Capítulo 17 - Anabela

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O último treino correu bem, mas senti que a Rita estava um pouco nervosa, tinha algum receio em atacar. No final do treino fui falar com ela.

"Hey" Chamei-a.

"Hey", disse-me.

"Não precisas ficar nervosa, este é só o primeiro jogo. A outra equipa também vai estar nervosa. É normal este nervosismo no início. Vence a equipa que cometer menos erros. Vi que estavas com receio em atacar, por isso concentra-te apenas em colocar a bola estratégicamente do outro lado. Se não te sentires confiante em atacar a bola, não o faças. Podes fazer muitos erros assim."

"Tens razão, acho que vou seguir o teu conselho."

"E se tomásses um banho de imersão no jacuzzi que temos no quarto, vais ver que vais sentir-te melhor."

"Pois, por falar em jacuzzi, reparei que somos as únicas na equipa que ficámos numa suite, e por isso temos jacuzzi."

"Sabes que ser capitã tem sempre os seus benefícios, e sorte daqueles que caem nas minhas boas graças e que eu convido para ficarem no meu quarto."

"Então eu caí nas tuas graças foi?"

"Bem, tínhamos uma cama a mais, e a Joana fez questão em ter-te connosco."

"Não quero saber quem me quis ou não no quarto, apenas sei que hei-de aproveitar aquele jacuzzi, pois nunca se sabe quando voltarei a entrar nas tuas graças." Sorri apenas. E assim fomos andando até ao Hotel. Pedi à Joana que fosse buscar pizzas para todas nós. Não tinha paciência de comer de novo na cantina quando podíamos comer relaxadas no quarto uma comida que realmente gostássemos.

A Rita já estava há 20 minutos no jacuzzi quando recebo uma chamada da Joana. "Desculpa estar atrasada, mas eles enganaram-se no pedido das pizzas, e a Rita é vegetariana, podes perguntar-lhe se ela aceita comer se eu lhe tirar todos os pedaços de fiambre da pizza? Senão terei que esperar outra meia hora."

"Ok eu pergunto, espera." Bato na porta da casa-de-banho, nenhuma resposta, volto a bater com mais intensidade, enquanto chamo pelo nome dela. Nada.

Tento entrar de vagarinho na casa-de-banho, sempre a chamá-la, sem olhar para a zona do jacuzzi. Mal consigo olhar para dentro da casa-de-banho por está uma nuvem de vapor que me impede de conseguir distinguir bem as coisas. Mas ela não responde, estranho. Desligo o telemóvel sem avisar, preocupada para encontrar a Rita.

Avanço para a zona de jacuzzi e vejo que ela está com auriculares, está explicado por que é que ela não me ouvia. Está de olhos fechados, deve estar a relaxar bem. Sem querer, os meus olhos percorrem o pouco que conseguem ver do corpo dela. As pernas arqueadas apoiadas na banheira, o peito quase exposto, mas não totalmente. Engoli em seco. Quando volto a olhar para a cara dela, assusto-me a ver os olhos dela abertos, a olhar para mim com um olhar de confusão.

"Eu... eu... Desculpa... Não queria te assustar, estavas de auriculares e não me ouviste bater à porta. Vinha perguntar-te..." Esqueci-me o que lhe vinha perguntar. Ai que vergonha.

"Não tem mal.A culpa foi minha. Já devo estar aqui há bastante tempo, deixa-me vestir, já saio." Oiço o meu telemóvel tocar e finalmente lembrei-me do que lhe tinha que perguntar.

"Não, podes ficar mais um pouco. A Joana está na pizzaria, e enganaram-se no pedido, puzeram fiambre na tua pizza. Ela pergunta se aceitas assim e ela tira-te o fiambre, ou pede para fazer outra pizza."

"Não há problema, ela que traga como está, eu própria tiro o fiambre."

"Ok, vou dizer-lhe" E saí rapidamente da casa-de-banho, não sabia o que fazer, a imagem do cabelo molhado dela, a cair pelos ombros, a descer pelo peito. Não consigo tirar esses pensamentos da cabeça. Preciso de um copo de água bem frio.

Não tarde muito e a Joana chega ao quarto com as pizzas. No mesmo instante a Rita sai da casa-de-banho já vestida. Não consigo olhar-lhe nos olhos, e assim ficámos toda a noite, comigo num canto e elas as duas divertidas a falar como se estivessem numa festa de pijama.

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