Comandante Cabello | Intersexual

V

Os lábios de Lauren estavam cerrados e ela queria gritar de raiva, mas raiva era só um dos sentimentos que a invadia e ela estava no meio de dezenas de pessoas. Não podia surtar. O aeroporto de Los Angeles estava lotado como sempre, e a morena esperava a vinda de seus colegas de trabalho, Max e Sabrina, que iriam ficar no mesmo hotel. Camila ficaria no Four Seasons. Um dos hotéis mais luxuosos da cidade, e até mesmo do país, com a esposa. O estômago da aeromoça ficou revirado por um grande pedaço da viagem, a cada vez que se lembrava da voz calma e carinhosa de Camila com Kiera parecia que tinha comido algo estragado.

— Pegou suas malas?

A voz de Max interrompe os pensamentos de Lauren, que se vira para ver o rostinho fofo do copiloto e suas covinhas. Sabrina está logo atrás.

— Peguei sim. Podemos ir?

— Podemos! Vamos ficar no hotel de sempre, você se lembra dele, Laur? — Max parece animado, conversando e gesticulando enquanto carrega suas malas e as de Sabrina.

— Sim. É um bom hotel. — Os pensamentos de Lauren estavam voando, se lembrando de quando Camila foi na porta de seu quarto para chamá-la para jantar. Foi o primeiro encontro das duas e Lauren nunca se esqueceu do modo como Camila olhava e falava com ela.

Max chama um táxi e coloca toda as bagagens dentro do porta-malas, sendo um grande cavalheiro e abrindo a porta para as garotas. Uma coisa Lauren precisava admitir: Max e Sabrina eram muito mais divertidos e engraçados fora do trabalho. Eles faziam bastante piadas e riam todo o tempo, chegando a contagiar Lauren também. E era o que ela desejava, distrações e risos. Seus dias eram constantemente nublados e um sol não faria mal. A ida para o hotel foi um pouco devagar devido ao trânsito, mas eles chegaram quando o sol ainda brilhava forte e foram recebidos por sorrisos e palavras de cumprimento, todos do hotel pareciam familiarizados com Max e Sabrina.

— Quer um quarto separado, Lauren? Ou quer ficar junto comigo? — Sabrina pergunta, parada com uma chave dourada em mãos.

— Acho que... um separado talvez? — Lauren teme que Sabrina se irrite e apressada acrescenta: — Eu ando meio cansada e estou com alguns problemas. Preciso pensar.

Sabrina só confirma com a cabeça. Era Camila. Ela sabia. Era evidente no rosto de Lauren, somado a decepção, e a comissária sabia que a comandante havia feito algo. Mas era de se esperar de Camila, ela sempre foi assim.

— Tudo bem. Pode bater no meu quarto quando quiser, você vai pegar um ao lado do meu.

— Obrigada, Sabrina.

— Sem problemas.

Sabrina se vira e ruma para o interior do hotel, deixando Lauren sozinha já que Max conversava com um cara aleatório. A morena começa a andar de acordo com o que viu Sabrina ir e não tem dificuldade de achar seu quarto, que era o último do corredor. Era paz. Para Lauren, estar ali, sozinha e sem ninguém para lhe dizer o que fazer, julgando suas ações, era libertador. Ela estava evitando pensar em uma certa morena de olhos castanhos, que parecia querer o contrário, mandando mensagens e mais mensagens de questionamento. Como se ela não soubesse. Contrariando seu coração estúpido, Lauren pega o celular, deitada na cama de casal grande e fria, para poder ligar para Harry. Ela precisava da voz calma do amigo em seus ouvidos, mesmo que seja para dizer que havia lhe avisado. Harry atende depois de 3 toques.