Comandante Cabello | Intersexual

XXV

Narrador P.O.V

Ele estava satisfeito. Muito.

Também, não havia como não estar. Ele estava prestes a fazer um negócio milionário e ainda livraria sua família de uma ameaça. Isso era um motivo para estar satisfeito.

O lugar escolhido pelo homem era bem discreto, não havia muitos clientes, portanto, era possível ter uma conversa franca sem maiores problemas. E problemas significam algum jornalista à espreita.

— Pontual como sempre. — Diz Gray ao ver Thomas Gold entrar no restaurante. Thomas não está usando um dos seus ternos, o que é surpreendente, e vem caminhando lentamente em direção a Stephen.

Esse era o momento aguardado por Stephen há dias. Ele esperara e guardara a informação para si, vendo sua enteada rosnar de ódio, querendo acabar com aquilo logo. Mas Stephen sabe o que faz, e o ideal era atrair Thomas para uma zona de conforto. Gold deveria achar que estava os amedrontando, quando na verdade era o contrário. A família Cabello-Gray era quem o abocanharia, e seria certeiro.

— Gray. — Cumprimenta Thomas, acenando com a cabeça e se sentando frente a frente com Stephen.

Thomas sempre foi um idiota arrogante. Não que Stephen não seja, mas o outro conseguia superá-lo. As coisas que ele teve que fazer pra agradar Thomas lhe faziam ranger de raiva. Como aquele maldito casamento entre Camila e Kiera.

O preço que pagamos por certas coisas.

— Thomas! — Exclama, estendo a mão. Essa que foi ignorada. — Que bom que encontrou o lugar rápido.

Thomas encara Stephen friamente.

— Não estou com tempo pra gracinhas, Gray. Quero saber o porque de ter me chamado aqui. — Direto ao ponto. Como ele previra.

— Parece que as boas maneiras se perderam, não é mesmo?— Debocha Gray.

— Assim como sua filha perdeu o juízo.

Rápido. Não faz nem dois minutos que eles estão conversando e Thomas já citou Camila. As coisas ficaram interessantes.

— Com certeza. Os jovens fazem cada coisa. Você que o diga, Thomas. Exemplo vivo. — Stephen dá um gole em seu whisky, agindo como se fosse mais um almoço normal.

— Não entendi, Gray. — O garçom se aproxima de Thomas, mas ele o dispensa com os dedos, indicando que não queria nada.

— Bem, nós sabemos como fazemos bobagem quando somos jovens. Camila, eu, você. É normal.

— Por que está falando de mim? Eu não sou um cafajeste como sua filha, Gray. — Stephen sempre fora bom em prever sinais nas outras pessoas. Conseguia notar quando alguém estava feliz, triste, com raiva, ele era bom em ler pessoas, e o que ele lia em Thomas agora era uma pontada de receio.

— Bem, entenda Thomas, todo mundo comete erros. Camila cometeu, eu não sou ignorante a esse ponto. Mas apontar o dedo pra minha filha, ameaçá-la, tramar contra ela e Lauren... Você é uma das últimas pessoas que poderia fazer isso, meu querido.

— É brincadeira, Gray? — Thomas ri, debochado. — Camila enganou Kiera, largou minha filha sem mais nem menos, humilhou a nossa família. Então eu posso apontar o dedo sim.

Então vamos lá. Ele está pedindo.

— Tem certeza? Porque eu acho que Julia Stevens e Ashley Stevens não acham isso.