Jackson não gostava da ideia de levar Mark até a casa do ex-namorado dele, aliás, Jinyoung havia o machucado de várias formas, psicológicas e físicas. Pensar isso o irritava muito, a ponto de que ele ficava com raiva de Mark por ainda se importar com alguém desse tipo, ele queria que Mark ficasse longe e aceitasse o amor que ele estava disposto a lhe dar, mas aparentemente tirar esse passado de Mark era como eliminar grande parte de todos os seus momentos, felizes e tristes. Jinyoung havia sido o ponto principal da vida de Mark por muitos anos, Jackson se sentia diminuto por isso, se perguntava como poderia competir com alguém que havia envolvido tanto os sentimentos de Mark, quando ele havia chegado do nada, de paraquedas, se arriscando em um romance que não era oficial e que nem sabia se iria durar. Jackson queria acreditar que havia apostado no certo e que no final ele ganharia o prêmio, que era o amor de Mark sem atropelos do passado, mas suas esperanças às vezes eram tão fracas que ele percebia que seu otimismo era puramente forçado.
Jackson apertou forte o volante, tentando esvair sua raiva em algo material, sem que precisasse falar com Mark sobre aquilo, sabia que iria machuca-lo se continuasse uma conversa dessa. Focou os olhos na pista, na placa reluzente do carro a sua frente, seguindo as instruções que Mark dizia, ou melhor, sussurrava. Parecia que falava de muito longe, quando a distância é tão grande que a sensação é que há apenas um fio de voz saindo da garganta. Jackson se esforçava para seguir o caminho, já que nunca estivera lá antes, os minutos até a casa de Jinyoung pareciam se estender e com isso o desconforto entre os dois.
Após algumas descidas, curvas e sinais vermelhos, eles conseguiram chegar na frente da casa de Jinyoung. Jackson parou o carro e viu Mark a encarar hesitante, não parecia mais determinado da forma de quando saíram de casa.
-Tudo bem? -perguntou Jackson, contraindo a vontade de influência-lo a desistir de ir. Ele pegou a mão de Mark, estava gelada e começava a suar. -Amor?
-Você vem comigo? -Mark perguntou ainda encarando a casa, apertando os dedos ao redor da mão de Jackson. -Não precisa ir se não quiser, só... -ele respirou fundo deixando uma nuvem pálida no seu rosto. -Ainda não me sinto confortável em entrar nessa casa de novo.
-Se quiser eu vou. -Jackson acariciou as costas da mão dele com o polegar, fazendo círculos com as pontas dos dedos.
-...Não. Não precisa. É melhor que ele ache que ninguém mais sabe disso. -Mark se virou para Jackson e tentou sorrir para o tranquilizar, se inclinou e o beijou rapidamente, soltando sua mão e saindo do carro.
Ao fechar a porta, Jackson se sentiu mais nervoso ainda, lá ele ia sozinho, sob duas camadas de casaco que Jackson o forçara a usar por causa do frio e nenhuma camada de proteção anti ex namorados loucos. Só oque lhe restava era esperar pacientemente dentro do carro, esperando que Mark saísse bem, ou que sentisse a necessidade de correr e o tirar de lá.-X- Mark -X-
Ao bater na porta, Mark já sentia o coração acelerado no peito. Sabia que Jackson encarava suas costas, e sabia que ele estava preocupado, mas agora que já estava ali não tinha como voltar. A porta se abriu mostrando a Sra. Park, ela parecia bem, não gritando como Jinyoung havia dito, ela até sorriu para Mark, dando-o a conclusão de que ela não sabia de nada.
-Mark! -disse sorridente. -Finalmente apareceu, pensei que você e o Jinyoung tinham terminado definitivamente. -ela abriu espaço e ele entrou um pouco envergonhado, sabia que havia sido o primeiro namorado que Jinyoung apresentou a mãe, e que a fé no namoro deles para ela no início foi muito fraca, mas havia crescido durante os anos, ela até o tratava como um filho, mas aparentemente Jinyoung não quisera tirar isso dela com a notícia do termino. -Por que só veio aqui depois de tanto tempo?
-Ajumma, eu não tenho muito tempo, eh... eu preciso falar com o Jinyoung. -disse se livrando das perguntas dela e entrando na casa conhecida até demais.
Ele subiu as escadas para o corredor, e foi para o último quarto que era o de Jinyoung, a porta estava fechada como sempre, e nenhum barulho vinha dela, aumentando sua preocupação. Mark girou a maçaneta sem esperar respostas as batidas. Quando entrou no quarto, a porta varreu uma grande quantidade de roupas que se encontravam no chão do quarto, aquilo estava completamente uma bagunça. Mark fechou a porta e foi pisando com cuidado entre os espaços livres do chão, até chegar na cama onde, sob cobertores estava a silhueta de Jinyoung. Ele com medo, tocou o ex-namorado, que pareceu se encher de tensão.
-Jinyoung, sou eu. -disse baixinho e o outro se virou devagar até ver o seu rosto, com os olhos inchados de chorar. Ele relaxou ao reconhecer o rosto de Mark e empurrou os cobertores para se sentar. -Por que está chorando? -ele se sentou na beira da cama, mantendo um espaço entre eles dois.
-Eu não sou louco Mark. -disse com as lágrimas já caindo pelas suas bochechas. -Eu... eu já procurei aquele remédio em todo canto, mas eu não encontro. -ele soluçou e passou as mãos nas maçãs do rosto para afastar as lágrimas. -Eu vi ela, Mark, minha irmã ela saiu daqui, eu vi. Se eu contar isso a minha mãe ela vai me dizer que eu sou louco, ela nega que eu tenho uma irmã, mas... se eu vi ela, ela existe!
Mark não sabia se sentia medo ou dor por aquilo, conhecendo a sequência dos fatos, Jinyoung iria se lembrar na manhã seguinte de algumas coisas e se sentir idiota e com raiva de si mesmo.
-Quanto tempo você não vai no psicólogo? -perguntou Mark já se levantando para procurar o remédio que sempre se encontrava no mesmo lugar e que Jinyoung nunca encontrava quando estava em crise.
-Não preciso daquele idiota. -resmungou ainda sentado na cama. -Ele me faz sentir mal. Não preciso de mais alguém para fazer isso para mim, você já faz isso sozinho.
Mark parou de mexer na gaveta ao ouvir isso, e se virou, Jinyoung estava mexendo nos botões do controle, pareceria alguém inocente se não fossem os olhos treinados de Mark para saber que aquilo era efeito do remédio, então ele já havia encontrado. Jinyoung sempre ficava mais devagar e agressivo com as palavras.
-Você tomou o remédio. -Mark suspirou e voltou a se sentar. -Por que me chamou então.
-Temos que conversar. -ele pegou um travesseiro e desajeitadamente o dobrou nas costas para de encostar e olhar Mark. -Você me trocou por aquele seu namorado loiro. Ok, eu... até que entendo. Você é muito bonito para ficar sozinho um segundo.
-Você... -Jinyoung ergueu o indicador pedindo para que não falasse.
-Mark, eu não presto, eu sei. -ele enxugou mais uma lágrima. -Eu te tratei muito mal. Você deve me odiar com todo o seu coração.
-Não.
-Me odeie. Eu só vou ficar bem quando eu tiver certeza que você vai querer ficar o mais longe possível de mim. -ele sorriu, nesse momento deus olhos já piscavam devagar por causa do remédio. -Eu sou louco, você sabe. Minha cabeça não funciona direito quando eu perco alguma coisa, qualquer coisa, eu perdi minha família, perdi minha irmã mais nova, perdi você... quanto menos coisa para perder eu tiver, vai ser melhor.
-Está dizendo isso hoje, amanhã vai completamente diferente. -Mark riu amargurado, queria acreditar que ele estava se arrependendo, mas sabia que isso era apenas o Jinyoung lá do fundo da sua mente que só aparecia vez ou outra.
-Vou, mas estou dizendo isso para você porque eu sei que não vou conseguir fazer isso sozinho. -disse devagar, com os olhos piscando pesados. -Então não me deixe ter você de volta, não se importe comigo.
-Eu não vou voltar, mesmo que não pedisse, mas não me importar com você? Eu não posso deixar de fazer isso. -Mark se odiou por estar dizendo a verdade, podia fingir que o odiava e sair de lá, mas mesmo assim, sabia que ele provavelmente não se lembraria graças ao efeito que o remédio já tinha. -Vá dormir Jinyoung. Você nem precisava de que eu viesse aqui.
-Me promete que vai me deixar para lá? -perguntou, subitamente sua mão alcançou a de Mark e o puxou até próximo do seu rosto. Tanto que Mark podia sentir seu hálito bater contra o seu rosto e via seus olhos escuros perfeitamente, apesar de se importar muito com ele, sua reação foi querer se afastar imediatamente, preocupação não eliminava as lembranças ruins que tinha das vezes que ele o encarou tão de perto daquela forma. Ouvir seus gritos tão altos que o faziam tremer de medo, ver seus olhos raivosos tão de perto a ponto de fazê-lo se encolher. Mark tentou o empurrar, mas Jinyoung o segurou. -Prometa, Mark.
-Você vai continuar me perturbando não importa se eu prometa ou não Jinyoung, eu já lhe prometi muitas coisas em momentos como esse, ainda bem que não se lembra. -Mark puxou seus braços com força, tirando-os das mãos dele. -Eu posso tentar, mas não vou prometer nada a você essa noite. -ele se levantou e passou as mãos nos cabelos. -Durma, amanhã você vai se sentir melhor.
-Vá, seu namorado está esperando você lá fora. -disse sonolento, Mark o olhou confuso e ele riu. -Eu olhei a janela.
-Ah. Ok. -Mark ficou o olhando adormecer, antes disso uma lágrima caiu dos olhos de Jinyoung, passando pelo nariz e caindo na cama. -Não chore. -Sussurrou Mark mesmo que ele não ouvisse. -Eu te odeio, e te amo, não chore ou eu choro junto. -seus olhos já marejavam quando ele deu a volta e saiu do quarto apressadamente.
Dando passos largos no corredor e pulando os degraus da escada, a Sra. Park o chamou quando ouviu seus passos na escada, mas Mark passou direto para a porta e de lá para o carro de Jackson. Ele entrou, fechou a porta e respirou fundo.
-Vamos indo. -disse colocando as mãos sobre os olhos, e tentando controlar a mistura de sentimentos que se acumulava no seu peito.
Quando o carro já estava andando, ele contou até dez e levantou o rosto, Jackson olhava preocupado entre a estrada e ele.
-Não se preocupe, está tudo bem. Ele dormiu.
-Amor... não deixa.
-O que? -Mark se sentou de lado para o olhar enquanto ele dirigia, seu coração ainda batia acelerado, e aparentemente não iria se acalmar tão rápido.
-Eu não quero te da mais problemas por hoje.
-Diga logo, quero acabar minha cota de problemas por hoje.
-JB, Jinyoung, eles já fizeram demais, apesar de eu nem saber oque o Jaebum fez, mas... vamos parar ali. -ele virou o volante e os levou para o estacionamento do parque.
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Te vejo às 00:00| Hiatus | Markson ✶
Hayran KurguQuando felizmente a mensagem foi enviada no número errado.