Estava exausta quando cheguei a casa, não fisicamente, mas psicologicamente. Estava desgastada desta semana. Quando cheguei a casa, a Joana já dormia no sofá, enquanto a Sofia estava agarrada ao telemóvel. Assim que me vê entrar pela porta, levanta-se e faz-me segui-la até ao quarto.
Assim que entrámos, ela fecha a porta atrás de mim e empurra-me em direcção da cama, tenta-me beijar mas não consigo corresponder. A minha cabeça estava a mil, e o corpo não conseguia reagir a nenhum estimulo.
"O que se passa bebé? Nunca te vi assim."
"Desculpa Sofia, é que estou exausta, foi uma semana longa. É melhor irmos dormir."
"Alguma coisa se passa, tem a haver com a Rita não é?"
"Como assim, nada disso. Ela está com a Joana."
"Sim, mas eu não sou parva. Vi os olhares entre vocês as duas. Alguma coisa aconteceu."
"Nada aconteceu, foi tudo impressão tua. Vamos dormir."
"Ok. Mas deixa-me dizer uma coisa primeiro. Se é ela que queres, não podem andar a brincar com a Joana."
"Ninguém está a brincar com ela." E acabámos a conversa ali.
Quando acordei no dia seguinte, a Sofia já tinha ido embora. Levantei-me preguiçosamente e vi que a Joana ainda estava a dormir na sala. Agarrei numa manta e coloquei por cima dela. De todas as pessoas, ela não merece ser magoada. Pensei na conversa da Sofia e decidi falar com a Rita para saber o que ela realmente sente pela Joana.
Chegou Segunda-feira, o treino voltou a ser fisicamente exaustivo. Temos jogo novamente no Sábado, e vamos ter que passar o fim-de-semana ao Algarve. "Espero que esteja muito bom tempo, já arrumei na mala o fato-de-banho, não se esqueçam dos vossos bikinis para irmos à praia." Disse a Joana para mim e para a Rita.
"Porque é que te vejo mais entusiasmada por passear, do que concentrada nos jogos. Que má profissional." Comentei.
"Há que fazer limonada com todos os limões que te oferecem." Disse a sorrir.
O único dia em que consegui um momento a sós com a Rita foi na Quinta-feira, na véspera de irmos para o Algarve. Tivemos as duas uma pausa no treino para recuperar energias. A treinadora estava muito a puxar por nós as duas.
"Rita, preciso falar contigo."
"Agora queres falar alguma coisa." Disse, meia a brincar.
"Sim, é sobre a Joana."
"O que tem a Joana?"
"Só não a quero ver magoada."
"Mas achas que vou magoá-la?"
"Não sei, preciso saber o que tu sentes."
"Quando descobrires o que sentes, se calhar hás-de perceber o que eu sinto. E aí terás a resposta." Fiquei calada a reflectir as palavras dela, não consegui perceber se ela estava a falar da Joana, ou simplesmente a falar de nós as duas. Estava confusa. Mas antes que pudesse perguntar pela verdade, ouvimos berros de dentro do campo. Olhámos as duas ao mesmo tempo, até percebermos que a Joana estava deitada no chão a controcer-se de dor.
A minha primeira reacção foi correr até ela, angustiada, sem saber o que fazer.
"O que aconteceu?" Perguntei à treinadora.
"Torceu o pé, já chamá-mos o médico de serviço." Parámos assim que ouvimos um novo berro de dor da Joana "Aiiii".
"Isto já passa, é só uma dor momentânea." Disse. Aliviada por saber que tinha sido apenas um entorce.
"Pois, mas dói. Estava a saltar para treinar os remates quando sem querer piso uma bola que estava no chão e acabei por cair."
"Não te preocupes, o médico já aí vem."
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Um Toque de Voleibol
General FictionAnabela encontra-se no auge da sua carreira desportiva. Capitã de voleibol pela equipa Nacional de Chaves há quase 6 anos, encontra-se focada e determinada em conseguir vencer o único título que lhe falta, o de campeã nacional. Tudo começa a correr...