VII

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Camila Cabello P.O.V


O copo de vinho parecia estar endurecendo meus dedos, gelados demais, deixando-me sensível, mas pelo menos alheia com toda aquela conversa na minha frente. Aquela porra de conversa.


— Eu acho sim que você podia fazer essa viagem, querida. – A voz grossa do meu sogro irrita as minhas orelhas e endureço meu rosto ao ouvir sua proposta. De novo. Ele não se cansava.


— Agora não é o melhor momento, papai. Camila e eu precisamos passar mais tempo juntas, e isso vem nos trazendo bons resultados. Quero continuar tendo um casamento incrível. – Kiera estende a mão até a minha e aperta seus dedos nos meus, me dando aquele seu sorriso cortês. Ela sabia o estado de irritação que eu ficava com as piadas do seu pai.


O velho senhor Gold nada diz, somente bebe do seu whisky e olha para o rosto amistoso do meu padrasto, engatando uma conversa sobre aviões. E se bem conheço, capaz deles me envolverem. E eu não queria falar sobre meu trabalho. Incomodava demais.


— Eu vou lá na varanda tomar um ar. – Murmuro rente a orelha de Kiera.


— Quer que eu vá com você? – Seus olhos azuis estão atenciosos. E eles não são assim costumeiramente.


— Não precisa. Continue aqui. Eu já volto.


Me levanto do sofá e ajeito meu blazer, deixando a taça de vinho em um apoio e saindo da sala de estar dos Gold, sedenta por um tempo a sós comigo mesma, um tempo em que eu poderia fumar o meu cigarro e chorar internamente minhas mágoas.


Faz 1 semana que Lauren me largou.


Uma porra de semana que ela disse todas aquelas palavras no hotel, em Los Angeles, e eu sangrava por dentro, desesperada por ela. Aquela mulher me fez sua escrava. Mentalmente e fisicamente, eu estava à mercê dela, deixaria que ela fizesse o que quisesse comigo desde que ainda estivesse ali.


— Lauren, Lauren...


Seu nome sai em adoração de meus lábios. Minha reação era sempre a mesma, nunca me cansando disso, de todo esse vício absurdo. A fumaça do cigarro escapa dos meus lábios devagar, o gosto do cigarro ficando na ponta da minha língua, envolvendo-me naquela nuvem. Meu celular toca em meu bolso, me fazendo perder a atenção da fumaça e procurar atender, vendo para minha surpresa o nome de minha adorável e melhor amiga, Ally Brooke.


— A que devo a honra? – Atendo, ouvindo uma risada irônica vindo da outra linha. Trago mais um pouco.


— Olha se não é a comandante mais gostosa e desejada de Chicago. Bom falar com você, Camila.


— Bom te ouvir, Ally. Como foram as férias nas Bahamas? Pegou aquele bronzeado do verão? – A ironia pura em cada palavra dita, exceto a parte em ouvi-la. Realmente era bom.


— Não banque a irônica comigo, não funciona. Se você está dessa forma é porque algo te irritou ou saiu das suas rédeas, e se eu não estiver arriscando demais, o motivo envolve uma aeromoça morena e de olhos verdes? Acertei?

Comandante Cabello | IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora