Desabafo

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Pelo menos aquele clima acabou logo.

Papai entrou no quarto e mandou todos nós sairmos. Fomos comer em silêncio na lanchonete tentando evitar encararmos um ao outro.

Depois desse dia, percebi um certo receio de Peter em relação a Jack. Ele estava até se afastando um pouco.

Não entendi muito bem o que estava havendo, mas também não resolvi dar importância.




                 UM MÊS DEPOIS!

Era hoje o dia que Jack sairia do hospital. A S.H.I.E.L.D. ja tinha pensado até em uma desculpa para o seu sumiço. Ele tinha "supostamente" se acidentado no ataque à 5ª Av. e foi fazer um tratamento intensivo no Michigan. Eles até providenciaram os papéis para confirmar! Que profissional...

Pelo visto, Jack iria voltar às aulas normal, mas a tarde iria receber treinos intensivos com o próprio Steve para "controlar seus novos poderes".

Na realidade, todos nós sabíamos que o objetivo desses treinos era criar um novo super-soldado e até quem sabe, um novo Vingador. Claro, Jack estava muito animado.

Mas além dele e da sua própria alma, ninguém mais estava. Todos possuíam um certo receio. Virar um super herói do dia pra noite não é muito bom...

Tá, esse foi o meu caso.

Mas eu tinha um treinamento! Jack faz parte do time de basquete na escola e só! Não sabe lutar, não sabe lidar com seus poderes, não sabe lidar com ele mesmo!

Eu e Teresa conversamos com ele várias vezes, mas ele não deu ouvidos. Estava muito confiante.

Eu pedi are para Peter tentar conversar com ele! Mas ele não ficou muito animado.

— Tyler, eu não sou muito próximo dele. Não parece certo eu sair dando sermões.

— Pety, não são sermões. São conselhos. E além do mais, você vinha visitá-lo toda semana no hospital. Pode se considerar próximo.

— Ty, já viu o jeito que ele me encara? Ele... sei lá. Não vai muito com a minha cara... eu realmente queria que ele fosse, de verdade. Mas... Ty, ele não deixa nem eu entrar no quarto e sentar do seu lado!

— Peter, o Jack não é o meu pai! Você não precisa seguir as ordens dele! Nem eu. Se ele está fazendo isso com você, por que não me disse nada?

— Porque ele é seu melhor amigo Ty. Seu irmão. Você acha que eu iria colocar você contra seu irmão? Além de que, eu tento agrada-lo. Vai que... ele para de me encarar com ódio?...

— Peter! Não! Se opor a ele e me contar a verdade não é me colocar contra ele. Você tem que me dizer se se sentir incomodado com algo.

— Eu sei... mas eu não consigo! Não quero gerar uma briga entre vocês, Tyler. Não quero acabar com tudo de novo...

Ele olhou tristonho para o chão. Peter era muito sentimental. Se importava mais com qualquer um do que com ele mesmo.

Segurei sua cabeça com as minhas mãos e fiz ele me encarar nos olhos.

— Você nunca acabou nada. E você nunca vai. Por favor. Só me diga o que sente, Peter. Eu mais do que ninguém quero te ajudar. Não é para ter medo de mim, e sim confiar. Por favor. Na realidade, o que mais me aborrece é saber que você guarda as coisas só para você e não me diz o que sente.

Ele tinha algumas lágrimas nos olhos que me doíam no peito. Seu olhar era triste. Peter iria chorar ali naquele momento.

— Me desculpe... eu não queria... só queria te proteger... — ele fungou.

Juntei os nossos corpos em um abraço quente e carinhoso. Conseguia sentir o cheiro doce e gostoso do seu suéter azul escuro ao enterrar meu rosto em seu ombro. Ele derramava algumas lágrimas com a cabeça apoiada no meu ombro.

— Eu te amo, Pety. Por favor... confie em mim...

— Nunca mais vou fazer isso. Prometo. Juro pela minha vida... me desculpe Ty... — disse ele com a voz meio rouca de chorar.

Ficamos no abraço eternamente em silêncio. E eu não sairia dele para dizer algo.

— Quer falar alguma coisa? — perguntei carinhosa depois de um tempo.

Ele fungava e soltava o ar com dificuldade por causa do choro. Podia sentir seu abdômen forte contrair e se soltar a mendiga que ele buscava ar para não se afogar nas lágrimas.

— Eu estou confuso... tudo tão...
c-confuso... O-o Jack acordando... as coisas com a Tia M-may...

— O que houve com a Tia May? — perguntei passando uma das minhas mãos pelas costas assustadas de Peter.

— Ela ... acho que... não sei Tyler...
S-sabe quando você acha que alguém d-desconfia de você? Então. Ela... acho que ela s-sabe... Se ela sou ver Ty, Oh se ela souber...

Ele que já chorava intensamente no meu ombro, agora dobrou a intensidade do seu sofrimento. Sua respiração estava mais rápida, seus olhos agoras escorriam como rios, e ele me apertava meu contra seu corpo por causa do desespero.

Eu apenas o apertava mais forte tentando acalma-lo. Mas o problema era que eu também estava começando a me descontrolar. Ver ele sofrendo... me parte o coração.

— N-não pense assim... Vai ficar tudo bem no final...

— ... Ty, se ela descobrir... ela vai me matar... ela nunca mais vai confiar em mim, Ty... Nunca mais... ela vai me culpar pelo que houve com Tio Ben... Ó céus... Tyler eu...

Suas pernas começaram a vacilar. Ele se apoiava em mim.

— Peter, por favor. Tenha calma... ela não vai descobrir... vai ficar tudo bem. Eu-eu estou aqui, não estou? Então. Vai ficar tudo bem Pety. Enquanto eu estiver aqui, vai ficar tudo bem...

Pela primeira vez, ele começou a desacelerar. Seus corpo estava menos eufórico. Ele começou a puxar ar com o nariz para conter o choro. Começou a afastar o seu corpo do meu.

Consegui ver seus olhos. Estavam vermelhos e inchados assim como seu rosto. Ele, com uma mão, tentava enxugar o rosto e com a outra, ainda segurava forte a minha.

Ajudei-o a limpar o rosto. Ele me olhou mais calmo, respirando fundo. Um sorriso bem fraco se abriu em seu rosto, o que me deixou confusa.

— Que? — perguntei.

— Você também chora quando pessoas choram? — ele disse com a voz rouca agora passando o dedão da mão esquerda pela minha bochecha tentando tirar as lágrimas.

Eu nem havia percebido, mas eu também estava chorando. Não tanto quanto ele, mas estava.

— Só quando as pessoas que eu amo choram. — respondi abrindo também um fraco sorriso.

Ele beijou meus lábios molhados e se afastou dizendo:

— Eu te amo Stark. Sempre amei. Por favor, fica comigo...

Ele fechou os olhos tentando conter mais lágrimas.

— Sempre. Juro pela minha vida.

Eu sou uma Stark // Completa!! Onde histórias criam vida. Descubra agora