Dói-me tanto a cabeça. Sinto-a andar à roda. Abro lentamente os olhos e deparo-me com um lugar estranho. Este não é o meu quarto. Onde estou? O que aconteceu? Já é de manhã. Sinto-me confusa.
Tento recordar-me do que se passou, mas a última coisa que vem à cabeça é a festa de ontem e de beber shots com a Sofia. Espera, no corpo da Sofia. Está explicado porque fiquei tão bêbada. Mas não me recordo em como vim aqui parar, muito menos que quarto é este. Será que fui para a casa da Sofia? Derá que aconteceu alguma coisa?
De repente oiço alguém a abrir a porta do quarto, mas está escuro, o que apenas me permite ver uma silueta bem definida.
"Sofia?" Pergunto num susurro, mas ainda sento a cabeça a latejar.
"A Sofia teve que ir ontem mais cedo para casa, porque estava bastante bêbada."
Ainda sem reconhecer a voz, apesar de parecer familiar, pergunto: "E eu? Onde estou?"
"Estás no meu quarto. Estavas demasiado apagada para conseguir ir sozinha para casa ontem à noite. E como não sabia onde moravas, acabei por te trazer para aqui. Não te preocupes que eu dormi no sofá."
"Ah deves ser a dona da casa. Aii que vergonha. Ainda por cima não fomos formalmente apresentadas e acabei por dormir aqui no teu quarto. Não sei o que dizer. Desculpa."
"Quanto ao teres ficado cá a dormir, não tem problema algum. Mas para a próxima aconselho a moderares no alcool. Isso pode ser o gatilho para acabar a tua vida de desportista. E quanto à outra questão, se queres mesmo uma apresentação mais formal. Chamo-me Anabela."
Assim que oiço o nome dela, levanto-me abrutamente e sento-me na cama. Devia ter ouvido mal... Tento abrir bem os olhos e reparo que é mesmo a Anabela ali parada na porta do quarto. Como assim? Impossível. "A Joana não me tinha dito que eras tu."
"E como é que estás?"
"Um pouco zonza e com dores de cabeça."
"Então não saias daí, vou buscar-te um comprimido e um copo com água."
E saíu pela porta deixando-me nos meus pensamentos. Mas como é possível que me tenha escapado o facto de que a salvadora da Joana era a Anabela. E eu a pensar que ela nunca se importava com os outros.
Momentos passaram até que ela voltou ao quarto. Trazia na mão uma bandeja com pequeno almoço. "Obrigada, mas bastava um copo com água. E já me ia embora. Não quero abuzar mais da minha estada."
"Precisas de comer, ainda deves ter apenas alcool no estômago. Aqui tens."
Levantei-me e encontei-me à cabeceira da cama, ainda me sentia um pouco zonza, mas ela ajudou-me e colocou-me a bandeja na cama. Uma sandes de queijo, sumo de laranja e um café bem forte.
"Não sabia como gostavas do café por isso trouxe apenas Americano."
"Está perfeito. Não sei como te agradecer."
"Não tens que agradecer, vê isto como um pedido de desculpas por te ter respondido mal nos últimos dias."
"És assim com qualquer pessoa ou só comigo."
Reparei no olhar reflectivo dela mas sem nunca responder à minha pergunta. Será que tenho razão e apenas ela não gosta de mim. Acabei por comer rapidamente o pequeno-almoço. Estava cansada e só queria sair dali.
"Obrigada por tudo, mas vou ter que ir para casa. Estou muito cansada. Vemo-nos no treino na Segunda."
Aprecei-me a calçar os sapatos e saí rapidamente do quarto. Deixando-a para trás. Ao descer as escadas encontrei a Joana na sala.
"Bom dia dorminhoca. Ontem não aguentas-te muito bem o alcool. Mas olha que continuas tão gira quanto ontem." Disse ela em tom de gozo. Devo estar com a maquilhagem toda borrada e com a cara inchada.
"Não gozes vá. Devo estar um monstro."
"Um monstrinho adorável. Ao menos dormiste bem?"
"Sim, não me lembro praticamente de nada desde ontem. Nem sei como cheguei à cama."
"Não te preocupes, a cavaleira de serviço ajudou-te com tudo."
"Mas a cavaleira pelos vistos tem duas personalidades, porque ora ajuda, ora é bruta para comigo."
"Humm isso é muito estranho, até pensei que vocês fossem dar-se bem uma com a outra."
"Não me parece que isso vá acontecer. Mas obrigada por tudo. Vemo-nos depois de amanhã. Bom fim de semana."
"Para ti também Rita."
E saí pela porta de entrada, desejando chegar a casa.
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Um Toque de Voleibol
Fiksi UmumAnabela encontra-se no auge da sua carreira desportiva. Capitã de voleibol pela equipa Nacional de Chaves há quase 6 anos, encontra-se focada e determinada em conseguir vencer o único título que lhe falta, o de campeã nacional. Tudo começa a correr...