Capítulo 12 - Rita

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Aproveitei que a Anabela foi à casa-de-banho para poder conversar um pouco com a Joana sobre o que ela tinha acabado de dizer. Ainda estava em choque pelo que ela tinha dito.

"Desculpa, não sabia que este era apenas o teu segundo beijo."

"Nem tens que te desculpar, eu beijei-te primeiro lembras-te. E foi maravilhoso, os teus lábios são tão doces e irresistíveis." Não consegui conter o meu sorriso, e aproximei-me e beijei novamente os lábios dela. Fomos interrompidas pelo aproximar da Anabela à sala. Penso que ela não assistiu a nada.

"Vá vamos continuar, ainda faltam vocês as duas responder à questão." Disse a Joana. Decidi ser a próxima a responder.

"Bem, eu devia ter por volta de 14 anos, ainda não sabia que tinha interesse por raparigas, mas numa viagem da turma, acabei por sem querer andar de mãos dadas a uma amiga, pensei que fosse algo natural entre amigas, mas sentia algo dentro de mim diferente. Na primeira noite, ficámos no mesmo quarto, e estávamos a fazer cócegas uma à outra. Quando dei por mim, ela tinha me dado um beijo na boca, e para minha surpresa correspondi. Apenas voltámos a beijar uns dias depois, mas ela disse-me que apenas estava a treinar para beijar rapazes. O típico. Nunca mais a vi, mas aquilo despotou em mim a minha verdadeira sexualidade."

"Oh tadita da minha Ritinha de 14 anos. Abanadonada assim tão cedo." Disse a Joana com voz melosa. Senti-me desconfortável.

"Eu dei o meu primeiro beijo a uma rapariga na noite, já não me lembro o nome dela, mas tinha saído à noite com uns amigos, e estávamos a dançar junto a um grupo que se juntou a nós. E lá estava ela. Não consegui tirar os olhos dela, nem ela dos meus. Assim que nos apróximamos e ficámos a dançar coladas uma à outra, beijámo-nos e acabámos a noite na casa-de-banho, com ela a tirar-me a virgindade." Disse a Anabela.

"Credo que cru, nem sabes o nome dela. Não houve nada de especial que te fizesse sonhar com o primeiro beijo." Respondeu a Joana.

"Nem eu pedi por mais."

"Se calhar, se tivesses pedido por mais, serias uma pessoa mais acessível e simpática." Não estava à espera de dar uma resposta tão bruta, e penso que nem a Anabela, pela cara de desconforto dela.

"Desculpa se nos últimos dias fui rude contigo Rita, mas nada tem a haver com a minha falta de relações sérias." Ripostou-me.

"Mas o que não sabes Rita, é que aqui a 'não estou preocupada com a minha vida pessoal' já se apaixonou, e quase que levou a equipa a quebrar-se toda."

"Penso que a Rita não está interessada nessa história."

"Podes continuar Joana, agora estou curiosa." Vi a Anabela a revirar os olhos, deixando a Joana continuar.

"Estávamos numa das melhores épocas da equipa, tinhamos uma boa equipa e estava mais que certo que podíamos chegar à final do campeonato, e talvez ganhá-lo. Pelo meio havia uma atacante, a Tatiana, e elas as duas envolveram-se. Tudo estava a dar certo, tinham óptima química tanto de jogo como a nível sexual. Completavam-se. Tudo corria bem, a equipa conseguiu chegar à final. Mas uns dias antes, elas desentenderam-se. Nunca soube o porquê. Tiveram alta discussão no gabinete da treinadora mesmo antes do jogo. Então a treinadora acabou por não as convocar para o jogo e o resto é história. Acabamos por perder."

"É passado." Suspirou a Anabela.

"Então desde aí que ela tem uma regra de não se involver com alguém da equipa, deixar a parte pessoal fora do voleibol."

"E é algo que eu acho que vocês deviam fazer, deixar o pessoal para fora da equipa."

"Nem toda a gente é como tu. Nós apenas nos damos bem e estamos a nos descobrir. O que é um processo prazerozo. Se desses uma oportunidade a tentar abrir o coração para alguém, talvez estivesses aqui feliz como nós estamos." Percebi o quão chateada estava a ficar. Mas não podia deixá-la falar assim. "E não meterias comentários no que as tuas colegas de equipa fazem."

Levantei-me e pedi à Joana para levar-me a casa.

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