Capítulo 20

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- Por que você fez aquilo, Sr. Müller? - Perguntou o diretor Samuel.

Olhei Para o lado. Nunca havia percebido que essa cadeira da direção é desconfortável. Olhei para os quadros que estavam pendurados na paredes. Uma mulher. E um garoto. Possivelmente Scott.

- Já disse que é Andrei - Digo voltando á olha-lo.
Nunca pensei que viria aqui na sala do diretor. Todos dizem que é assustador, mas para mim não. É normal.

- Okay - Diz ele, suspirando e entrelaçando as mãos - Por que você fez aquilo com Scott?

Me remexo na cadeira olhando para o diretor Samuel.

- Você viu o que ele fez com o Sam? - Pergunto, mas o diretor não demonstra emoção alguma - A foto da avó de Sam, que seu filho estragou?

- É só uma foto, Sr. Müller.

- Uma foto - Dou um sorriso e olho para o lado - A única lembrança que Sam tinha de sua avó. Que seu filho estragou. - Volto a olha-lo.

- E isso é o suficiente para espancar Scott? - Diz o diretor na defensiva.

- Estou falando isso, fora as humilhações, os apelidos. E tudo o resto. - Digo, mas o diretor sorri.

Intimidar esse cara é bem mais difícil do que parece. Ele sempre sorri e não demonstra nada.

- E você? - Diz ele, me olhando. Como quase um desafio - Scott me disse que antes você também humilhava o Sam. E de repente, é você vira amiguinho dele? Meio suspeito não acha?

- Está suspeitando de mim? - Viro o rosto para olha-lo - Sou diferente de você, Diretor. Você só fecha os olhos e ignora o que acontece na escola. Mas se acontecer alguma coisinha com seu filho queridinho, você já acha que ele é a vítima.

- E ele não é? - Ele levanta os braços, num ato dramático.

- Sabe porque o Scott atingi sempre o Sammy? Por que ele sabe que tentar brigar diretamente comigo não dá certo, porque ele sabe que eu sou mais forte.

- Se o Scott só atingi o Sammy para lhe atingir, por que você não se afasta dele?

- Por que eu não me sacrifico pelas pessoas. - Viro o rosto. Eu tenho que fazer o diretor se preocupar, um pouco pelo menos - Eu salvo elas. E isso não é um filme. É vida real.
E também o Scott sabe, como ninguém, que eu sou a única pessoa que conseguirá mata-lo sem hesitar.

- Isso é uma ameaça? - Pergunta o diretor Samuel levantando uma sobrancelha.

- Não sei - Dou de ombros - É uma ameaça?

- Sr. Müller...

- É isso o que eu faço quando mexem com meus amigos. - Me levanto da cadeira e fico em pé na frente da mesa. - Fala para o Scott não se meter comigo. E você, diretor, é melhor cuidar direito do seu filho, por que senão quem vai cuidar disso vai ser eu.- Aponto para mim mesmo - Por que o que você não faz pelo seu filho, os outros fazem.

Vou em direção à porta, mas antes me viro e vejo o tão esperado desespero na expressão do diretor.

- E sabe? De cidadão para cidadão. Não se mete com minha família. - O diretor coloca suas mãos em baixo da mesa e me olha com os olhos arregalados - Está bem?

E no final, eu consegui fazê-lo ficar desesperado, mas por um outro lado, ele deve suspeitar que eu sei de tudo agora.

Saio da sala da direção e vou em direção ao banheiro masculino. Encontro Sam e Gabriel lá. Sam está sentado em cima de uma pia e Gabriel está encostado na parede olhando o próprio pé.

Sam roí as unhas, Ainda com a camisa  toda vermelha.  Não sei como ele ainda não trocou as roupas.
Entro no banheiro, já tirando minha camiseta.

O primeiro a me ver foi Gabriel, que se levanta rapidamente e vêm em minha direção rapidamente, fazendo Sam me ver também.

Sou surpreendido com um abraço caloroso de Sam, que me aperta entre seu peito, quase me fazendo ficar sem ar.

- Obrigado. - Diz ele, ao me soltar.

- É isso que os amigos fazem, Sam. - Passo a mão em seu cabelo, o bagunçando.

- Mas não burrices. - Cometa Gabriel, se aproximando mais.

- Burrices fazem parte da amizade. - Digo cruzando os braços - Você também fez burrice quando me afastou do Scott.

Gabriel sorri, e dá de ombros. E percebe que estou sem camiseta.

- Ah isso. - Jogo minha camiseta para o Sam - Troca de roupa Sam. Você não pode ficar andando por aí assim.

Sam estica a camiseta á sua frente e me olha.

- Valeu, mas e você? Vai ficar andando pelado por aí? - Diz Sam tirando sua camiseta e colocando a minha.

- Não se preocupe - Dou um tapinha em seu ombro - Eu tenho um bom sexto-sentido, trouxe outra na minha mochila.

- Ah - Gabriel se aproxima mais e fica na minha frente - A Cristha me disse que queria falar com você.

- Sério? - Levanto a sobrancelha. Nunca pensei que ouviria isso - Será que ela levou um fora do Scott?

Gabriel ri baixo, e Sam também. Ouço o barulho da porta sendo aberta lentamente, me viro para ver quem é.

- Foi ao contrário. Eu dei um fora nele. - Cristha aparece com as mãos nas costas, me assustando e fazendo Gabriel e Sam se calarem.

- Então, Sam. Vamos para a sala? O professor deve estar puto. - Diz Gabriel puxando Sam para a saída.
E assim, Eles saem do banheiro.

Não consigo me mover. Estou paralisado, enquanto Cristha sorri, me mostrando que ela trouxe uma caixinha de primeiros socorros.
Ela se aproxima e examina meu rosto, o tocando de leve.

Seguro sua mão, não a deixando tocar  mais em meu rosto. Ela sorri de novo.

- Ele fez um belo estrago, né? - Diz ela apontando para um pia.

Me sento na pia, e a encaro.

- Devia ter visto ele. Está bem pior. - Digo saindo do transe.

- E eu vi. - Diz ela abrindo a caixa de primeiro socorros e levando um pedaço de algodão perto da minha boca. Onde está machucado. Mas recuo - O que foi? Mesmo depois disso tudo, não podemos ser amigos?

- Não consigo ser só seu amigo. - Digo, fazendo Cristha conseguir tocar Minha boca com o algodão.

- Por que?

- A tentação... - Olho para sua boca rapidamente - é muita.

Cristha me olha com um ar indignado e afasta sua mão.

- Então por que...

- Porque eu não posso te envolver nisso, Cris. É arriscado demais. Eu não quero ter que me preocupar com tudo, e ainda com você.

- Eu não entendo. - Ela olha para o lado - Você está ficando com alguém?  Com a Anne? Ou pior, com a Hazel?

Dou risada, fazendo Cristha me olhar com fúria.

- É tão fofo quando você fica com ciumes - Aperto as bochechas dela de leve, fazendo ela me dar um leve tapa na mão.

- Fofo vai ser quando eu enfiar isso aqui...- Ela segura o frasco de algodão com a mão direita - na sua garganta.

É impossível não rir. Dou risada e Cristha também. Ela se aproxima um pouco e termina de limpar meu ferimento.

Não entendo o porque dela estar aqui e não com Scott, já que ele está quase deformado.

Mas mesmo assim, seja qual for o motivo, é bom rir com Cristha de novo. Depois que terminamos não pensei que conseguiria ter essa chance de faze-la rir de novo.

Não mais.

Por Trás Da MáscaraOnde histórias criam vida. Descubra agora