Saímos da praia já no final de tarde, só tivemos tempo de agarrar no equipamento desportivo no quarto de hotel, e já estávamos de saída para o último treino antes do jogo. Não gosto de treinar à noite, sinto-me exausta, mas como o jogo é só no dia seguinte durante a tarde, posso dormir mais um pouco e recuperar energias.
Confrontei de certa maneira a Anabela, expus-lhe os meus sentimentos sem esperar que ela desse os dela em troca. Sei que mais cedo ou mais tarde, aquela muralha que ela tem à volta há-de tombar, e espero que não seja tarde de mais para ela.
Acabei por ficar no final do treino a falar com as outras raparigas da equipa, estou há pouco tempo na equipa e ainda não tive oportunidade de conhecer todas elas. Descobri que a Rute já tinha um filho de 5 anos, o que me fez admirar muito o facto de ter tido um filho e ter continuado na sua carreira de atleta de alta competição. Algo impossível de ser visto há uns anos atrás. Ficámos todas animadas a falar umas com as outras, que quando finalmente cheguei ao quarto do Hotel, a Anabela já se encontrava a dormir.
Ainda bem, não sei se estaria preparada para enfrentá-la de novo, duas vezes no mesmo dia. Preciso de dar-lhe algum tempo para ela conseguir reflectir sobre o assunto. Acordei no dia seguinte com uma chamada da Joana.
"Bom dia! Quem me dera estar aí com vocês. Deixaram-me abandonada nesta casa sozinha." Senti a Anabela levantar-se na cama ao lado e andar pelo quarto.
"Como estás? Ainda sentes dores?
"Estou melhor, parei de tomar a medicação, mas mal sinto dores. Apenas ainda não consegui habituar-me a fazer tudo, sem uma perna. Ainda ontem deixei cair um prato, quando estava a tentar lavar a loiça."
"Mas estás parva, não te preocupes com a loiça, devias estar a repousar, e não a dar numa de dona de casa com o pé partido."
"Foi só um pequeno entorce." Disse ela a sorrir. "Bem, eu não quero roubar-te mais tempo, senão fico aqui toda a tarde a lamuriar-me sobre ter que ficar toda a tarde a ver televisão. Apenas telefonei para dar boa sorte para o jogo."
"Obrigada Joana. Eu tento ligar assim que conseguir e dizer como correu o jogo. Até lá, vê se descansas. Até logo."
Assim que desliguei o telemóvel, olhei para o lado e a Anabela já não estava no quarto. Deve ter saído durante a chamada. Apenas voltei a encontrá-la já quando estávamos a aquecer para o jogo. Desta vez a treinadora não me colocou a jogar de início, mas assim que começámos a perder o segundo set, ela virou-se "Vou colocar-te em jogo agora, precisamos de um factor surpresa para conseguir dar a volta ao resultado, achas que consegues?"
No meio dos meus nervos acabei por dizer que sim Acima de tudo estava motivada para entrar em campo. Assim que entrei, a Anabela veio-me indicar a sua estratégia de jogo. Acabámos por perceber o ponto fraco da outra equipa, pelo que conseguimos empatar o jogo. Estávamos estasiadas, assim que conseguimos dar a volta a este set. Assim que o jogo acabou, com a nossa vitória. A Anabela abraçou-me com entusiasmo. "Boa novata, conseguimos ganhar este jogo com a tua ajuda." Senti-me calorosamente acolhida, mas não pelas palavras dela, mas sim pelo abraço dela.
O resto da equipa veio celebrar connosco, o que parecia um jogo difícil para nós, acabou por ser a nossa maior vitória até agora. Decidimos ir todas para um bar celebrar após o jogo.
"Um brinde à Rita, por ter entrado no jogo com a motivação certa para conseguirmos dar conta do resultado."
"Oh a vitória foi nossa, cada uma de vocês é que possibilitou que o meu trabalho fosse fácil, apenas tive que acbar as jogadas da melhor maneira, para que o vosso esforço não fosse em vão. Obrigada."
Após alguns copos, já estávamos todas animadas, algumas participavam animadamente no karaoke, outras jogavam bilhar. Na mesa acabou por ficar só a Anabela, que sempre que podia sorria para mim enquanto falava animadamente para a Rute. Assim que a Rute saíu da mesa para se juntar às outras no karaoke, a Anabela encostou-se a mim e susurrou no meu ouvido. "Vamos sair daqui."
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Um Toque de Voleibol
General FictionAnabela encontra-se no auge da sua carreira desportiva. Capitã de voleibol pela equipa Nacional de Chaves há quase 6 anos, encontra-se focada e determinada em conseguir vencer o único título que lhe falta, o de campeã nacional. Tudo começa a correr...