Assim que vi a Rita sair porta fora, a Sofia puxou-me rapidamente para o quarto.
"Agora vais explicar o que é que se passa. E não vale a pena mentires. Eu vi o olhar atrapalhado entre vocês as duas."
"Não foi nada Sofia. Só não estava à espera de encontrá-la cá em casa."
"Não mintas. Ficaste preocupada assim que a viste abraçada à Joana. Por momentos vi um ligeiro ciúme no teu olhar."
"Não tenho como te esconder nada. Não é?"
"Exacto. E a Joana só não reparou no que se estava a passar porque provavelmente nunca iria imaginar que a sua heroína, que tudo fez por ela, lhe fosse roubar a namorada."
"Elas não são namoradas." Respondi de forma um pouco ríspida.
"Estou a ver esse ciúme a voltar. Mas conta-me, vocês já estiveram juntas?"
"Somos da mesma equipa, claro que..."
"Tu percebeste." Cortou-me a Sofia. "Mas já tenho a minha resposta. Ela é assim tão boa na cama como parece?"
"Sofia!" Gritei-lhe sem me preocupar que a Joana ouvisse o meu grito.
"Não te preocupes bebé, basta-me saber que estás bem alimentada sem mim. Isso quer dizer que também temos que acabar com os nossos encontros escaldantes?" Abanei afirmativamente com a cabeça. "Que pena, mas pensando bem. Se algum dia vocês gatas quiserem alguma coisa a três. Havemos de nos divertir bastante." Disse-me à medida que saía descontraidamente do quarto. Deixando-me sem qualquer oportunidade de resposta.
A semana foi cheia de nervosismos. Por um lado porque nunca mais tive oportunidade de falar a sós com a Rita, e já estava a sentir a falta dela na minha vida. Por outro, estava preocupada com o jogo de Sábado. Ainda bem que jogamos em casa. Se algo acontecer posso sempre agarrar na minha mota e apressar-me até casa.
O fatídico dia chegou. Não deixei de sorrir assim que a Rita entrou no carro. Mas não podia cumprimenta-la porque a Joana também ia ver o jogo. Estava desejando beijar novamente aqueles lábios doces.
Assim que entramos no pavilhão, a outra equipa já estava a aquecer. Assim que me viu, a Tatiana cruzou olhares comigo, mas desviei a cara. O jogo começou rapidamente, mas mesmo assim sentia que o jogo nunca mais teria fim. Queria despachar o quanto antes o facto de estar tão próxima da Tatiana.
E a tensão entre nós que se fazia sentir era mais que evidente, devido à minha posição em campo, tinha como função blocar cada remate da Tatiana. O que se tornou uma competição entre nós. Ela tentando desviar-se do bloco e eu tentando cobrir o máximo que conseguia. Só que uma das vezes tudo correu mal, ela acabou por rematar contra a minha cara, por pura distração minha. Não tive como evitar em começar a implicar com ela. Toda a equipa veio agarrar-me e o árbitro expulsou-me do campo.
"Tu estás demasiado alterada. Descansa que a equipa consegue lidar com tudo." Tentou reconfortar-me a treinadora. Mas obviamente ela não era a melhor pessoa para falar comigo naquele momento.
"Deixa-me em paz. Só não reclamo porque acima de tudo és a minha treinadora. Porque se não fosses, não estarias aqui." Disse isto e fui para o balneário. Não queria ver ninguém. Apenas precisava de um duche bem frio para poder esquecer tudo.
Estava perdida nos meus pensamentos, a sentir a água fria a acalmar-me, quando sinto uma mão a afagar-me os cabelos. Viro-me assustada e relaxo ao ver que era a Rita ali, ainda com o equipamento vestido. A minha primeira reação foi abraça-la, mesmo eu estando sem roupa e sabendo que ia molhar o equipamento dela. Precisava daquela conforto que ela estava a transmitir.
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Um Toque de Voleibol
Fiction généraleAnabela encontra-se no auge da sua carreira desportiva. Capitã de voleibol pela equipa Nacional de Chaves há quase 6 anos, encontra-se focada e determinada em conseguir vencer o único título que lhe falta, o de campeã nacional. Tudo começa a correr...