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Aquela era a segunda vez que Mark visitava o novo trabalho de Jackson, em uma livraria da mesma empresa em que ele trabalhava antes. Com sorte a sua transferência havia sido bem sucedida e agora dia sim, dia não, Jackson ia a tarde para a livraria. Haviam se passado semanas desde o dia que BamBam havia introduzido Yugyeom entre eles, desde aquele dia tudo caminhava em paz, uma linha reta passando fino entre os altos e baixos. Mark havia encontrado o casal Jae várias vezes desde então e pareciam bem, BamBam batia o recorde de não enjoar de ninguém por dias, e ele e Jackson estavam muito bem, nenhum conflito com o passado de Mark ocorrera durante esse tempo, ele se mantinha afastado, e Mark conseguia manter o ritmo entre sua casa e a de Jackson. Já que viver com a presença da mãe ou sem ela era a mesma coisa,  então ele dormia na casa de Jackson constantemente.
  Naquela tarde especificamente ele não tinha mais nada oque fazer, e quando o tédio lhe abateu, ele decidiu que deveria fazer uma visita à Jackson e talvez até se interessar por algum livro como não fazia a muito tempo. Quando finalmente chegou a praça, receando pegar um resfriado com o frio que fazia naquele dia, ele apertou mais o sobretudo contra si e deu passos mais longos para a livraria. Era em um lugar o bom, onde não havia trânsito já que ficava no meio de uma praça e era ladeada por uma loja de café com uma placa neon rosa a direita e uma loja de brinquedos a esquerda. Mark sempre achava que a livraria era pequena pois vista de fora não parecia ter muito espaço, mas quando entrava se surpreendida em como aparências enganavam, pois prateleiras e mais prateleiras se estendiam a sua frente. O aquecedor estava ligado naquele dia, o clima neutro daquele lugar entrou pelas mangas do sobretudo o dando um arrepio pelo choque térmico. A bancada onde Jackson trabalhava ficava no centro da livraria, uma bancada quadrada alta de mármore negro, ele ficava sentado numa cadeira baixa, usando o computador na mesinha dentro da bancada. Era um espaço pequeno, mas confortável para Jackson que tirava seu atraso de filmes que havia pedido de assistir no cinema quando o movimento da loja estava fraco. Mark sabia disso porque logo no primeiro dia de trabalho Jackson havia lhe descrito tudo sobre a loja, e o pedira que baixasse alguns filmes da Disney para ele, como a Princesa e o Sapo que nunca assistira.
Não tinha como errar, Mark caminhou em linha reta até chegar no centro da loja e lá estava a bancada, ele estava dentro, a cabeleira loira chamando atenção como uma cabeça flutuante, pois o resto do corpo estava escondido pelo mármore, mas ele não estava mexendo no computador ou lendo um livro, ele conversava com uma garota que estava debruçada no balcão, com o uniforme da loja, a camiseta apertada nos seus seios, o cabelo escuro amarrado para trás, e um sorriso alinhado e branco, o queixo fino como era o sonho de muitas garotas e uma cicatriz na sobrancelha que não era chamativa, mas até bonita. Mark parou um pouco antes de ir até eles, os observando conversar enquanto não o notavam ali. Eles riam entre a conversa, que Mark não ouvia oque era, pareciam estar se divertindo. O ciúme batia na garganta, e ele não podia continuar ali escondido para sempre, ele tomou ar e fingiu um sorriso.
-Amor. -chamou se aproximando do balcão, ela o olhou confusa e Jackson girou a cadeira para o ver, abrindo um sorriso enorme e se levantando. -Tudo bom? -perguntou, olhando a garota sem desmanchar o sorriso. Jackson apoiou as mãos na mesa e impulsou para cima, conseguindo roubar um selinho de Mark do outro lado da bancada já que era baixinho para apenas se inclinar.
-Tudo. -respondeu a garota com um sorrisinho. -Jackson me contou de você. Até demais.
-Ah, que bom. -riu Mark.
-Essa é a Sunee.
-Prazer. -ela disse já prestando atenção em outra coisa no celular. Mark não se deu o trabalho de responder.
-Que surpresa, Vincent te irritou? -perguntou Jackson voltando a se sentar.
-Não, eu fiquei entendiado em casa. -Mark suspirou e olhou em volta. -Eu vou na parte de ficção, deve ser mais interessante do que ficar em casa olhando pela varanda.
  -Mas você gosta da varanda. -riu Jackson se balançando na cadeira.
  -Gosto, mas... eu me irritei. -disse dando as costas e indo em direção a duas prateleiras com placas verdes indicando Ficção.
  A livraria em si parecia um labirinto de jogos infantis, as prateleiras pareciam se fechar ao seu redor, como quadrados de madeira que diminuíam até chegar o centro da livraria. Sempre era fácil sair de lá, não importava para onde fosse, sabia que qualquer lado era certo, bem que Mark que queria que a sua vida fosse como aquela livraria. Mas sabia que infelizmente a vidas eram labirintos para experts, e como ninguém nasce assim, não havia no mundo que conhecesse a vida, nem seu caminho. A única forma era correr às cegas até encontrar o caminho certo e não desviar para corredores diferentes.
  Ele passou pela prateleira, os dedos deslisando sobre as lombadas novas dos livros, títulos se repetiam aqui e ali, pessoas que não souberam guardar os livros onde estavam antes. Ele parou, lendo alguns nomes, até escolher um livro por gostar da cor da capa, era azul turquesa, e as letras eram em relevo dourado. Mark o pegou animado e correu em ocupar uma das cadeiras de couro quadradas que ficavam espalhadas entre as prateleiras. Sentou-se e abriu o livro sobre as pernas, começando a ler o primeiro capitulo. Se distraiu ali, entrando de cabeça na história e esquecendo todo o resto ao seu redor. Não soube exatamente quanto tempo passou ali, só voltou a pensar no mundo de verdade quando Jackson o chamou no início do corredor. Mark fingiu não ouvir; mas já estava desfocado no livro. Jackson não esperou muito, foi diretamente a ele, se sentando na poltrona ao lado e se inclinando como se também quisesse ler aquele livro.
-Markie. -chamou insistentemente várias vezes. -Amor.
-Hum? -respondeu Mark fechando o livro com um dedo entre a página que havia parado.
-Meu turno vai acabar daqui a pouco, já tem uma hora e meia que você está aqui.
-Já? -Mark se assustou, consultando o relógio no pulso. -Nossa.
-Vou alugar esse para você. -disse apontando o livro. -Quer ir em algum lugar depois daqui?
-Talvez... -disse com uma mão sob o queixo fingindo pensar. -Podemos ir jantar de verdade.
-De verdade? -Jackson riu. -Então quer que eu cozinhe para você?
-Pode ser. -Mark adorava vê-lo trabalhar, ou fazer qualquer coisa em que estivesse focado, quando seus olhos pareciam não ver quase nada e tudo fosse automático da parte dele, suas reações quando algo que fazia dava certo e o biquinho de quem achava que podia fazer melhor. -Você de avental. -riu imaginando.
-Eu fico puro charme de avental, senhor. -disse apertando o nariz de Mark. -Você vai ver como eu fico lindo.
-Você é lindo. -ele revirou os olhos. -Aliás, conversou muito com a Sunee? -disse baixo.
-Sabia que estava com ciúme.
-Claro que estava! -disse um pouco alto e tapou a boca. -Desculpa. Eu tenho que proteger oque é meu.
-Acha que eu ia dar mole para ela? -perguntou cruzando os braços.
-Não, ia ser duro mesmo. -respondeu bufando e fazendo Jackson corar como uma das poucas vezes que acontecia. -Ela estava toda oferecida naquela mesa, quase esfregando os peitos na sua cara.
-Ela faria a mesma coisa se fosse você, e aí você ficaria com raiva de mim se eu ficasse com ciúme.
-Não, porque eu sou muito gay pra isso! -disse baixo, mas irritado. Jackson riu e se levantou. -Leva. -o estendeu o livro e Jackson o pegou puxando o braço de Mark e o beijando.
-Confie em mim, amor, não vão ser coisinhas assim que vão me fazer me afastar de você.
-Um par de peitos e roupas apertadas não vão? -perguntou baixo e Jackson o deu um tapa no braço.
-Não! -ele se virou pelo corredor e saiu rindo para alugar o livro.

Te vejo às 00:00| Hiatus | Markson  ✶Onde histórias criam vida. Descubra agora