VIII

10.3K 699 163
                                    


Lauren P.O.V


Olho para o rosto animado e ansioso da minha irmã sentada a minha frente, comentando sobre os trabalhos na faculdade. Às vezes eu pensava em entrar para a faculdade, fazer algo além de ser aeromoça, mas voar era algo que eu amava e não me via agora sem fazer isso.


— Você está indo bem, Tay. Sério. – Sorrio calorosa para minha irmã.


— Obrigada, Laur. Estar lá vem sendo uma das melhores coisas que rolou comigo. – Taylor era muito parecida com minha mãe, desde o rostinho cheinho e carinhoso e até mesmo a personalidade. Chris e eu éramos como nosso pai. Algo que no final foi um castigo para mim. Mike Jauregui conseguia ser um pai totalmente ausente.


— Eu sei.


Rio e como mais um dos biscoitos da minha mãe, sentindo o chocolate derreter na minha língua. Era bom estar em casa, ter uma folga do trabalho e colocar os pensamentos em ordem. Tudo vinha sendo insano e ter um sossego era ótimo. Ficar longe de Camila era ótimo, por assim dizer. A presença dela me deixava em um estado que não era bom, e eu preciso ser forte, resistir a todos os esforços do meu corpo de me entregar a ela.


— Lauren, você falou com Harry sobre aquele jantar? – Quem fala é mamãe, surgindo na cozinha, com cheiro de sabonete e os cabelos lavados. Linda. Sorrio ao vê-la.


— Falei, mamãe. Ele disse que pode sim, só você marcar. E o Lou disse o mesmo. – Minha mãe era muito próxima de meus dois amigos, tratava-os como filhos. Harry amava Dona Clara com todo seu coração e passou esse amor para Louis. Eles já vieram várias vezes passar o dia com minha mãe sem eu estar junto e eram considerados da família.


— Que ótimo. Sinto saudades do Hazz. – Quem fala é Taylor, focada em seu celular.


— Eu também, filha. Ele passa mais tempo comigo que você, Lauren Michelle. – Mamãe faz cara de tristeza e falsa repreensão e rio, levantando da cadeira e abraçando ela pelos ombros.


— Eu sou uma boa filha, Clara Jauregui. Só tenho um emprego de verdade, diferente do Harry. – Dou de ombros e ela ri. Harry e eu éramos como irmãos.


Abro a geladeira e pego uma lata de cerveja que estava ali, por motivos de Chris gostar de beber em suas folgas, e a abro, dando um gole e sentindo o lÍquido descer geladinho por minha garganta. Beber cerveja era definitivamente uma das coisas que mais me acalmava.


— Você ainda tem essa mania, Lauren? – Mamãe se senta para comer os biscoitos.


— Não é mania, mãe. Eu gosto.


Olho pela janela da cozinha enquanto bebo, sentindo toda aquela paz quando estava naquela casa. Eu tinha um compromisso importante na American hoje, um chamado do meu chefe, e sentia uma dorzinha no estômago. E se tivessem descoberto sobre meu caso com Camila? Não que fosse proibido funcionários ficarem com funcionários, mas no caso dela era diferente. Meu chefe era Stephen Gray, o padrasto de Camila. Há um tempo ele, o super investidor e dono de muitas indústrias de importação de eletrônicos, havia comprado algumas ações na American. Ele era meio que um promoter da companhia, e isso envolvia cuidar de muitas áreas dela.

Comandante Cabello | IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora