Capítulo 21

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- Mãe! - Gritei ao entrar em casa, mas ao contrário de outros dias, Mary não responde. A casa parece estar vazia.
Se não fosse por um barulho extremamente alto vindo do segundo andar.

Fecho a porta e deixo minha mochila cair no chão. Subo correndo as escadas, quase caindo e tropeçando nos degraus.

Quando havia chegado no segundo  andar, passei correndo entre os corredores, abrindo as portas, e olhando para dentro.

Abri a porta do meu quarto, me deparando com a pior cena que eu já vi, ou vou ver na vida.
Minha mãe caída em meio ao meu quarto.
Uma poça de sangue se acumula em torno de sua cabeça. E atrás dela, a janela quebrada.

Jonathan está ao seu lado, com lágrimas nos olhos, me olhando desesperado. Meu primeiro intuído é fugir, correr e gritar, mas não posso largar minha mãe aqui e nem Jonathan.

- O que aconteceu? - Pergunto indo em direção à Jonathan. Me sento a lado da minha mãe, e coloco sua cabeça em cima de meu colo.

Jonathan balança a cabeça dizendo "Não sei" com os olhos.

- Mãe? - Digo tocando o rosto de Mary - Mãe? Acorda, mãe.

Sinto lágrimas se formarem em meus olhos, Deixando minha visão embaçada.
Lágrimas caem e rolam sobre o rosto pálido de Mary.

Olho para as mãos de Jonathan cheias de sangue. Olho para as minhas também, percebendo que também estavam sujas.

Sinto o corpo de Mary se mexer levemente, e seus olhos abrirem.
Jonathan se remexe, se levantando um pouco do chão.

- Mãe? - Digo, ao vê-la acordada.

- Luccas...

- Mãe, calma. Eu vou chamar uma ambulância. Espera ai. - Digo colocando minha mão livre no bolso e puxando meu celular para fora.

Com um pouco de dificuldade disco o número da ambulância. Mas Mary, coloca sua mão na frente do aparelho.

- Calma, Mãe...

- Luccas. - Diz ela voltando seu braço no lugar - Me promete um coisa.

- O que, Mãe? Qualquer coisa.

- Proteja seu irmão para mim. - Lágrimas caem ainda mais, e um som horroroso de choro sai pela minha boca. - E se você ver seu pai, diga para ele que eu sempre o amei.

- Não, Mãe - Digo, segurando sua mão ainda mais forte - Você mesma vai poder dizer isso. Não se preocupa.

Olho para o Jonathan, seus olhos se enchem de lágrimas, mas nenhuma insiste em cair.

- Mãe!

- Me prometa, Luccas. - Diz ela com a voz falha.

- Eu prometo, eu prometo - Digo me aproximando de seu rosto.

- Eu sempre te amei, Luccas - Diz ela, após tocir um pouco de sangue - Você sempre foi um ótimo filho.

- Me desculpa, Mãe. Eu nunca te escutei, eu... - Fui incapaz de falar por causa do choro.

- Luccas - Mary agarra minha cabeça - Foi o diretor...

Antes que ela pudesse terminar de falar, sua mãos que seguravam minha cabeça caíram, e seu rosto virou para o lado.

Arregalo os olhos, e seguro seu pulso. Verificando o coração.
Mas não senti pulsação nenhuma.

Deus não! Isso não pode estar acontecendo. Comigo não.

- Mãe! - A chamei, mas ela não virou o rosto e nem abriu os olhos - MÃE!

Abracei seu corpo e senti meu rosto se sujar de sangue, e minhas roupas também.

Não ouvi o choro de Jonathan. Ele é a criança mais fria que conheço.
E enquanto eu, chorava igual criança que acabou de perder um doce.

Foi o diretor...

Por um momento isso ecoou pela minha cabeça, mas eu não posso me preocupar com isso agora. Não agora.
Eu tenho que ligar para a ambulância.  Eu tenho.

Peguei meu celular, E passei a mão no rosto para tirar as marcas das lágrimas.

- Alô? - Digo ao discar o número do hospital - Me ajuda, por favor. Minha mãe... Ela está muito machucada, você tem que ajuda-la.

- Primeiro me  diga a sua localização, senhor. - Diz a moça do outro lado da linha.

- É do lado da praça principal. Você tem que vir rápido.

- Tudo bem. Enviaremos uma ambulância imediatamente.

Não, moça. Não está tudo bem.


Por Trás Da MáscaraOnde histórias criam vida. Descubra agora