Comer Ruffles teria sido a melhor escolha.

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Todos estavam calados. Bom, nem todos. Algumas pessoas já estavam cochichando entre si e trocando olhares assustados. E papai estava com um pacote de Ruffles e ele mastigava como uma vaca comendo capim, o que fazia bastante barulho...

E como eu estava com fome, fui roubar uma batata do pacote.

– Quanta emoção... – disse ele irônico quando cheguei mais perto para pegar a batata.

– É. Coitada, não é? – ele afastou o saquinho quando fui colocar minha mão lá dentro e olhou com um olhar desafiador. Mas o meu olhar desafiador era melhor, o que o fez desistir de privar da sua batata Ruffles.

– Então, eu sei que não é a melhor hora pra perguntar mas, sabe que horas são? – perguntou ele realmente interessado em saber quanto tempo a gente já tinha ficado naquele buraco.

– Hum... acho que é hora de comprar um relógio e tomar vergonha na cara. – respondi mastigando a batata bruscamente. Tal vaca tal bezerro, ué.

– Hahaha, nossa Ty como você é hilária. Você está falando com o Stark. Eu tenho muitos relógios querida.

– Então por que não usa o cérebro e olha nos seus 40 relógios ao invés de perguntar pra alguém que não tem um? – disse tentando desafia-lo.

– Cala a boca e diga que horas são! – respondeu ele com um sorriso. Os Starks gostam de serem desafiados (depende do desafio).

– Ok, ok... são 11:37 a.m.!!! – respondi assustada. Passamos o último dia inteiro ali e nem dormimos! Estamos a quase 24 horas acordados!!!

– Peper... – papai pegou minha mão e me saímos correndo da sala. E o pacote de Ruffles foi deixado para traz...

Ele entrou no seu quarto e pediu para Jarviz ligar para mamãe naquele segundo. Ele devia estar super brava.

– STARK! ONDE ESTÁ A TYLER?! ONDE ESTÁ VOCÊ?! SE EU FOSSE VOCE NÃO VOLTAVA PARA CASA NUNCA MAIS!!!!!!!! – disse mamãe "carinhosamente" ao atender o telefone.

– Peper! Como está querida...?

– QUERIDA? QUERIDA?! ANTONY SE ME CHAMAR DE QUERIDA MAIS UMA VEZ EU ARRANCO A SUA CABEÇA E EXPLODO O SEU LABORATÓRIO!!!! ONDE ESTÁ A TYLER????!!!!!!!!

– Pep, ela está comigo... ela... teve um acidente na 5ª Avenida...

– Você acha que eu não sei?! Ela voltou para casa depois disso!!! ONDE ESTÁ ELA ANTONY!!!! ME DIGA AGORA!!!

– Pep...

– Oi mãe. – eu disse deitada da cama enquanto meu pai estava de pé esfregando o rosto com medo da Srta. Pocks.

– TYLER GISELE STARK!!!! VOCÊ ESTÁ MORTA!!! FUGIU DE CASA COM AQUELE GAROTO!!! VOCÊS ESTÃO MORTOS!!! – ( Sim, Gisele. E sabe por que? Porque meu pai tinha uma grande queda pela Gisele Bündchen quando ainda não era casado com mamãe. Aí ele resolveu me amaldiçoar com essa coisa que ele chama de segundo nome).

– Mãe, você sabe que a gente te ama, né?

– NÃO!!!  TYLER NÃO MUDE DE ASSUNTO!!!

– Ok, Peper. Vamos te contar. Tyler recebeu uma ligação minha quando estava em casa ontem e eu pedi para ela vir até a base da S.H.I.E.L.D. Nós estamos aqui, não se preocupe, estamos bem. Tiveram alguns problemas.

Então papai contou sobre Vicktory. Contou que ela estaviva e tals. Eu ainda não estava muito confortável com isso, mas ele precisava dar uma desculpa boa para ter desaparecido e depois para eu ter desaparecido. E essa é uma das boas. Mamãe fazia comentários o tempo todo como "Oh, querida, como você está?", "Coitadinha!", "Vai ser difícil superar, querido...".

Acho que ela esqueceu que eu estava no quarto também.

No fim, ela nem estava tão brava mais. Só ameaçou a gente duas vezes. Menos do que o normal...

Papai conversou com ela por mais tempo, mas eu continuei lá. Às vezes, eu gostava de ficar ouvindo os dois conversando. Me fazia sentir como se nós fossemos mesmo uma família. E somos. Acho que a mais unida que tem.

Pode parecer exagero. Eu sei, meu pai é Tony Stark, bilionário, mulherengo, vingador, cheio de afazeres. Minha mãe é Peper Pocks diretora da maior imprensa de armamentos do mundo, ocupada, rígida. E eu,  nem vou falar né. Eu sou uma mistura bem louca dos dois lados. Sou chata que nem mamãe, chata que nem papai... é, acho que sou um pouco chata...

Mas eu sempre tive a confiança da minha mãe. Ela me criou demonstrando essa coragem e confiança e parece que eu resolvi imitar involuntariamente.

Comecei a pensar na minha infância. Quando eu tinha uns cinco anos comecei a perguntar para o meu pai por que as pessoas sempre vinham me fazer perguntas sobre ele. Não foi uma infância fácil. Lembro-me de que com seis anos eu tinha que pensar em tudo o que eu fazia. Deis da palavras, até os amiguinhos com quem eu brincava no parquinho.

Já fui usada. Já usei pessoas. Eu era bem diferente. Sempre ouvia das pessoas da escola que meu pai era um safado, que deveria ter mais uns trinta filhos com cada uma que ele já ficou. Eu sei como ele era e eu sei como ele é. Por isso, comecei a seguir os passos dele quando mais nova, por um ano mais ou menos. Eu não me importava com quem eu estava beijando, com que eu estava saindo... eu amava festas. E por isso eu as odeio.

Poucos sabem o real motivo para eu ter parado de ser "aquela pessoa". A maioria achava que eu parei quando provei pela primeira vez álcool. Acham que eu "percebi o que havia de errado e que eu agora me concentraria apensa nos estudos e engenharia robótica com meu pai". Não sei como as pessoas acreditaram nisso. Talvez seja pelo meu talento em atuação (a pesar de tudo, eu sou a melhor atriz da escola).

É bem esquisito ter uma família louca assim. Muitos sentem dó de mim, pois acham que eu sofro com essa vida. Pelo contrário. Eu não poderia ter uma melhor. Amo tudo na minha vida, por mais estranho que seja.

E é como dizem, as famílias mais estranhas são as melhores.

Eu sou uma Stark // Completa!! Onde histórias criam vida. Descubra agora