Capítulo 9

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Luccas Narrando

O paraíso está tão lindo, quanto eu imaginava. É um campo, com vários cavalos, e pôneis, repleto de árvores e flores rosas. Tem um pequeno morro, com a grama verde e no topo dele uma árvore Sakura. Uma linda cerejeira.

Não tem pessoas alí, eu e Anne meio que descobrimos o paraíso no começo do ano passado. Quando nós conhecemos, ela já conversava com Cristha. Quando Anne me apresentou ela, me interessei na hora. Anne meio que serviu de cupido para mim e Cris.
Deu um pouco certo. Já que no meu primeiro encontro com Cristha, ela acabou me chutando e eu rolei morro abaixo.

De um certo modo, foi Ilário.

Ela deu risada, mas depois saiu andando. Não foi um dos melhores momentos.

Mas é por isso que estou aqui. Para recomeçar, e criar algo melhor do que cair do morro.

- Aqui é lindo! - Exclama Sam, está de noite. Não dá para ver muita coisa. Mas tenho lembranças do paraíso de dia.

- Bem vindo ao paraíso, Sammy - Fala Anne, abrindo os braços e sorrindo abertamente. Embora eu ache que desde que tivemos a ideia de vir ao paraíso, ela não parou de sorrir em nenhum momento

- Obrigado Anne. Mas me chame de Sam. - Sam diz, olhando ao redor, tentando não olhar nos olhos de Anne.

Anne não responde, mas parece ter entendido.

Pensando bem, eles formam um belo casal. Mas não quero que eles se peguem aqui, não gosto de ficar de vela.

Olhei ao redor. Encarando a lua e sua noite. A mais bela noite que eu já vi aqui no paraíso.

Por um breve segundo, Fechei os olhos e imaginei Cristha aqui comigo, igual aos velhos tempos. Igual a tudo que eu queria ver. Eu, Cris, Anne, e provavelmente John. Mas me arrependeria de John estivesse alí. De qualquer maneira, John não sabe da existência do paraíso. Acabei por criar um ódio mortal por ele.

Tenho certeza que Scott já mexeu seus pauzinhos.

Cristha já deve estar pensando em trazer Scott aqui. Se é que já não trouxe.

Vou em direção ao morro de Sakura. É o nome que Cristha deu. Achei criativo, e ficou conhecido por nós assim.

Assim, que chego ao topo, me encosto no tronco da árvore, ainda admirando o noite. Sam me alcança e parece ofegante ainda mais. Dou uma leve risada, o que faz o mesmo me olhar feio.

- Sedentário. - Digo, após Sam se sentar ao meu lado.

- Eu acho que ando mais que você. - Sam se defende.

- Acho que não. - Gargalho alto. E assim depois de um tempo, Anne aparece nós olhando com raiva. O paraíso é lindo, mas se você não o conhecer direito, é ainda mais fácil se perder. Ou se você estiver aqui a noite, sem nenhuma lanterna.

- Vocês acham que podem sair assim? Sem avisar? - Anne se senta ao meu lado, dando uma leve risada.

- Bipolar. - Digo a empurrando de leve com os ombros.

- Sou mesmo. - Afirma Anne.

Ficamos olhando para a noite se fechando e ficando cada vez mais negra.

- A noite é obscura! - Diz Anne.

- Porque? - Pergunto olhando para ela.

- Uai, porque ela é. Obscura como se...

- Você não soubesse se ela existisse de verdade, ou se ela é apenas uma ilusão, pois no escuro não vemos nada - Sam interrompe Anne.

Anne olha para Sam, com a boca aberta e sorri. Volta a se encostar na árvore.

- É isso aí, Sam. - Suspira. - Eu acho que formamos um bom trio.

- Você ainda tem a Cristha, não se esqueça. - Aviso Anne.

- Eu sei, mas ela está se esquecendo de mim. Me trocando, pelo Scott. - A olho de lado - No começo, eu até achava os dois bonitinhos. Mas aí eu estranhei.

- Estranhou o quê? - Pergunta Sam, com rapidez.

- Imagina, uma pessoa que você nunca conversou, e de repente essa pessoa diz querer seu amigo. Muito estranho. - Responde Anne, com os olhos cerrados.

- É, faz sentido. É estranho.

- Talvez, Scott só tenha se aproximado de Cristha para ganhar alguma coisa à mais do que ele tinha. - Sam diz, olhando para mim.

- Mas o quê? - Pergunta Anne inclinando o corpo para olhar para Sam.

- Eu não sei. - Sam diz se encostando na árvore novamente.

Eles tem razão. Estamos deixando algo ir, sem perceber. Está faltando alguma coisa. Mas o que?

Depois dessa conversa, eu e Anne resolvemos ir embora. Aquilo, quanto para mim e para ela, traz lembranças um pouco ruins.
Saber e lembrar que Cristha talvez nunca mais vai me nos acompanhar de novo para o Paraíso, é triste.

Levamos Sam para sua casa, e eu me desculpei por ter metido ele numa briga, e falei para ele que da próxima vez, ele vai poder me levar para a festa que ele quiser. Desde que eu possa me vestir normalmente, não como os personagens de Star Wars.

Nada mais que justo.

Assim, que chegamos a minha casa, Anne desliga o carro, mas eu fico sentado no banco, encarando as luzes apagadas.

- Você pegou todas as suas coisas não é? - Pergunta Anne, olhando para frente, com as mãos no volante.

-Sim.

- Vocês não vão voltar? - Pergunta Anne novamente, mas dessa vez, ela me Olha.

- Eu não sei, Anne.- Respondo a olhando.

- Você sente falta dela?

- Sinto, e esse é o problema. Talvez se eu não sentisse tanta... - Digo, quase me estressando por Anne fazer tantas perguntas.

- Mas então porque Você não...

- Porque eu vi. - A interrompo - Eu vi, no dia da festa, como ela sorri, de um jeito novo. Por mais que eu não goste do Scott, ele a faz feliz.

-Eu sinto muito. - Diz Anne sorrindo de lado.

- Eu também. - Digo sorrindo.

Saio do carro e vou até a porta da minha casa, ouço o carro de Anne, se movimentar. Entro em casa, me deparando com a sala vazia e escura.

Subo para meu quarto e tomo um banho, e então, deito na cama pronto para dormir, mas está longe de isso acontecer.

Fico pensando no que Sam e Anne disseram, talvez eles tenham razão, não é muito seguro deixar Cristha tão perto de Scott, se ele não quer só se aproximar dela.

De qualquer maneira, eu vou descobrir o que ele quer e vou contar para Cristha, se é que ela vai acreditar em mim.

Sério. Eu estou me sentindo um investigador CSN.

Por Trás Da MáscaraOnde histórias criam vida. Descubra agora