Capítulo 11 - Anabela

84 3 0
                                    

Estava num sono leve, quando acordei com a porta da garagem abrir, a Joana deve ter chegado. Será que o jantar correu bem. Gostava muito que a minha amiga avançasse e finalmente pudesse envolver-se de novo alguém.

Oiço-a abrir a porta e apresso-me para intercepta-la. "Então como correu o jantar? Diz-me que houve alguma acção pelo menos."

"Uma cavalheira nunca fala sobre as suas aventuras pela penunbra da noite."

Antes que eu pudesse responder reparo que a Rita chegou mesmo atrás dela, passando pela porta.

"O que estás a fazer aqui?" Pergunto com ar de confusão.

"Não sejas rude Anabela. O meu jantar foi com a Rita." Nisto engasguei-me e comecei a tossir desamaldamente. O que se passa? É mesmo verdade? Espera, mas ela é lésbica? E está interessada na Joana?

"Nem sabia que eras lésbica." Disse a primeira coisa que me veio à mente, sem pensar no quão rude estaria a ser.

"E como haverias de saber, agora preciso de ter um esteriótipo plantado na cara para me definir como lésbica." Respondeu-me com ar de chateada.

"Não não, não foi isso que eu quis dizer. Desculpem." Tentei desculpar-me e desviei o assunto. "Vou abrir uma garrafa de vinho, querem que vos sirva um copo?"

"O que achas Rita? Queres ficar mais um pouco e beber um pouco de vinho connosco. Podemos jogar algum jogo para nos conhecer-mos melhor."

"Pode ser, na verdade ainda não tenho sono, e um copo de vinho parece-me uma excelente ideia. Que jogo vamos jogar?"

"Que tal se fizéssemos alguma pergunta e cada pessoa tinha que responder. Por exemplo, quando foi a última vez que perseguiram um cão?"

"Ahahah que pergunta parva, se calhar és a única nesta sala, em que tal situação aconteceu."

"Mas agora quero saber a resposta."

"Bem, na verdade não corri atrás do cão. Estava descontraída a comer uma perna de galinha que tinha acabado de comprar no KFC, e reparei que estava um cão a tentar saltar-me para cima, para comer a perna de frango. Desatei a correr com medo à frente do cão. Comecei a ver toda a gente a rir-se da situação. Quando penso que estou a salvo, olho para trás, e vejo que o cão que me tentava persseguir era um chihuaha." Eu e a Rita olhá-mos uma para a outra e desatá-mos a rir às gargalhadas. "Não se riam, se estivessem na minha posição e vissem apenas dois olhos esfomeados a olhar para a vossa comida, não quero saber do tamanho, iam fugir de certeza." E as gargalhadas recomeçaram.

"Vou fazer-vos uma pergunta mais pessoal. Contem como foi o vosso primeiro beijo com uma rapariga." Perguntou a Rita.

"Quem disse que eu alguma vez beijei uma rapariga?" Disse por entre um sorriso.

"Sabes, eu reparo muito nas pessoas, e sei que tu e a Sofia estão juntas. Naquele dia da festa cá em casa chegaram juntas, e vi um pouco do batom dela nos teus lábios."

"Touché. Tenho que ter mais cuidado com essas coisas, mas e daí, não houve mais nada porque alguém decidiu ocupar-me a cama." Disse-lhe, desafiando-a com o olhar.

"Vá, parem com isso. Chega. Eu posso começar na história. Não há muito que saber, o meu primeiro beijo foi com a minha ex-mulher, até hoje a única mulher que beijei na minha vida." Reparei no quanto corava enquanto olhava discretamente para a Rita, e o olhar espantado da Rita. Alguma coisa aconteceu entre elas.

"Então aconteceu alguma coisa entre vocês as duas hoje?" Em vez de me responderem compalavras, vi a Rita encostar a cabeça no ombro da Joana. Algo deixou-me maldisposta, então desculpei-me para ir à casa de banho.

Um Toque de VoleibolOnde histórias criam vida. Descubra agora