Assim que chegámos ao quarto e pousamos as malas virei-me para a Rita, que entretanto tinha escolhido a cama sob a janela.
"Só temos o treino para nos ambientarmos logo à noite, que me dizes de irmos passear um pouco pela praia?"
"Está bem." Respondeu-me com um ar apreensivo.
Arrumamos as nossas coisas de praia, vestimos os fatos-de-banho, e apanhámos um taxi que nos deixou na praia. Estava calma, com algumas pessoas a passearem os seus cães, acabámos por estender as toalhas e tirámos a roupa para aproveitar o calor que se sentia.
Não consegui desviar o olhar do corpo dela, à medida que tirava cada peça de roupa, os abdominais perfeitos, as pernas longas, o rabo definido. Engoli a seco assim que reparei que ela estava a olhar na minha direcção.
"Vamos dar uma volta, quero muito apanhar búzios."
Arranjámos um saco para cada uma e fomos apanhando búzios pelo caminho. "Agora temos tempo para terminarmos aquela conversa que tivemos, quando a Joana torceu o pé." Disse-me sem qualquer rodeio. À minha falta de resposta, ela prossegue: "Não penses que eu sou cega, ou que tu não deixas transparecer o que sentes, mas é nítido o teu interesse em mim. Eu reparo quando o teu olhar percorre o meu corpo e os teus olhos enchem-se de fogo".
Agarrei outro búzio da areia, continuando o meu silêncio.
"Tu sabes que eu sinto o mesmo, naquele dia, na casa-de-banho, quando nos beijámos, eu senti uma conexão forte entre nós." Continuou.
"Se tentares com a Joana se calhar hás-de sentir o mesmo e finalmente aperceberes-te que ela é melhor pessoa do que eu."
"Eu sei que ela é melhor do que tu. Não duvido disso." Neste momento paro e olho para ela à espera que continuasse com o que estava a dizer. "Ela faz-me sorrir todos os dias, percebe sempre quando preciso de espaço, é uma excelente companheira para a vida, e sobretudo, sabe o que sente por mim e aje com esse impulso, mesmo correndo o risco de que se possa magoar."
"Então tens aí a resposta."
"Tu sabes que não é simples quanto isso, não se escolhe por quem temos atracção."
"E não sentes atração por ela?"
"Sinceramente, acho que nunca senti." Neste momento fiquei chateada com a Rita por estar a enganar a minha amiga.
"Então porque aceitaste estar com ela?"
"Eu não aceitei nada, nem nunca a enganei. A nossa condição foi tentarmos ser amigas, e ver o que acontecia apartir daí. Nunca lhe dei esperanças erradas, sempre disse o que sentia no momento. É fácil estar com ela, ela percebe, não te julga." Fez uma pausa e olhou-me nos olhos, como se quisesse obter uma reacção minha sobre o que ela estava a dizer. "Não é ela que mexe comigo."
Neste momento, jogou o saco dos búzios para a areia, e foi a correr para a água, dando um mergulho no mesmo instante. Sentei-me na areia a pensar no que ela tinha dito, enquanto ela divertia-se com as ondas do mar. Eu sei o que ela está a dizer, sempre foi fácil para mim estar em relações sem compromissos, como tenho com a Sofia. Não há julgamentos e há acima de tudo sinceridade, mas nunca nenhuma delas mexeu comigo como a Tatiana o fez. Olho novamente para a pessoa que estava à minha frente a brincar com as ondas. Nem como ela mexe comigo.
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Um Toque de Voleibol
Ficción GeneralAnabela encontra-se no auge da sua carreira desportiva. Capitã de voleibol pela equipa Nacional de Chaves há quase 6 anos, encontra-se focada e determinada em conseguir vencer o único título que lhe falta, o de campeã nacional. Tudo começa a correr...