Capítulo 30 - Rita

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Acordei e senti um vazio, olhei em volta e não vi a Anabela. Será que se arrependeu do que aconteceu entre nós esta noite? Antes que eu pudesse divagar mais sobre esse assunto oiço a porta do quarto a abrir-se. Era a Anabela, estava suada, devia ter ido correr.

"Bom dia." Disse ela olhando para o chão.

"Bom dia, foste correr cedo."

"Sim acordei cedo, e como não te queria acordar, fui correr um pouco."

Levantei-me, enrolada no lençol. Não sabia o que ia acontecer daqui para a frente. Mesmo com receio que ela me rejeita-se, avancei em direção a ela. Surpreendi-me quando ela agarrou-me pela cintura, aproximando os nossos corpos e unindo as nossas bocas. Disse-lhe por entre os lábios.

"Bom dia. Deixaste-me exausta ontem à noite." Senti ela a estremecer nos meus braços.

"Deve ter sido do jogo que tivemos."

"Penso que foi mais a comemoração da vitória que me deixou assim." Disse-lhe à medida que as minhas mãos começavam a explorar o corpo dela.

"Estou bastante suada. Tenho que ir tomar um banho antes que percamos o avião."

"Então é melhor despacharmo-nos." Assim que ela percebeu o que lhe estava a dizer, já eu tinha largado o lençol que me cobria e andava para a casa-de-banho. Senti que ela olhava para o meu corpo assim que senti um suspiro atrás de mim.

Assim que ela tirou a sua roupa,  entrámos na banheira, e envolvemo-nos novamente enquanto a água quente caía pelos nossos corpos. Não pudémos alongar muito tempo no banho pois ainda tinhamos que apanhar o avião para casa. No restaurante, encontrámos parte da equipa ainda a tomar o pequeno-almoço e decidimos juntar-nos a elas. Estavam felizes por mais uma vitória no jogo de ontem. Nem notaram os olhares provocadores que eu e a Anabela lançavamos uma à outra, relembrando tudo o que tinha acontecido.

Acabamos por não conseguir ir juntas no avião, mas a viagem foi mais calma, senti-me mais à vontade na viagem. Apenas conseguimos voltar a falar sobre o que aconteceu a caminho de casa.

"Finalmente conseguimos ter tempo a sós." Pousei a mão na perna dela, enquanto conduzia.

"Tentei trocar de lugar com a Rute, mas ela fez questão de ir ao teu lado."

"Sim, ela queria muito mostrar-me as fotos do filho dela."

"É incrível como, mesmo sendo mãe tão cedo, nunca desistiu do seu sonho de poder jogar voleibol a alto nível."

"Já não falta muito para chegarmos a casa. Achas que podemos falar?"

"Sim, precisamos ter uma conversa longa sobre o que aconteceu, e está a acontecer entre nós. Mas primeiro, vamos ver como a Joana está, estou preocupada por tê-la deixado ficar lá em casa sozinha."

"Preocupas-te muito com ela. Ela contou-me como a acolheste após a morte da mulher." Vi o quão calada ela ficou por instantes.

"Ela não merece sofrer, é uma pessoa pura, que merece tudo. Dava a minha vida por ela. Por isso, que isto de nós as duas... Não sei como ela há-de reagir. Se calhar é melhor..."

"Não digas novamente que eu tenho que ficar com ela."

Ela pousou a mão em cima da minha, assegurando-me que não era isso. "Não, isso não seria o correcto. Apenas acho melhor darmos a notícia assim que soubermos melhor sobre o que temos."

"Mas isso significa que teremos que andar às escondidas."

"Eu sei, mas havemos de arranjar uma maneira." Assim que parámos na casa dela, a Joana veio-nos receber à porta, ainda de muletas.

"Nem sabem as saudades que eu tinha vossas. Estava aqui em casa a desesperar." Disse enquanto nós davamos um abraço em grupo.

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