Capítulo 3

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Mayla O'Brien

Depois que cheguei em casa, eu não conseguia tirar da minha mente a imagem daquele homem me segurando. Só os deuses sabem o que teria acontecido comigo caso o cara que me salvou não tivesse chegado. Eu queria ao menos saber o seu nome, mas o cara insistia em não me dizer.

O único contato que tive com a minha amiga depois do que aconteceu, foi hoje de manhã, quando me dispus a mandar uma mensagem pra mesma pedindo que viesse até o meu apartamento para que pudéssemos conversar.

Eu estava deitada no sofá enquanto usava um moletom que me fazia brincar com a cordinha do capuz na esperança inútil de tirar os malditos pensamentos de mim.

Por um lado eu sentia ódio e por outro eu me culpava por simplesmente não ter tido a paciência de os procurar mais. Por que eu fui inventar de sair sozinha? Por que eu tive que sair sozinha?

— May cheguei! — Escutei a voz da minha amiga entrando no meu apartamento, com a chave que ela tinha. — Ei, por que está chorando? — Eu nem notei que mesmo tentando disfarçar as lágrimas insistiam em molhar a minha bochecha. — O que aconteceu?

— Eu quase fui estrupada! — Me sentei no sofá vendo-a se sentar ao meu lado.

— O que? Foi quando você saiu da boate? Por que não esperou todos nós? — Perguntava praticamente entrando em desespero.

— Eu não achei vocês e resolvi voltar andando, sozinha mesmo. — Respirei fundo limpando as lágrimas com o tecido do moletom. — Uns dois quarteirões depois da boate, um carro diminuiu a velocidade bem ao meu lado e quando eu cogitei a ideia de correr, o cara simplesmente saiu do carro e me agarrou. — Abaixei a cabeça encarando o carpete do chão. — Era um velho nojento que sorria enquanto tentava tirar o meu vestido.

— Meu Deus May. — Me puxou para um abraço. — E como você conseguiu fugir?

— Um homem que eu conheci na boate apareceu com outros caras e me tirou dali. — Respirei fundo me afastando do abraço.

— Me desculpa por ter me afastado de você Mayla. A culpa é minha. — Encarei seu rosto.

— A culpa não foi sua. — Segurei sua mão. — Eu que resolvi sair sozinha dali. — Acaricio o peito da sua mão.

— Mesmo assim, me perdoa.

— Não peça mais desculpas. — Me deitei no sofá apoiando a minha cabeça em suas pernas. — Já disse que a culpa não foi sua.

— E quem era o homem que te tirou de lá? — Seus dedos agora estavam no meu cabelo enquanto a mesma me fazia um belo cafuné.

— Não faço a mínima idea. — Fechei os olhos podendo tirar um pouco dos meus pensamentos toda aquela cena com o velho. — Eu acabei ficando com ele na boate e em momento algum ele me disse o nome dele.

— E ele chegou do nada? — Perguntou curiosa.

— Sim. Parecia que ele estava me observando antes mesmo de eu sair da boate. Foi estranho, mas estou até agora o agradecendo mentalmente por ter aparecido. — Respiro fundo me levantando. — Vamos dar uma esquecida nesse assunto — Coloco o capuz novamente na minha cabeça e torno a encarar a minha amiga. — Eu vi como você e a Lauren trocavam olhares ontem. — Puxo ela pro meu quarto. Nada melhor que aproveitar a presença dela para dar uma arrumada no cômodo.

— O que? — Indaga enquanto me ajudava pegando algumas roupas que estavam por ali. — Óbvio que a Lauren nunca me daria mole.

— Você é burra ou se faz? A garota faltou pouco avançar em você e te tacar um belo beijo. — Solto uma risada guardando algumas roupas no meu armário.

— Você é cheia de historinhas em. — Me ajuda a colocar as roupas no armário. — Se eu contar pra ela o que aconteceu contigo, ela endoida.

— Então não conta. — Digo e me deito na cama assim que termino as poucas coisas que tinham pra fazer. — Fica hoje aqui em casa? — Obviamente eu não queria ficar sozinha depois do que aconteceu.

— Claro. — Se deita ao meu lado na pequena cama de solteiro, mas que por algum motivo cabia nós duas perfeitamente bem. — Mas vamos assistir alguma coisa que preste, não seus filmes chatos de princesinhas.

— Ei! Esses são os melhores do universo! — Te dou uma leve cotovelada.

— Só nos seus sonhos. — Riu enquanto colocava algum filme qualquer que com certeza eu não assistiria se estivesse sozinha.

Para o meu enorme desprazer, Camila teve que ir pra casa. A mãe dela estava precisando da mesma e obviamente ele teve que ir. Agora estou sozinha em casa sem nada pra fazer, sem lugar nenhum pra ir e com medo de sair de casa pra andar pela rua. Certamente essa última opção eu não tenho nenhuma vontade de fazer.

Com a mesma roupa que eu estava, calcei minhas sandálias e saí de casa com meu cartão em mãos. Queria comer alguma coisa e pela hora, certamente não iria encontrar nada muito bom aberto. Pelo menos uma cafeteria que pudesse me vender um café digno.

Assim que encontrei uma simples cafeteria aberta, entrei na mesma vendo apenas algumas pessoas sentadas tomando seus devidos cafés para que pudessem se esquentar da mera noite fria. Pedi um café com caramelo e me encostei no balcão enquanto mexia no meu celular esperando meu pedido ficar pronto.

Senti alguém em pé bem atrás de mim e estranhei. O local que eu estava não era a fila e quem quer que fosse não precisava estar tão perto de mim. Guardei o celular no meu bolso e me virei dando de cara com o mesmo rapaz da balada e consequentemente o mesmo que me livrou das mãos nojentas daquele homem.

— Ah, oi. — Respiro aliviada por ser ele e não outro maníaco querendo alguma coisa comigo.

— Sozinha à essa hora? — Se recostou no balcão da mesma forma que eu estava antes.

— Precisava de um ar. Nada melhor do que andar pelas ruas e comprar um café. — Dei de ombros.

— Não acho uma boa ideia depois do que aconteceu com você de madrugada. — Ele me encarava de uma forma que me causava um certo desconforto.

— Não posso ficar presa dentro de casa, preciso seguir com a minha vida.

— Tome cuidado. — Foi a única coisa que ele disse antes de simplesmente se desencostar do balcão e sair daquela cafeteira. Devo me preocupar com uma leve perseguição? Não é coincidência, isso eu tenho certeza.

Voltei em passos bem mais rápidos dos que os que me fizeram chegar aqui. Terminei meu café somente já dentro do apartamento e depois de um banho quente, eu estava pronta para uma noite de sono, se é que eu conseguiria dormir.

I fell in love with a criminal / Justin Bieber Onde histórias criam vida. Descubra agora