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-Não saia de casa, não é o seu melhor momento. -repetiu Jinyoung, as palavras da mãe antes que ele fechasse a porta com força, estralando a Madeira. Agora ele já estava a três ruas ao norte da sua casa, uma distância consideravelmente boa, então era confiável começar a resmungar.
Ao virar mais uma esquina, no seu trajeto sem destino, Jinyoung começou a sentir as pernas doerem, estava em boa forma, mas não o suficiente para três longas ruas tortas. Estava entrando em mais uma rua vaga, nas outras ainda se via alguém conversando na calçada com alguém no carro, se despedindo antes de ir embora, ou fazendo caminhada a noite, voltando do trabalho. Mas nessa, especificamente, o único movimento era a lata de lixo pegando fogo próximo ao muro de um prédio de cinco andares, e próximo à ela um homem maltrapilho, aparentemente bêbado e inconsciente. Jinyoung passou por ele sem fazer barulho, e com passos rápidos, também atravessando a rua sem movimento mais à frente.
-Eu estou bem. -sussurrou, fazendo das palavras, névoa a sua frente. -Não quer acreditar, não acredite, mas eu estou bem.
Seus passos ecoaram solitários pela rua, vez ou outra ele ouvia o som de uma moto roncando o motor numa rua vizinha. Já chegava ao fim de mais uma rua quando levantou o rosto para ver qual seria a próxima em que se perderia, foi quando seus olhos grudaram em algo familiar. Havia uma rotatória desembocando quatro ruas, no meio dela haviam placas dizendo o nome de cada rua, e mais para o lado crescia uma arvorezinha de um metro ainda. Ele a reconhecia, aliás aquela árvore estava ali por causa dele, ele que fizera Jaebum e BamBam atravessarem a rua correndo e plantarem a semente na maior rapidez. Ele riu lembrando-se do dia, mas a medida que o riso foi acabando, os lábios foram ficando baixos e o peito cheio de tristeza. Jinyoung olhou para a direita e depois para a esquerda, suspirou e tomou uma decisão que suspeitava ser uma das mais ousadas e erradas da sua vida. Virou à direita e caminhou em linha reta para a casa dele.

-X-

  -Noivos?! -gritou BamBam ao telefone.
  Mark afastou o aparelho do ouvido, vendo Jackson sentado na cama de pernas cruzadas, fazer uma careta quando ouviu o grito.
  -É, noivos.
  -Yug, -chamou do outro lado e uma voz arrastada resmungou alguma coisa, provavelmente um "oi". -Eu vou ser tio.
  -Que? -a voz de Yugyeom também aumentou. Aquela aposta havia sido capricho de Jackson, que desafiou Mark a ligar para BamBam e dizer que estavam noivos, ou que oficialmente eram namorados, dependendo da ocasião. -Quem está grávida?
  -Ninguém, idiota, o Mark e o Jackson noivaram.
  -Mas já?!
  -Meninos! -gritou Mark bem no microfone do celular e ouviu um grito de susto do outro lado. -Ainda estamos aqui, certo? Ninguém engravidou Yugyeom, e licença que eu vou matar o Jackson.
  Deitado, Jackson rolou e colocou um travesseiro na frente dele, só com os olhinhos por cima. Mark não resistiria aquilo, eles dois sabiam, cederia assim que Jackson o tocasse. Sem querer, Mark deixou um sorriso escapar e logo apertou os lábios para parecer sério.
  -Sei como você quer matar ele. -maliciou BamBam e antes que Mark pudesse dizer que não era isso, ele desligou.

Mark jogou o celular na cama e olhou para Jackson encolhido com o travesseiro, o olhando como um bobo. Ele riu e sentiu o rosto queimando, Jackson tinha esse efeito estranho nele, que logo após a vergonha, sentia uma onda de calor pelo corpo. Ficou parado olhando para Jackson por um minuto. Agora podia dizer que o coração estava decidido? Ele acelerava por Jackson e Mark tinha vontade de gritar de tão apaixonado que estava. Talvez essa fosse a hora de responder a BamBam aquela pergunta; ele amava Jackson? Sentia-se mal em ter que se provar isso, mas a necessidade era maior, e saber se ele o amava também era bem importante. Ele devia o amar, já que até tinha aceitado o noivado/namoro. Mark olhou a aliança reluzindo na mão de Jackson e sorriu bobo, contornou a cama e tirou os sapatos antes de deitar ao lado dele. Estavam de lado na cama, deixando os pés para fora do colchão, mas pareciam confortáveis. Jackson ergueu a mão e tocou a bochecha de Mark, seus olhos estavam através do namorado, desfocados, em outro lugar. Seu carinho continuou até os lábios de Mark, que estavam esticados em um quase sorriso, e isso despertou Jackson.

Te vejo às 00:00| Hiatus | Markson  ✶Onde histórias criam vida. Descubra agora