-Ele vai acordar em alguns minutos. -avisou a enfermeira à porta de YoungJae.
Ela estava ali a três minutos, explicando medidas de emergência, oque deveriam fazer caso precisassem de auxílio, e passou varias regras de conduta dentro do hospital, como; não correr nos corredores.
Mark e Jaebum estavam em pé ouvindo as instruções dela. Ambos sérios, com carrancas, tentando se passar de responsáveis e confiáveis. Oque não estava dando muito certo.
-Sem gritos, sem estresse. -ela disse. Mark suspirou, parecia até que a enfermeira sabia do barraco que ele pretendia fazer. -O paciente precisa de descanso. Além de ainda estar grogue.
-Certo. -responderam os dois.
A enfermeira olhou a prancheta mais uma vez, então acenou com a cabeça para eles e foi embora. Mark olhou para trás, os amigos o olhavam com expectativa.
-Vamos entrar, então. -disse dando de ombros.
Assim que Mark esticou a mão para a maçaneta, seu antebraço foi envolvido com firmeza por dedos, ele virou para trás confuso. Jaebum o segurava, seus olhos transbordavam nervosismo. Realmente deveria estar nervoso, era a primeira vez que iria encontrar YoungJae desde a Grande Noite.
-Sem estresse. -frisou. -Sem gritaria.
-Eu ouvi, Jaebum.
Mark chacoalhou o braço tirando-o das mãos de Jaebum. Abriu a porta e todos entraram, mas para surpresa, YoungJae já estava acordado, só não parecia... são.
-Mark! O que fizeram comigo? Cade a minha perna? -ele perguntou desesperado.
Mark correu até o lado da maca. YoungJae parecia desesperado, os olhos brilhavam com lágrimas e ele encarava o cobertor sobre suas pernas.
-Está tudo bem, você quebrou um osso. Sua perna está aqui.
Os olhos dele encheram de lágrimas e ele fez bico.
-Eu não sinto meus dedos. Meus pobres dedos, foram arrancados.
-Não. Jae, -Mark segurou seu rosto entre as mãos. -Você tem dedos. Foi o remédio que deram a você.
BamBam atrás dele, segurou a risada.
-Hyung, tem certeza que não trocaram o cérebro dele por um de gato? -perguntou ele.
Mark olhou para trás e viu que todos estavam meio risonhos, até Jaebum. Não queria admitir, mas estava incomodado com o sorriso dele, queria brigar com Jaebum, não vê-lo sorrindo. Afinal, YoungJae tinha se machucado.
-Hyung, -disse YoungJae, apertando o seu antebraço. -Aquela árvore. Ela se mexeu, eu juro.
-Okay, Jae. Acho que você deveria dormir. -disse Mark, passando os dedos pelo cabelo dele. YoungJae estava suando, bom sinal, não estava com febre. -É, durma. Juro que quando acordar, vou trazer um bolinho lindo para você.
-Amarelo?
Mark franziu a testa.
-Desde quando gosta de amarelo?
-Hum... então vermelho?
-Certo, certo. Vermelho.
YoungJae sorriu, e seus olhos varreram os outros acompanhantes, até caírem em Jaebum. Onde ele parou e fez cara de tédio.
-O que você está fazendo aqui, bobão?
Jaebum pareceu confuso.
-Eu que liguei quando você se acidentou.
-Foi? Não me lembro de receber nenhuma ligação.
-Não liguei para você, liguei para a polícia. -disse com impaciência na voz. -Acho que você deveria dormir.
-Não me diga oque fazer, bobão.
-Bobão é você.
Mark passou as mãos no rosto e respirou fundo. Sabia que YoungJae e Jaebum eram idiotas de natureza e adoravam se irritar, mas não esperava ter que brigar com crianças.
-Os dois são idiotas. E Jaebum, você está se trocando com um cara dopado. -disse Mark.
-É, dopado! -gritou YoungJae levantando os braços, como se tivesse razão.
-E você, vá dormir. -disse Mark puxando seus braços para baixo e levantando mais o cobertor.
-Mark, -chamou Jackson, Mark olhou. -Não é melhor sairmos aqui? Assim ele pode dormir.
-Verdade. Todo mundo saindo.
-Mas Hyung... -choramingou YoungJae. Mark olhou para o amigo e ele parecia triste. -Fica aqui, eu preciso conversar com você.
Mark olhou para Jackson, que assentiu como quem diz "tudo bem". Os outros foram saindo logo depois de Jackson, por último foi Jaebum, que olhou com melancolia para o ex-namorado, então para Mark, saiu e fechou a porta.
-Meus dedos. -disse YoungJae. -Estou sentindo o mindinho. Tá doendo agora. Acho que pelo menos um está vivo. Oi, mindinho!
-Jae, -Mark chamou rindo. -O que quer conversar?
YoungJae parou olhando um ponto fixo, então abriu a boca, mas não falou nada.
-Eu sonhei, ou eu terminei com o Jaebum? -perguntou num sussurro.
-Você terminou com ele.
Ele arregalou os olhos, como se não acreditasse, então uma lágrima caiu pela sua bochecha.
-Ele me traiu?
Mark Se sentia mal em ter que confirmar tudo aquilo. Talvez ele também tivesse sonhado com o acontecido, mas isso não deixava de fazer a traição ser verídica. Com pena, Mark limpou a lágrima, sentia-se como a mãe de YoungJae.
-Durma. Quando acordar, tenho certeza que vai lembrar de tudo, e vai ser liberado para comer o bolinho.
YoungJae balançou a cabeça, aparentemente abalado. Mark apertou o botão e a cama desceu mais até ele estar deitado. YoungJae respirou fundo.
-Eu amo você, Hyung. -disse ele, com os olhos quase fechando. -Você nunca decepciona.
-Não ponha tanta fé em mim.
-Hum, okay. -YoungJae bocejou. -Que seja, eu amo... bolinhos.
Ele desmaiou aos olhos de Mark. Num instante estava num sono tão pesado que Mark ficou com medo até finalmente ouvir o primeiro ronco. Aliviado, ele saiu do quarto e voltou para a salinha de espera. Os demais estavam ali, olhando o chão, ou como BamBam e Yugyeom, que fingiam não sentir a tensão e ficavam grudados o tempo todo.
-Oh, Tico e Teco. -chamou Mark, quando estavam a ponto de se beijar. -Aqui, é um hospital, respeitem.
-Tico e Teco? -BamBam franziu a testa, como quem não tinha gostado do apelido.
-B1 e B2? Melhorou?
-Você está muito estressado, Hyung.
Mark pensou que tinha ouvido BamBam dizer isso, até se dar conta que tinha sido JaeBum, na cadeira logo a sua frente.
-Você me deixou estressado.
-A gente pode conversar sem você me ameaçar? -perguntou temeroso.
Com desgosto, Mark assentiu. Então, juntos, Mark e Jaebum caminharam para sair do hospital. Mark não sabia oque iria dizer, estava preparado para esculhambar com ele no quarto, mas agora, uma conversa civilizada não estava nos seus planos.
Eles chegaram lá fora, um batente de quase dois metros se estendia na frente do hospital, suspenso a quase dois metros de altura do chão, e degraus de mármore desciam até o calçamento do estacionamento frontal. Ao lado havia uma rampa para cadeiras de roda, colorida com faixas amarelas e pretas. Eles se entreolharam e decidiram sentar ali mesmo, com as pernas pendendo para fora. Antes de começarem a falar, houve um silêncio profundo, como se um desafiasse o outro a começar. Lá fora, o sol estava esquentando as pedras do estacionamento e o asfalto da rua, Mark conseguia enxergar as ondulações do calor saindo do chão.
-Eu... -disse Jaebum, finalmente. -Me desculpe.
Mark balançou a cabeça descrente.
-Não posso fazer isso. -respondeu. -Eu queria muito, mas eu não posso.
-É, eu sei que não mereço.
Silêncio.
Mark estava ficando incomodado. Estavam sozinhos ali, podia dizer oque quisesse. E pedir oque quisesse...
-Eu vou embora. -disse de repente. Jaebum arregalou os olhos, confuso. -Los Angeles. Meu pai veio me chamar.
-Eles já sabem disso? -disse apontando para suas costas.
-Não. -suspirou. -BamBam vai querer me matar quando descobrir. YoungJae... vou rezar para que melhore antes que eu vá. Não sei quando volto.
-Jackson?
-Ele sabe. Me apoiou, mas no fundo eu sei que ele queria que eu ficasse, ou que ele pudesse ir comigo.
-Por que está me contando isso?
Com ar descontente, Mark passou um braço pelos ombros de Jaebum.
-Eu Vou embora. Jackson vai embora assim que acabar a escola, vai voltar para casa. BamBam e YoungJae vão ficar sozinhos nessa ilha. Contando que Yugyeom permaneça, talvez BamBam não fique tão sozinho. -ele bateu nas costas de Jaebum com leveza. -Você nos traiu, Jinyoung nos traiu. Com quem eu posso contar para cuidar dos meninos?
-Você não é mãe, nem pai deles. -replicou Jaebum. -Eles aprendem a crescer.
-Eles precisam de apoio. -sua voz saiu ríspida, dura. -BamBam cresceu ouvindo coisas ridículas sobre si mesmo, as vezes ele precisa de ajuda, YoungJae é totalmente dependente dos amigos.
-Você me afastou deles, oque quer que eu faça?
-Que seja homem! -Mark saltou abruptamente do batente, assustando Jaebum. -Quero que vá lá naquele quarto, peça desculpas ao YoungJae mais uma vez, diga que continuará sendo seu amigo e que pode contar para qualquer coisa que ele precise.
-Mas... disse que era para eu ficar longe!
-Não mais, agora eu preciso de você.
Jaebum também pulou e ia passar direto por Mark, mas ele o segurou.
-Você me deve isso, por suportar o seu namoradinho por tanto tempo, agora faça alguma coisa que preste e cuide do homem que realmente te amou e dos amigos que você realmente teve. -ele empurrou Jaebum de volta para sua frente.
Atordoado, Mark viu as lágrimas no rosto de Jaebum. E seus ombros tremendo. Ele estava arrependido, Mark observou, estava completamente arrependido pelos anos em que passou mentindo, pelos amigos que traiu e por tudo que fez, infelizmente arrependimento não apagava nada. Porém era um avanço.
-O que eu fiz, Hyung? -perguntou, soluçando. -O que foi que eu fiz?
-Você foi um imbecil.
Jaebum recostou-se no batente. Afundou o rosto nas mãos e chorou até não poder mais, como se a dor estivesse saindo pelos olhos. Mark ficou ao seu lado, e passou a mão nas suas costas.
-Eu vou ajudar. -disse, a voz abafada pelas mãos. -Eu vou pedir perdão a ele.
-Quero que o apoie, eu sei que ele é um abestalhado e vai te perdoar, oque por um lado é bom. Mas entenda que a partir daquele dia, tudo que você pode ser dele é amigo, e daqueles meio distantes.
Jaebum balançou a cabeça como resposta. Mark Também não disse mais nada, ficou ali, esperando que em alguma hora aquele choro iria passar.***
Branco.
Quarto branco. Porta branca. Lençóis brancos. YoungJae definitivamente achava aquela cor perturbadora. Quem pensou em usar Branco para ser uma cor de doente? Ele estava acordado a quase uma hora, mas não quis avisar, tinha sido instruído a ficar descansando e a apertar o botão do controle ao seu lado sempre a dor fosse muito intensa. Liberaria morfina, segundo a enfermeira. Ele só tinha usado uma vez, e desde então se sentia calmo como um monge no topo de uma montanha. Porém, não conseguia desencanar do quarto perturbador, nem da tela mostrando seus batimentos cardíacos, ou do aparelho ao seu lado, cheio de botões e Mini alavancas coloridas. Por que não podia ter uma fruteira no quarto? Apenas para ter cor. Ao invés disso tinha uma tv branca também, e sofá de estofado branco. Estava decidido, quando chegasse em casa, iria pintar a casa como um arco íris.
Enquanto pensava nisso, a porta abriu. Ele espiou lá fora, tudo branco, exceto pela palmeirinha que estava lá fora.
-Traz aquela palmeira para cá! -pediu.
YoungJae ergueu os olhos e deu de cara com Jaebum o observando à porta. Se sentiu mal ao vê-lo, agradecia a preocupação, mas queria que ele tivesse ido embora.
-Jaebum? -chamou.
O nome soava estranho na sua boca, costumava chamá-lo com mais intimidade.
-Quer aquela palmeira? -perguntou franzindo a testa.
YoungJae assentiu.
Jaebum deu de ombros, saiu do quarto e voltou com a palmeira. Ele a colocou debaixo da TV. YoungJae finalmente sentia que podia respirar com mais leveza. Verde, marrom, vermelho tijolo do vaso. Pareciam cores lindas.
-Muito obrigado. -disse, com um suspiro. -Não sabe como é irritante essa falta de cor que tem nesse quarto.
Jaebum olhou em volta e riu.
-Realmente, não tem muita coisa aqui. - ele fechou a porta e se voltou para YoungJae. -Você está se sentindo melhor?
-Estou.
Jaebum parecia nervoso e desgrenhado. Seus cabelos não estavam penteados, suas bochechas estavam mais vermelhas que o normal, vestia uma camiseta verde e jeans. Ele não conseguia ficar parado, mexia o corpo para lá e para cá, como se estivesse num impasse consigo mesmo. Continuava bonito, pensou YoungJae.
-Quer me perguntar alguma coisa? -perguntou YoungJae, por fim. -Mais alguma novidade que eu não estava sabendo? Quem mais você pegou e não me disse?
Jaebum mostrou a mão espalmada, como quem diz: Agora não, por favor.
-Não é nada disso. -ele passou as mãos pelos cabelos e respirou fundo. -Vim pedir desculpas, de novo. E sugerir um acordo de paz.
YoungJae olhou seu comportamento ansioso; as mãos para trás, o suor se acumulando em gotículas na testa, a forma que mudava o peso de uma perna para outra.
-Eu te perdoei no dia que me contou. -disse YoungJae, encarando as próprias mãos. -Não tem oque perdoar mais. Você fez oque fez, não tem como desfazer. Mas, sobre esse acordo de paz... -ele olhou para Jaebum e franziu a testa. -Por que?
-Eu fui um monstro com você, assim como fui com o Mark. -ele deu dois passos para frente e hesitou. -Quero ficar em paz com você, não quero me meter na sua vida, mas quero que saiba que vou estar aqui se precisar conversar e... sabe, se não tiver com quem.
YoungJae achou estranho, mas estendeu a mão direita para ele, Jaebum apertou de leve.
-JaeBum, sabe por que não tenho raiva de você?
-Não.
-Porque você me fez muito feliz, por anos.
Jaebum franziu a testa.
-Mas...
-Jinyoung, quem quer que tenha sido. Aconteceu na sua vida. Eles nunca participaram na minha, entendeu? -YoungJae sentiu os olhos marejando, mas sorriu. -Você não foi um namorado ruim, Jaebum. Você me fez feliz, eu só me decepcionei com você quando me contaram oque tinha feito. Mas não posso chamá-lo de namorado ruim.
-Quando você ficou tão...
-Compreensível?
-Maduro. -completou Jaebum. -Tenho que ser sincero, eu não me perdoaria. Se eu fosse você, jogaria esse controle na minha cara.
YoungJae riu.
-Não. Eu te odiei assim que me contaram tudo, mas enquanto fui inocente, eu fui feliz. Prefiro me lembrar dos momentos bons e acreditar que eles foram reais.
-Eles foram, Jae. -eles soltaram as mãos e Jaebum se afastou um pouco. -Mark já trouxe o seu bolinho?
-Que bolinho?
-O que você pediu quando disse que tinham arrancado seus dedos.
YoungJae franziu a testa, não lembrava disso.
-Ele não trouxe nada! Cadê o meu bolinho?! -disse olhando ao redor. -Por favor, peça a ele.
Jaebum riu e balançou a cabeça. Então acenou e saiu do quarto. Logo depois Mark entrou.
YoungJae ao ver o amigo, sorriu, mas logo seus lábios foram desmanchando o sorriso, e os olhos encheram-se de lágrimas, e os músculos do rosto já não sabia mantê-los em pé. Não queria chorar, mas precisava. Tinha doido muito dizer tudo aquilo a Jaebum, perdoa-lo, dizer o nome da pessoa com quem ele tinha sido traído, apertar sua mão. Ele puxou o lençol e cobriu o rosto.
Mark correu para o seu lado e com delicadeza abraçou o amigo. Aquele dia não estava sendo fácil.
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Te vejo às 00:00| Hiatus | Markson ✶
FanfictionQuando felizmente a mensagem foi enviada no número errado.