Assim que vi a Anabela correr para o balneário desculpei-me à treinadora e disse que não estava a sentir-me bem. Que precisava de ir ao balneário. Assim que entrei vi a roupa da Anabela em cima do banco e ouvi a água a correr. Não exitei e entrei na cabine de duche. Precisava saber como ela estava.
Ficamos longos momentos abraçadas, com ela a depositar em mim todo o peso que estava a sentir. Sabia que ela estava mentalmente exausta com tudo isto. E só queria que ela partilhasse a dor comigo, para juntas ultrapassarmos isto.
Assim que saímos da cabine eu estava a congelar devido à água fria. Mas apressei-me para ir buscar uma toalha para a Anabela e ajudei-a a secar-se enquanto a abraçava com carinho. Nisto sinto alguém a entrar no balneário, mas não me interessava que descobrissem sobre nós as duas. O mais importante era ver a Anabela bem.
Sinto alguém a parar à nossa frente e olhar-nos atentamente. Era a Joana. Não consegui olhá-la nos olhos mas percebi que ela estava sem reação. Mas segundos depois, percebendo o estado da Anabela. Sentou-se ao lado dela e ajudou-a a vestir-se.
"Volta para o jogo, eu cuido dela. Apanhamos um táxi e vamos para casa. Entretanto veste o teu equipamento suplente que esse está todo ensopado." Ainda não conseguia olhar para ela. "Tens aqui as chaves do meu carro. Quando o jogo acabar leva-o por favor."
Fiquei a vê-las a ir-se embora. Apressei-me para trocar o equipamento e voltar ao jogo. Assim que chego reparo que a equipa está a perder.
"Porque demoras-te tanto tempo? Preciso de ti agora." Disse-me a treinadora fazendo indicação ao árbitro para haver substituição. Assim que entrei em campo só tinha uma motivação na cabeça. Ganhar o jogo pela Anabela.
O resultado foi ronhido, mas conseguimos ganhar nos últimos pontos. A equipa toda fez uma festa com a vitória, mas eu não conseguia festejar. Não conseguia pensar em mais nada sem ser no ar fragilizado da Anabela.
Comprimentei as adversárias, mas a Tatiana decidiu chamar-me à parte para falar comigo. Estava inquieta para saber o que ela queria dizer-me.
"Não sei o que a Anabela te contou, mas espero que ela fique bem. Não queria que nada disto tivesse acontecido. Eu gostava mesmo dela. Conseguia ver a minha vida ao lado dela. Mas algo mudou e eu não tive coragem de lhe contar. E isso magoou-lhe ainda mais, traí não só como namorada mas como amiga. Espero que um dia ela me perdoe."
"Mas porque estás a contar-me isso?" Perguntei, ainda sem saber porque ela estava a confidenciar-me tais coisas.
"Lembra-te que eu conheço a Bela. Sei perfeitamente o olhar profundo que ela faz quando está apaixonada com alguma coisa, seja o voleibol ou alguma pessoa."
" Mas e então?" Ainda não estava a perceber.
"Ela hoje, sempre que cruzava olhares contigo no aquecimento. Tinha esse olhar. Cuida dela por mim, ok?" E foi-se embora sem esperar pela minha resposta.
Aprecei-me no balneário para conseguir chegar rapidamente à casa da Anabela. Num instante cheguei lá. A Joana abriu-me a porta, e eu não deixei de suspirar "desculpa".
Ela assentiu com a cabeça que tinha ouvido as minhas desculpas e indicou-me para entrar em casa. "Ela está no quarto, consegui com que ela adormecesse. Mas seria bom que fosses ter com ela, porque ela não parou de chamar pelo teu nome."
Assim que cheguei ao quarto aconcheguei-lhe os lençóis e deitei-me ao lado dela, cuidadosamente a abraça-la.
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Um Toque de Voleibol
Fiksi UmumAnabela encontra-se no auge da sua carreira desportiva. Capitã de voleibol pela equipa Nacional de Chaves há quase 6 anos, encontra-se focada e determinada em conseguir vencer o único título que lhe falta, o de campeã nacional. Tudo começa a correr...