Capítulo 22

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- Eu já te disse, moça - Digo pela décima vez - Eu apenas cheguei em casa, após ir pra escola.

- E esse machucado na boca? E o olho roxo? - Perguntou a policial que ainda continuava a me fazer perguntas, perguntas que eu não queria responder.

- Eu arrumei uma briga. Na escola - Olho para atrás dela. Vários policiais entrando e saindo de casa. E alguns médicos também. Como o esperado minha mãe não resistiu.

E Jonathan, ainda não diz nada. O garoto não chorou como eu chorei, ainda penso que ele não tinha tanta consideração assim pela Mary.

- É alguém que posso sentir um ódio mortal por você? Ou sua família?

Voltei a olhar a policial, ela ainda anotava tudo que eu dizia no caderninho. O que me irrita muito.

- Não, claro que não - Pensei por um instante. - Quer dizer, sim. Não, não sei.

Passo a mão na nuca, deixando um pingo de suor escorrer pelo meu pescoço. Todo esse interrogatório está me deixando nervoso. E me dando um puta calor.

- Por falta de provas - Começou a falar a policial, fechando o caderninho e entrelaçando as mãos - Vamos fechar esse caso como um acidente doméstico. Trágico, mas fatal.

- Sério? - Levanto o tom de voz - Acha que enfiar uma faca na barriga é um acidente doméstico?

- Olha, Senhor...

- Não me chama de senhor - Me levanto da cadeira que estava sentando - Sou mais novo que você.

A policial se levanta também, e levanta os braços me avisando para sentar.

- Okay. Calma. - Diz ela se sentando também - Estamos sem provas alguma. Você não tem um suspeito. O assassino entrou e saiu sem deixar uma pegada se quer, ou uma digital. Como um fantasma. O que você quer que a gente faça?

- ALGUMA COISA QUE POLICIAIS FAZEM. VOCÊ SABE, EU SEI. - Acabo perdendo a cabeça, pela segunda vez hoje - FOI UMA PORRA DE ASSASSINATO!

- Calma aí, garoto - Diz a policial colocando a mão por cima de seu revólver - Se não, eu vou ter que prende-lo aqui.

- Então vai - Estico os meus braços para frente, com uma sobrancelha levantada - QUALQUER LUGAR É MELHOR DO QUE ESSA CASA SEM MINHA MÃE!

A mulher aponta a arma para mim, mas faço questão de ignorar. Se ela atirar em mim, talvez seja melhor. Ela vai ser presa mesmo.
Me jogo em cima da cadeira de novo, e coloco o braço por cima dos olhos.
Uma parte de mim gritava para ela atirar, mas a outra não.

- Calma, Kessy. - Disse uma voz diferente - Deixa comigo.

Retiro meu braço de cima de minha cabeça e abro os olhos. Encarando um outro policial, que se senta na cadeira a minha frente ao ver que estou o encarando.

Sua barba rala, me deixa um pouco agoniado. Policiais andam tão ocupados que não fazem a barba? E ainda deixam um crime pela metade?
Ou, apenas ele gosta assim.
O moreno á minha frente sorri, me fazendo me ajeitar na cadeira.

Ele cruza as pernas e me olha. Mas dessa vez não anota nada em seu caderninho. Aliás, ele nem tem um caderninho.
Franzi o cenho, e o policial passa a mão pela barba. Percebo que sua mão está tremendo. Deve ser stress ou qualquer coisa do tipo.

- Oi, garoto. - Começou o policial.

Me recordo de que eu não falei meu nome para todos aqueles policiais. Não sei o porque, mas sinto que deveria confiar nesse policial.

- Meu nome é Luccas. - Cruzo os braços, não deixando de desconfiar dele. Quando seu pai some, você aprende a confiar desconfiando.

- Okay - Disse ele, descruzando as pernas - Eu sou Josh. Espero que você nos entenda, está bem? O assassino de sua mãe fugiu. Não deixou uma única sequer pista. Não vamos deixar esse caso assim em branco, mas iremos fazer de tudo para tentar completar isso e prender o culpado. Eu, mesmo, irei ter certeza de que irão fazer isso. Eu prometo.

Por Trás Da MáscaraOnde histórias criam vida. Descubra agora