Por Trás Da Máscara

Capítulo 2

Cristha Narrando.

Estava tudo tão bom, estava me divertindo muito com Scott, bebendo e dançando feito loucos. Em nenhum momento Scott tentou algo, nem mesmo bêbado. Confio nele.
Mas tudo que é bom acaba rápido. Quando alguém diz que felicidade de pobre dura pouco, pois é, é a mais pura verdade. De repente, apareceu Luccas, meu namorado atual, ou ex atual. Ele apareceu já socando o Scott, eu nunca tinha visto Luccas daquele jeito, com muita raiva.
Eu tentei, juro que tentei ser paciente a um certo ponto de não fazer merda. Mas quem estava errado alí é o Luccas, com um típico ciúmes bobo.

Eu sinto falta dele.

Hoje é segunda, acho que eu não aguentaria nem mais um minuto sem falar com ele, e o abraçar. Eu queria ter ido junto a ele naquela festa, mas estava com medo.
Medo de o Scott ficar com raiva de mim.
Bem, um dos dois eu perderia.

E perdi o Luccas.

Fiquei encarando o teto, tentando afastar os meus pensamentos, todos tomados por uma única pessoa, por mais que eu não queira pensar nele, é inevitável.

Me levanto, estou atrasada para a escola, demorei pelo menos uns 15 minutos para levantar. Nunca tive muita preguiça para isso. Eu não sei o que está acontecendo.

Coloco uma roupa qualquer, e Desço as escadas indo para a cozinha. Meu pai, me olha e sorri.

-Oi pai - Digo dando um beijo em sua bochecha.

-Oi Cristha. Pão? - Oferece ele, mas nego com a cabeça.

- Estou atrasada. - Digo pegando minha mochila no sofá. - Tchau Pai.
Aceno para ele e ele acena de volta.

Saio de casa e vou andando até a escola. Minha casa não é tão longe da escola, e também eu prefiro ir a pé mesmo. Isso me lembra minha mãe. Ela levantava cedinho pra preparar panquecas para mim no dia de sua folga, e me acompanhava até a escola.
Sinto falta dela. Maria era seu nome.

Ah eu amo esse nome.

Quando chego na escola, sou recebida por um abraço super apertado de Anne. Minha ruiva preferida.

-Que saudades! - Diz ela me apertando em seus braços.

- Calma aí Anne. Você me viu na sexta. - Digo me soltando de seus braços.

Ela suspira e me solta, me encarando com um olhar mortal. Ela odeia quando eu faço isso. Acabo com seu momento carismático e carinhoso.

- Está bem - Anne puxa sua mochila para cima - Não posso mais ser carinhosa com as pessoas.

Dou risada.

- Alguém ainda vai te processar - Digo em meio aos risos. Anne bufa em desgosto. - Vamos Annezinha, vamos entrar, estou atrasada.

Puxo seu braço, e coloco meu braço em volta de seus ombros. É bom ser maior que alguém.

Entro na escola, caminhando lentamente pelos corredores. Eu queria estar procurando Scott, mas não é ele que está ocupando lugar em minha mente.

Eu não sei o que houve naquele momento. Encontro Luccas conversando com John. Em um desesperado segundo, nossos olhares se encontram. Meu coração acelera na hora. Batendo desesperadamente, eu queria poder correr e o abraçar e dizer que estou com saudades.

Mas tenho que manter minha postura.

Droga de razão. O orgulho fala sempre mais alto.

Passo ao seu lado, cortando nosso contato visual. Olho para a ruiva do meu lado e dou um sorrisinho. Disfarçando. É um disfarce.

As aulas foram super chatas, na ultima aula, antes do intervalo, o professor ficou me encarando a aula inteira. Foi desconfortável e constrangedor.

Antes do intervalo, fiquei sabendo que Scott faltou porque a mãe dele o obrigou a ele ir num hospital, por causa dos machucados. Ele deve ter ficado deformado.

Anne que descobriu para mim isso. Ela serve para alguma coisa.

Fomos para o refeitório, que aparentemente, várias pessoas me olharam e cochicharam coisas estranhas. Do tipo " Olha, é ela que passou vergonha na festa de outono".

Legal! Agora eu sou o assunto de toda a escola. Odeio isso.

Depois de pegarmos o lanche e sentarmos numa mesa. Anne começa a me olhar estranha. Como se suspeitasse de algo. Suspiro. Largo o garfo, cruzando os braços, olhando diretamente para Anne.
E ela me olha de volta, percebendo meu olhar sobre ela.

- O que foi? - Pergunta Anne, enfiando uma colher de purê em sua boca.

-Vai, pode perguntar. - Digo a olhando com o cenho franzido.

- Ahh - Ela suspira e se debruça sobre a messa. - Não é nada, só queria perguntar o que você e o Scott tem. Já rolou beijinho?

-Ah fala sério Anne, você desperdiçou uma pergunta preciosa. Me lembra de nunca deixar você perguntar algo para mim.

- Me responde! - Diz Anne brava, batendo a mão com força em meio a mesa.

- Para com isso - Olho para os lados - Você pode chamar atenção.

- Vai me responder? - Insistiu.

- Eu e o Scott somos apenas amigos. Você e sua mania de romantizar tudo.

- Ah, sei. Me engana que eu gosto, Cris. Mas eu ainda prefiro o Luccas.

Reviro os olhos, e me levanto com minha bandeja em mãos.

Saio do refeitório e vou para o pátio, preciso desse momento sozinha. Colocar os pensamentos em dia. Sorrir internamente.

Luccas...

Não dá! Por mais que eu pense em outras pessoas, em outra coisa, meus pensamentos sempre voltam para ele. A saudade dele.

O que eu tenho que fazer para ele sair da minha cabeça? O que eu tenho que fazer para parar de pensar em como seria bom se eu pudesse voltar no tempo para poder ir com ele? Mas mesmo assim, acho que foi mancada minha.

Com certeza ele já tem outra.

Talvez eu devesse me importar mais comigo mesma e com Scott, pois eu não posso ficar presa ao passado.

Isso machuca e eu odeio sentir dor por mais que não seja física, uma dor emocional que dói mais do que qualquer corte na minha pele. Encosto minhas costas em uma árvore, cruzando os braços e ignorando os olhares sobre mim.

- Ás vezes bater a cabeça ajuda.

Ouço uma voz atrás de mim e olha para trás encarando seus olhos castanhos. É Scott me olhando com pouco de pena. Odeio pessoas que fazem isso.

- O quê? Pensei que estivesse em casa, o que está fazendo aqui?

- Fugi de casa e pulei o murro da escola. - Diz Scott saindo de trás da árvore, ele ainda parece um pouco machucado.

- Você pode ser pego - Digo, e vira o rosto para encarar seus olhos e que parece um pouco abalado.

Ele dá de ombros.

- Não me importo. Agora chega pra lá, deixa eu te fazer companhia.