28

156 19 11
                                    

Toco na campainha, de uma casa de madeira simples, mas bastante aconchegante, já que passei a maior parte de minha infância nesse local do que na minha própria casa.

Havia pegado um táxi, e ainda restavam um pouco de dinheiro, mas tinha que economizar até minha volta.

-Sofie? - pergunta minha avó, surpresa quando abre a porta e se depara comigo. - Minha filha, que bom lhe rever!

Largo minha bolsa no chão e abraço minha avó permitindo-me de chorar agora.

-Vamos, entre. E me conte tudo. - ela diz colocando sua pequena mão em minhas costas me guiando para o interior de sua casa.

****

-Então, isso tudo foi por causa de um garoto, Sofie? - ela pergunta, sentada em sua poltrona marrom que já estava gasta por causa do tempo, enquanto bebia uma xícara de chá.

-Basicamente.

-Se lembra quando você terminou com Cole? - ela pergunta em um tom doce e afirmo com a cabeça. - É uma dor horrível, mas um dia passa. Se esse garoto não acredita em você. Problema é dele! Você foi sincera e leal a ele. Se ele questiona essa lealdade, pra que ficar com ele? Será que ele vale mesmo o seu amor?

-Eu não sei. Eu sei que ele deveria acreditar em mim, mas e se fosse ele que eu tivesse encontrado na cama com outra? - pergunto refletindo sobre o assunto, com mais calma. - Eu também não o perdoaria sem evidências.

O telefone fixo da minha avó começa a tocar e isso me faz lembrar que eu não liguei o meu depois do pouso do avião. Corro para minha mochila, pegando no bolso da frente e ligo-o rapidamente.

Mãe 49 ligações perdidas.
Pai 37 ligações perdidas.
Lukas 54 ligações perdidas.
A lista ainda era enorme de ligações, mas parei quando vi o nome dele.
Shawn Mendes 23 ligações perdidas.

-Alô? - fala minha avó quando atende o telefone. -Kathy? Oi, minha filha. Calma... o que houve? ... Ah, Sofie? Ela está aqui... Quer falar com ela? ... Certo só um minuto. Sua mãe.

Caminho lentamente até o telefone e coloco-o no ouvido relutante, esperando pelo pior.

-Mã... - começo, mas ela me interrompe rapidamente.

-VOCÊ ESTÁ LOUCA? ME DIZ! QUE EU QUERO SABER. EU LIGUEI PRA TODOS OS SEUS AMIGOS, PARA TODOS OS FAMILIARES E SEU IRMÃO E PAI FORAM PARA NA DELEGACIA! VOCÊ QUER ME MATAR ME DIZ?

-Mãe...

-OLHE SOFIE SE VOCÊ FIZER ISSO MAIS UMA VEZ EU JURO QUE TE MATO.

-Mãe, eu só vim ver vovó. Eu queria falar com ela pessoalmente, mas eu estava cheia e me desculpa sei que foi irresponsabilidade minha...

-VOCÊ FOI IRRESPONSÁVEL, IMATURA, TUDO DE RUIM VOCÊ FOI QUANDO PENSOU EM VIAJAR PARA O OUTRO LADO DO PAÍS!

-Eu sei. Mil desculpas mãe. Mas eu precisava parar tudo. Eu juro que não vai acontecer nunca mais.

-Hm. Tô mais calma, mas mesmo assim. Você vai voltar agora! - ela fala, agora sem gritar mais, porém estava ofegante por tanto gritar.

-Mãe eu já comprei a passagem de volta. Só vou voltar semana que vem. - respondo esperando outro ataque de raiva dela.

-E perder as aulas? Nem lascando.

-Deixa que eu falo com ela agora. - diz minha avó pegando o telefone de minha mão e colocando no seu ouvido.

Vou até a varanda e vejo como já está ficando de noite e o trânsito está ficando mais intenso. Começo a refletir sobre o que minha avó disse
"Será que ele vale mesmo o seu amor?"
Será?

A mudança Onde histórias criam vida. Descubra agora