no meu reflexo e percebo o quão profundas estão. Isso não importa muito, não abriremos hoje de qualquer forma. Mas ele estará lá e só de pensar nisso meu corpo todo se arrepia, o que está acontecendo? Mesmo tendo acabado de tomar banho, jogo água em meu rosto num jeito tolo de tentar melhora-lo e me livrar dos meus próprios pensamentos. Suspiro mais uma vez e vejo o azul do meus olhos me acompanhando. "Você nunca ligou para sua beleza, não precisa disso agora", "as olheiras vão embora com o tempo, mas a doença da sua irmã pode apenas piorar".

Pisco algumas vezes para tentar tirar esses pensamentos de minha cabeça e digo para imagem em minha frente de que é apenas uma gripe, ela ficará bem, ficaremos bem. E que está tudo certo eu não ser o cara mais bonito de um treinamento e que isso era, e espero que ainda seja, fútil para mim.

Arrumo minha franja e saio do banheiro não esperando mais nenhum minuto, estava me sufocando. Pego minha carteira, releio algumas anotações das semanas passadas no caderninho e sigo pra baixo. Beijo todos meus irmãos e vejo a gargantinha de Doris vermelha, me culpando por isso. Talvez foi por ela ter pego vento ontem, se eu tivesse colocado uma blusa mais fechada em sua mochilinha, ela estaria como uma verdadeira criança, se divertindo por ai.