Capítulo 8 - o que é beijar mesmo?

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Marine

Hoje é dois de agosto. Falta uma semana.

Uma semana.

O que é isso para uma garota que esperou dezesseis anos para ver o outro mundo?

Nada. Uma semana que nada significa.

Estou nervosa, como a minha tia deve ser agora? Ela deve ter uns quarenta anos, se ela tinha a minha idade naquela imagem.

Será que ela tem uma família? Será que gosta de ler, assim como eu? Ela está bem de saúde e, se não está, precisarei cuidar dela?

Eu não faço a mínima ideia de como ela seja.

Ela mora em Lywinn, um país que até pouco tempo era uma cidade da Inglaterra, segundo Daniel, meu tutor.

Somente isso eu sei sobre o novo país no qual eu irei viver.

Não diz mais nada sobre esse Lywinn nos meus livros didáticos.

Nem sobre os outros, aliás. Para falar a verdade, eu nem sei que roupas eu irei levar. Minha mãe diz que o clima é igual ao nosso, porém ela foi somente uma vez para lá, pois escolheu viver aqui antes mesmo de completar dezoito anos.

Ela diz que eu farei isso também, quando contei aos meus pais que queria ir passar um tempo com minha tia, que verei como o mundo lá fora é cruel e como as pessoas sofrem.

Não é isso que meus livros dizem.

Amor. Amizade. A alegria de ver alguém que faz alguns dias que não se vê. Ajudar um amigo que precisa de ajuda..

Ah, isso tem de sobra em meus livros. Como não querer ir para um lugar desses?

Meu pai não discorda, porém diz que o que tem lá nós temos aqui. Será?

Parece que nesse povoado as pessoas não sentem mais nada. Somente querem que seus filhos sigam as regras e comportem-se, eu nunca vi meus pais juntarem suas bocas. Como é o nome mesmo daquilo? Beijar. Ah é isso. Eu li um livro em que um homem e uma mulher faziam isso. Eu nunca vi alguém relmente fazê-lo.

Não sei se é certo pensar algo assim, mas eu acho que é exatamente esses tipos de experiência que eu quero saber: as coisas nas quais eu nunca presenciei. Como é beijar? O que acontece quando se beijar alguém? Espera, primeiramente, como se conjuga o verbo beijar?

Tomara que essa semana passe voando.

Enquanto não passa o tempo tento manter minha rotina.

Estudo, ajudo em casa, leio um livro, ando a cavalo pelos campos, paro e penso no futuro, depois leio novamente.

Estou repetindo minha vida, dia após dia e não estou aguentando nem um pouco.

No quarto dia, eu já estou irritada. Estou tendo aula com Daniel e ele está me tomando algumas perguntas sobre História Amish e Europeia. Minha mãe e meu pai estão na igreja para arrumar a minha festa de aniversário, a única que terei, para ser mais exata, pois nós não fazemos festas de aniversários, exceto na festa de dezesseis anos, que pode ser a nossa despedida.

_ Marine? Qual são as causas da Revolução industrial? - Dan me pergunta e eu não dou à mínima. - Marine! Você está bem? Faz um tempo em que você está distraída. O que está acontecendo?

_ Ah Dan... - quando vejo, eu estou chorando.

Vendo o meu nervosismo ele me abraça, coisa que só minha mãe - raramente - faz, me trazendo um grande conforto. Ele é o garoto mais legal que já conheci (um dos poucos garotos que conheci, na verdade), mas ao mesmo tempo é meu tutor!

Ele me pergunta novamente o que está havendo.

Resolvo contar. Mais do que contar para os meus pais, não vai acontecer.

Conto essa aflição que tenho em meu peito, o medo de não ter amigos nesse país, o medo de minha tia não gostar de mim, tudo o que eu queria falar para alguém, tudo. Falar para ele não vai mudar nada mesmo.

Quando sai de seus braços já era de noite. Eu já deveria estar em casa.

Mas então eu olho para Daniel. Ele está me olhando diferente.

Eu ainda estou perto dele, mas ele chega mais perto de mim. Acho que ele vai me abraçar novamente. Mas ele está perto de meu rosto.

Não acredito.

Ele vai juntar as nossas bocas! Ele vai beijar! Ai meu Deus!

Vamos terminar isso aqui. Junto meu rosto mais perto do seu. Algo esta pulando, acho que é meu coração, será que estou tendo um ataque cardíaco?

Beijar. É isso. Beijar. Esse é o nome.

Ele me abraça e eu também e ficamos com nossas bocas unidas. Está me dando uma falta de ar.

Acho que nele também, então ele se afasta um pouco de mim.

- Eu gosto demais de você pra querer te ver chorando - diz, me olhando profundamente. Espera, ele disse que gosta de mim? Sem perceber, sorrio para esse garoto lindo.

- Mas será que isso é certo? Você sempre foi especial para mim. Mas eu vou embora daqui alguns dias... - respondo com muito medo. De não ir e gostar dele. De ir e sentir saudades de um garoto que eu descobri também gostar hoje.

Isso é tão idiota! Como fui ver que gosto dele hoje, simplesmente hoje, do nada? Acho que nem sei o que é isso, na realidade. Mas será que eu não o gosto?

Ele percebe algo estranho em meus olhos.

- Eu simplesmente estou perdida. - digo, e então eu o beijar novamente.

E agora?

Agora nós dois só somos jovens e apaixonados, nada mais.

...

Nota da autora:

Eu num digo mais é nada! HIHIHI
Mentira, digo sim.

Shippam esse casal ou não? Qual seria o Shipp deles? Comentem.

Sim, quando eu escrevi beijar foi propositalmente.

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