Capítulo 9 - Anabela

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O treino começou da melhor maneira, consegui rapidamente aperceber-me da altura perfeita para a Rita rematar a bola. E como ela saltava. A habilidade técnica dela é sem dúvida indiscutível, conseguia colocar a bola perfeitamente onde queria. Não faltará muito para ela tornar-se titular na equipa. Apenas tem que se sentir confortável com as tácticas.

"Vamos, não há tempo para descansar. Mais uma bola." Tentei incentivá-la enquanto previ que ela já estivesse cansada.

"Só mais um segundo e eu recupero. Esqueces-te que enquanto estás aí parada a passar, não estás constantemente a saltar. Estou com as pernas cansadas."

Ao ouvir o comentário, olhei automaticamente para as pernas dela. Bem torneadas, morenas e sem dúvida perfeitas. Uma dor na cabeça fez me acordar desses pensamentos. "Mas que raio."

"Desculpa, não reparei que estavas distraída. Só atirei a bola como ordenas-te, desculpa. Estás bem?"

"Sim estou, deixa-me." Não sei como este comentário saíu tão rude, mas estava mais chateada comigo própria por ter-me distraído com as pernas dela. Parecia instinto animal. Isto não é normal. Devo estar carente outra vez. Mentalizei-me em telefonar à Sofia hoje para saber se estará livre para este fim-de-semana.

O treino acabou. Teríamos a tarde para fazer trabalho de ginásio. Ainda bem, esta parceria a dois poderia ser perigosa.

"Estou, Sofia. Este fim-de-semana estás livre?"

"Desculpa linda, mas vou em viagem de trabalho para Madrid, volto apenas no Domingo."

"Oh não me digas uma coisa dessas."

"Mas se quiseres posso passar hoje na tua casa. Sei que não gostas que nos encontremos em dias de treino, mas se fazes tanta questão em ver-me."

"Sim, por favor. Vem ter comigo."

"Claro linda. Quando se trata de receber prazer de uma gata como tu, nunca tenho oportunidade de recusar."

"Vemo-nos mais logo. Adeus."

Desligo o telemóvel e assusto-me ao ver um vulto atrás de mim. "Então? Sinto que estás estranha hoje. Exageraste no ginásio, não me lembro da última vez que tinhas corrido tanto assim na passadeira. Foi cerca de 1h."

"Precisava de libertar um pouco de energia. Qual é o problema?"

"Nenhum, mais ainda combinares algo com a Sofia durante a semana, é muito estranho. Gostas sempre de dormir sozinha de forma a estares com energia para o treino do dia seguinte."

"Ela não vai estar disponível este fim-de-semana, e preciso de resolver umas coisas com ela antes de ir."

"Resolver umas coisas. Estou a ver. Se fosse acabarem essa relação doentia."

"Não é uma relação doentia, apenas ambas as partes gostam de ter sexo consentido e sem compromissos. Aliás, pensei que acreditasses em relações poliamorosas."

"Claro que acredito, mas sei que esse não é o teu caso. Apenas tens medo em ficar sozinha e finalmente procurares alguém que te satisfaça, não só sexualmente, mas emocionalmente. Não há problema nenhum em abrires a tua vida para alguém e deixares as tuas preocupações sejam resolvidas a duas."

"Estou bem por enquanto, basta-me abrir as pernas para algúem, o coração fica para mais tarde. Quando tiver tempo para pensar nessas coisas."

"Acho que estás a perder oportunidades. Mas amiga, desde que estejas feliz. Por mim podes estar com quem quiseres."

"Olha quem fala. Já tomas-te a coragem de falar com esse teu novo interesse e convidá-la para sair."

"Se queres saber, sim. Está tudo combinado, vamos jantar na sexta-feira." Fiquei pasmada. "Eu sei que achas que eu nunca tenho coragem para estas coisas. Mas sou uma mulher mudada. Quando queres muito ser feliz, acabas por fazer coisas inesperadas. Devias experimentar." Deixei-a picar-me enquanto arrumava a mala para ir para casa.

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