De volta ao lar

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Eu não queria voltar. Não queria mesmo. Por mim, eu continuava andando em direção ao horizonte e não parava até chegar em algum lugar.

Mas eu não voltava para o avião. Só se fosse arrastada.

E foi o que aconteceu.

Jack me achou lá no meio do nada e disse:

— Que droga você está fazendo aqui?

— Nada... Só morrendo com os meus arrependimentos e erros.

Eu sou dramática, desculpem.

Jack ficou confuso e se sentou ao meu lado.

— Desculpe, eu não sou do tipo que sabe ler mentes...

— Não é nada Jack. Eu não tenho nada.

— Tem. Tem sim. E eu quero que você me diga. Por que eu mereço saber.

Isso me fez ter vontade de chorar mais ainda. Era o que Peter queria. Só a verdade.

— E-eu... — comecei. — Eu estraguei tudo... — aí eu comecei a chorar de novo. Como eu não morri desidratada? — De novo Jack. Eu sempre estrago tudo! Tudo! Eu nunca consigo ter alguma coisa por muito tempo, eu nunca penso antes de estragar as coisas. Nunca!...

Jack me olhou sério.

— Você não estraga tudo Tyler...

— Ah não?! AH NÃO? Então como você me explica isso? Eu menti para metade do mundo e agora a única pessoa que eu quero que esteja bem e que nunca se machuque está machucada por minha causa! Eu machuquei ele! Eu!

— Quem Ty?

— Peter! PETER! Deuses... Eu... estraguei tudo Jack. Ele me deu uma segunda chance e eu estraguei... Joguei no lixo... E-eu... — parei por um segundo. Isso doía.

— Você?...

— A gente... T-ter... — gaguejei.

— Teresa? O que ela tem a ver com isso? — Jack estava me deixando nervosa.

— Não! Terminamos! Nós terminamos Jack... Eu acho...

— Você acha? Como pode "achar" isso?

Então eu o expliquei exatamente com todas as palavras o que eu disse.

Jack parecia estar prestando atenção, mas eu não queria que ele estivesse. Era muito difícil encarar aqueles olhos e não chorar de novo.

— Mas Ty, por que? Eu entendi que ele não te perdoou mas... Você terminou, entende? Por que?

— Jack, eu machuquei Peter duas vezes... N-não existem terceiras chances... Elas... não existem...

— Para mim existem.

Jack então se calou e observou o sol se pôr no horizonte.

Ele acreditava em terceiras chances. Será que eu deveria também?

— O que eu faço Jack? — perguntei agora o encarando.

Ele demorou a responder e disse:

— Acredite que você pode ser melhor e seja melhor.

Então se calou de novo. Isso me tocou de um jeito que eu nunca achei que iria. Acreditar que eu seria melhor. Talvez ele estivesse certo.

Mas ainda tinha algo errado. Por que ele estava tão quieto? Jack não era do tipo de gente que fica vendo o pôr do sol.

— O que foi Jack? Alguma coisa aconte...

— Eu... — disse ele me interrompendo. — Eu acho que... Acho que eu gosto da Teresa...

Uau.

— O-o que? Tipo, de verdade?

— Sim... Sabe, eu vi ela por um tempo depois do coma e desde então eu não tiro Ter na cabeça... Pensei em ligar e contar pra ela mas... Eu tenho medo que ela não sinta o mesmo. E se...?

— Não. Não seja burro Jack, conte logo pra ela. Por favor não seja besta. Nós vamos chegar em Nova York e vamos falar com ela. Não faça a besteira que eu fiz...

Isso só me deixou mais triste. Claro, fiquei feliz por ouvir o que Jack sentia, mas... só me fez lembrar de como eu fui idiota com Peter.

— Só se você me prometer que vai falar com Peter. Eu não vou dizer nada para Teresa se você não falar com ele.

Eu não queria. Não mesmo. Mas Jack me fez sentir de novo que talvez eu pudesse tentar. Talvez eu tivesse uma chance.

Mas eu também sabia que eu tinha que aprender a parar. Parar de tentar resolver tudo e prejudicar o que eu amo por conta dos problemas que não são meus.

— Eu tento...

— Ótimo. Agora vamos antes que eles levantem voo sem nós.

Correndo um pouco, eu e Jack chegamos à barraca de feridos que já estava evacuada. O avião parecia estar nos aguardado então subimos.

Era como um avião de carga enorme divididos em dois compartimentos. O compartimento de cargas que ficava no fundo e um compartimento para passageiros.

No compartimento de passageiros estavam todos os heróis e mais Magnus, Alex, um anão de pele escura e um outro cara branquelo e magrelo. Eles estavam mais ao fundo.

Eu fui direto em direção às suas poltronas passando reto pela de Peter evitando o seu olhar.

— Estão confortáveis? — perguntei ao chegar nos semideuses.

— Sim, obrigado. — respondeu Magnus sorrindo. Mas ele parecia desconfortável assim como o anão. Na verdade aquele anão parecia que estava petrificado de tão tenso que estava.

Retribui o sorriso e voltei para perto dos outros. De novo passei por Peter temendo o seu olhar.

Me sentei ao lado de meu pai.

— O que ele fez? — papai perguntou.

— O que?

— O Parker. Que merda ele fez para você? — ele parecia com raiva. Mas gente, que isso?

— Como assim? Nada... O que ele teria me feito?

— Tyler, você só terminaria com ele se ele tivesse te feito algo. Que porcaria aquele moleque fez para você?

— C-como você soube? Eu... não queria que...

— Não importa como eu soube.

— Pai... Peter não fez nada. Quem fez fui eu... e-eu estraguei tudo... Não quero falar sobre isso.

Ele abriu a boca para falar alguma coisa mas então desistiu. Papai olhou para a frente e não trocamos uma palavra o resto do voo.

Ao chegarmos em Nova York, aterrissamos na base como sempre foi e eu tive que achar a carona de Magnus para Long Island.

— Muito obrigado Tyler. De verdade. — disse Magnus antes de entrar no carro que os levaria até o destino.

— Não agradeça. O que é uma viagem perto da vida que você salvou? Eu que agradeço. Obrigada.

Ele assentiu e sorriu. Maguns entrou no carro com os outros e eu fiquei ali, do lado de fora da base da S.H.I.E.L.D. observando o carro preto diminuir cada vez mais na estrada.

Eu iria falar com Peter naquele momento. Pelo menos, eu tinha que tentar.

Durante a minha caminhada para o seu quarto, eu ensaiava o meu discurso na cabeça.

Quando virei na esquina do corredor do seu quarto, a primeira coisa que vi foi ele correndo do outro lado do corredor na minha direção.

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