Capítulo 7

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Mayla O'Brien

Duas semanas já se passaram desde que discuti com a Camila sobre o que rolou naquela casa e como ela se aproximou de mim. Confesso que sinto falta das loucuras dela, da amizade incrível dela e de algumas outras coisas, mas, ficar longe dela é a melhor escolha nesse momento, eu preciso digerir algumas informações que me foram dadas.

Nessas duas semanas ela não frequentou a faculdade, provavelmente porque a sua farsa de ser uma aluna como qualquer outra pessoa, já acabou, então não tem necessidade de frequentar aquele lugar.

— Boa noite seu Antônio. — Me despeço do dono da lanchonete e saio dali começando a andar rumo a minha casa, como em todos os outros dias.

A única diferença é que dessa vez eu comecei a sentir que tinha alguém me seguindo. Confesso ser uma das piores sensações existentes. Você alarga o passo e sente que quem quer que seja também está alargando os passos atrás de você. Pelo acontecido naquela madrugada ao sair da boate, eu tenho ficado muito mais cabreira com coisas desse tipo.

Respirei fundo e continuei andando enquanto cantarolava uma música qualquer pra tentar me distrair. Minha mente estava torcendo pra chegar em casa logo e essa sensação simplesmente sumir de mim. Senti uma mão grande segurar meu braço com força me fazendo soltar um grito e uma mão rapidamente tapou a minha boca.

— Não devia andar sozinha à essa hora. — Escutei aquela voz familiar, era o Justin e ao me virar e encarar seus olhos eu pude ter a certeza disso.

— Está louco? Me agarrar desse jeito na rua? — Disse irritada. O cara quase me mata do coração.

— Desculpa ai bebê. — Soltou uma risadinha sarcástica me fazendo revirar os olhos. — Só queria te avisar pra não andar desprevenida, muito menos essas horas da noite. — Encara meus olhos com os seus cor de mel.

— Bebê uma merda! — Odeio que me chamem assim.

— Não vai mesmo querer participar do assalto ao banco? — E você ainda pergunta?

— Quer mesmo falar disso no meio da rua? — Ele ficou quieto me encarando. — Não, eu não vou participar desse meio sujo de vocês. — O encarei mais uma vez antes de voltar a andar mas ele me impediu de fazer isso. — Me solta. — Puxei meu braço.

— Pensa bem, milhões e milhões na sua conta, tem certeza que não quer? — Continuou insistindo.

— Não! Eu não quero, prefiro trabalhar honestamente. — Olho ele. — Agora você pode me deixar em paz por favor?

— E por que eu deixaria?

— Por que eu quero? — Disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Essa sua marra seria uma boa em assaltos como o que estamos planejando. — Suas mãos rodearam a minha cintura apertando a mesma. Meu peito bateu em contato com o seu e nossas respirações ficaram próximas. Me remexi pra que conseguisse me soltar e quando eu fiz isso, ele me encarou sorrindo e eu só pensei em uma coisa: correr.

Depois de correr alguns quarteirões, finalmente cheguei no meu apartamento com a minha respiração ofegante e meus pensamentos em um milhão de coisas diferentes. Pelo visto esse povo não vai querer me deixar em paz enquanto eu não topar essa merda de assalto.

Meu celular começou a vibrar enquanto eu estava sentada no sofá da sala recuperando o meu fôlego. Eram mensagens e mais mensagens, uma atrás da outra. Ao olhar o visor do celular uma das mensagens me chamou a atenção, era da Camila e tocava em um assunto muito delicado pra mim.

"Encontrei uma pista que pode te levar até seus pais"

Meu coração ficou apertado. A vontade era de sair correndo e ir até a casa dela ver que pista era essa. Mas, depois do que eu vi, posso ter certeza que é uma armação dela com o Justin pra me atrair até lá. Jogo sujo mexer nos sentimentos dos outros assim.

Depois do fôlego recuperado, um banho gelado e um lanche rápido, eu estava pronta para deitar na minha cama e dormir perfeitamente até o dia seguinte. Mas, acordei no meio da madrugada com uns barulhos estranhos vindo da cozinha. Como uma medrosa nata que sou, senti meu coração acelerar em desespero. Me levantei em silêncio e segui rumo a cozinha com um puta medo tomando conta de mim. Ao entrar não vi ninguém, apenas a janela aberta e batendo com o vento.

Fechei a mesma e voltei para o quarto vendo meu celular tocar novamente anunciando mais uma mensagem. Peguei o mesmo e vi que era mais uma mensagem da Camila.

"Mayla acho que sei onde seus pais estão"

Respirei fundo e bloqueei a tela do celular o deixando ao meu lado assim que deitei novamente na cama. Eu não acho justo brincar com feridas do passado desta forma.
Mais uma vez meu celular apitou e dessa vez eu estava disposta a xingar a Camila de todos os nomes possíveis, mas era de um número desconhecido e não falava dos meus pais.

"Entrei e saí da sua casa fácil fácil"

Mesmo sem identificação eu já poderia imaginar de quem era aquela mensagem. Justin. O filho da puta entrou na minha casa na intenção de me coagir e isso está me deixando completamente irritada. Mais uma vez barulhos começaram a ser ouvidos por mim vindo da cozinha. Só que dessa vez, por saber quem era, eu levantei furiosa indo até lá quase cuspindo fogo.

— Gosta de joguinhos é? — Digo ao entrar na cozinha e o encontrar sentado em uma das cadeiras que rodeavam a mesa que estava ali.

— Joguinhos? Não! Isso não é comigo. — Sorriu. — Aceita logo participar do assalto que eu te deixo em paz.

— Por que querem tanto a minha participação nisso? Eu nunca fiz parte de nada disso. — Eu ainda estava furiosa.

— Porque fica mais fácil pra todos nós fugirmos. — Revirei os olhos. — Ninguém vai desconfiar de você. — Me encara de cima a baixo.

— Vai ter que achar outra pessoa. — Revirei os olhos. — Agora sai da minha casa. — Aponto em direção a porta.

— Se bem que isso aqui não pode ser chamado de casa. — Levanta rindo e anda em direção a porta.

— Como é? — O puxei pelo braço e dei um tapa no rosto dele que me olhou com fúria.

— Não deveria ter feito isso. — E como eu imaginei. Um soco acertou em cheio o meu rosto, o que me fez cambalear e cair sentada com o nariz sangrando. — Isso é pra você aprender vadia. — Saiu andando.

Minha cabeça doía, minha visão estava embaçada pelo soco que foi dado de forma certeira no meu nariz. O soco foi tão forte que cortou um pouco a parte de cima do meu nariz. Me levantei e caminhei até o meu quarto indo diretamente para o banheiro. Ao me olhar no espelho me assustei. Limpei meu nariz estancando o sangue, coloquei um pequeno curativo na parte de cima do meu nariz e me deitei.

Se a ideia dele era conseguir me fazer entrar na porra desse assalto, pode ter certeza que ele acabou de arruinar completamente tudo.

I fell in love with a criminal / Justin Bieber Onde histórias criam vida. Descubra agora