Capítulo 34

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- Eu vim o mais rápido possível quando ouvi sua mensagem!

Disse Gabriel que logo foi entrando em casa quando eu abri a porta. Depois que recebi aquela pequena ameaça do Diretor Samuel, liguei desesperadamente para Gabriel e Anne. Nenhum dos dois atenderam, mas eu deixei várias mensagens em sua caixa postal explicando os mínimos detalhes, acho que eu deveria ter esperado eles chegarem, porém eu estava com medo e sem saber o que fazer, se eu não tivesse ocupado minha cabeça com alguma coisa, eu teria feito uma grande burrada.

- O que aconteceu com você? – Perguntou Gabriel que parou de andar rapidamente pela sala – O que foi que houve?

- Eu não sei... – Comecei a tentar explicar, mas todo o remorso começou a voltar com muita força – É tudo culpa minha.

- Por que seria culpa sua? – Gabriel se aproximou e ficou á minha frente. Não consegui lê-lo, pois seu boné estava atrapalhando, porém ele parece demonstrar muita dúvida e preocupação.

- Fui eu quem ameacei o Diretor Samuel sem me importar se Jonathan estava vulnerável ou não. E mesmo sabendo que ele corria grandes riscos, eu o coloquei num lugar onde ele não conhece ninguém e não fala com ninguém.

- Não é verdade, se sentir assim agora não é bom, vai te atrapalhar a resgata-lo.

- Não sei o que fazer – Dou de ombros, sentindo minha mão tremer – Se eu não entregar uma declaração falando que eu entrego a empresa nas mãos dele, ele vai machucar Jonathan e ele é minha única família.

Gabriel pensou por um instante, olhou para mim sem saber o que fazer também. Estávamos na mesma. Sem respostas, ou sem ter alguma ideia. Eu tenho menos de vinte e quatro horas para pensar em algo, ou já colocar algum plano em ação.

- E se chamarmos a policia? – Sugeriu Gabriel, que se sentou no sofá, me sentei ao seu lado.

- Não podemos, ele saberia e chamaria muita atenção e seria tempo o suficiente para ele matar o Jonathan. Precisamos prender o Diretor Samuel sem ele machucar Jonathan e sem ele conseguir ter a empresa.

- Então, vamos esperar a Anne. Ela é quem tem cabeça e inteligência para isso.

Ficamos em um silêncio horrível por um bom tempo. Percebi que sem Mary nesta casa, ela fica muito mais silenciosa, por mais que na maioria das vezes Mary estava dormindo ou fazendo qualquer outra coisa, ou até bebendo, essa casa fica fria e gelada sem ela. Me fazendo perguntas estranhas de vez em quando, ou fazendo comidas diferentes. Ela pelo menos tentava ser uma mãe, talvez ela sentia que ela havia perdido esse papel desde que Bryan fora embora.

Me arrependo de as vezes ter sido frio com ela. Talvez esse seja o meu problema, eu não contei nada para Mary sobre o que eu havia descoberto, para não envolve-la, mas ela acabou sendo morta por isso. E o mesmo está acontecendo com Jonathan, eu o afastei, porém parece que quanto mais eu o afasto, mais ele entra nessa briga. Uma briga que não é dele, mas que ele insiste em dizer que estávamos juntos. Com certeza, ele vai dizer que tinha razão, que eu não deveria ter deixa-o sozinho com desconhecidos.

Anne estava demorando demais, e por isso comecei a pensar que estávamos perdendo tempo, que a cada minuto que passava, Jonathan estaria enfrentando o que não queria, ou que o Diretor Samuel estaria planejando o que fazer caso eu não apareça. Mas pelo bem da minha sanidade, a campainha tocou.

Gabriel se levantou rapidamente e olhou para a porta, e foi abri-la.

Anne quase pulou para dentro de casa desesperada.

- Você está bem? – Perguntou ela que ficou a minha frente, olhando para o meu rosto, procurando algo de errado.

- Preciso da sua ajuda – Ignorei sua pergunta, pois não sei a resposta, se eu dissesse que estava bem, estaria mentindo. – Recebi uma ameaça do Diretor Samuel. Ele pegou o Jonathan.

- Então, temos que ligar para a policia – Disse Anne, que pegou seu celular do bolso e desbloqueou a tela.

- Não podemos – Seguro a mão de Anne, para que ela desista da ideia – Ele vai machucar Jonathan. Não quero perde-lo.

- Então o que vamos fazer? – Perguntou Anne, que colocou seu celular de volta no bolso.

- Precisamos de um plano, mas só nosso – Olhei para Gabriel, que estava ao lado de Anne. –Sem policia. Precisamos fazer com que ele confesse que matou a minha mãe.

Sentei de novo no sofá, enquanto Anne a Gabriel falavam coisas que viram na TV que talvez dê certo. Não estava prestando atenção. Pensei em tudo que eu sabia sobre o Diretor Samuel, e sobre a empresa, coisas relacionadas aos dois.

Ele era amigo do meu pai, mas queria roubar a empresa...

Lembrei de algo que não havia comentado com ninguém, algo que Jonathan havia me falado e que na hora, eu não tinha entendido, ou achava que ele estava apenas sendo dramático.

- A gente não o vê, mas ele sempre vê a gente.

O silêncio voltou a reinar pela sala, eles me olharam, e franziu o cenho, provavelmente achando isso assustador.

- O que? – Perguntou Gabriel, que se sentou no sofá também.

- Entendi o que Jonathan queria dizer com isso – Olho para os dois, quero anotar como será as expressões deles. Um fetiche estranho, eu sei – Foi por isso que o Samuel se tornou Diretor, porque alguém acreditaria em alunos que poderiam apenas sentir raiva dele? E ele ainda estaria muito exposto para suspeitarem dele, e ele teria todas as informações. Ele nunca fez nada pela escola, isso daria tempo o suficiente para dele decorar todas. – Balancei a cabeça, sentindo o quebra-cabeça fazer ainda mais sentido agora – Faz tudo parte do plano dele. Ele não matou minha mãe para me ameaçar, ele a tirou do caminho. E agora Jonathan, e o próximo vai ser eu.

- Luccas, mas isso pode não ser verdade – Disse Anne.

- Não é uma especulação, eu tenho certeza. – Digo entrelaçando minhas mãos, e balançando a perna freneticamente. – Eu achando que estava protegendo todos, mas entreguei toda minha família de bandeja para ele. Ele está tirando todos do caminho para conseguir a empresa.

- Mas – Começou Gabriel – Porque ele precisaria de uma declaração sua, sendo que você não é o presidente ainda?

Por Trás Da MáscaraOnde histórias criam vida. Descubra agora