Capítulo 19

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Não estou sentindo nada. A muito tempo na verdade. Desde que essa ideia de que o Bryan possa estar vivo entrou na minha cabeça. Talvez minha minha mãe esteja certa. Eu não tenho sentido nada demais. Nem mesmo quando dá a louca na Cristha e ela tenta fazer ciúmes. Eu apenas ignoro. Sorte dela que eu sei ignorar. Por que se não, eu iria socar a cara do Scott. Mas agora que eu descobri que ele é filho do Diretor, isso complica as coisas.

Não que não complicava antes, mas depois de invadir a casa do cara - e roubar algumas coisas, acho meio insano tentar arrumar briga com Scott. Mas isso não me impede de bater nele caso ele tente algo com Sam. Não mesmo.

Luccas. Luccas.

- Luccas! - Diz Sam, que estrela os dedos na minha frente.

- Ah! - Me ajeito na cadeira - Oi.

- Por que você está assim? Avoado?

O encarei por alguns segundo. Eu realmente deveria contar para ele sobre o que eu descobri com Jonathan? Eu estaria envolvendo Sam nisso, em uma coisa que ele não tem nada a ver. Eu estaria sendo egoísta.

De novo.

O barulho do refeitório, quase me fez querer sair correndo. Mas tem um problema. Cristha está na saída do refeitório, e eu não estou no clima de aguentar as criancices dela. E aliás, Scott está com ela. Eu não iria me aguentar.

- Eu descobri umas coisas - Passo a mão na nuca - Nada de importante. Você não deveria se envolver.

- De qualquer jeito, eu já estou envolvido - Sam dá de ombros - Invadir a casa do diretor Samuel não é pouco envolvimento.

- Eu sei - Apoio meus cotovelos em cima da mesa, fazendo Sam franzir o cenho, a começar a mexer a perna direita várias vezes - Mas, eu não quero te envolver nisso, sabe? É um problema meu.

- Andrei - Diz Sam. Ele me chama assim agora, só para me lembrar da minha burrice - Estamos juntos nessa, lembra? Problema seu, é problema nosso. - Sam fecha o punho e o coloca a frente de sua cabeça, abaixando um pouco o rosto.

Fecho o punho também, mas não o mostro. Penso por alguns segundos. Eu deveria mesmo arriscar minha amizade com o Sam? Assim? Tão simplesmente?

É problema nosso.

Faço o toque com o Sam. Dando um leve soco em seu punho, o fazendo sorrir e encher a boca com macarrão.
O que me faz lembrar de que eu não consigo comer desde que eu descobri sobre o diretor Samuel e meu pai. Quer dizer, o Bryan.

- Mas me diz - Sam limpa a boca com um guardanapo - O que exatamente você descobriu?

- Sabe o Jonathan? - Sam balança a cabeça - Ele me disse que já tinha visto o diretor Samuel antes. E que ele ameaçou o meu pai e a família dele. E ameaçou o Jonathan também. Falando que se ele falar sobre isso com alguém, ele pode fazer alguma coisa com o Bryan.

O grande sorriso de Sam some em questão de segundos. Ele me olha e bloqueia a mandíbula. Como se não conseguisse dizer alguma coisa.
Ele estava quase paralisado, se não fosse por seu pé que ainda mexe.

- Quer dizer que o diretor Samuel ameaçou a família do Jonathan? - Pergunta Sam, um pouco mais baixo que o normal. Olhando para os lados, com medo de que alguém tenha nos ouvido.

- É, isso mesmo - Sam suspirou, e voltou a me encarar. - E lembra da carta que eu achei na casa do diretor Samuel? - Sam balança a cabeça, quase que freneticamente - Eu preciso descobrir, o por que que meu pai pediria ajuda para alguém que o ameaçou.

- Andrei - Sam volta a me chamar assim - Presta atenção, não vou poder te ajudar quando não estiver mais aqui. Com certeza, seu pai mandou essa carta antes do diretor Samuel o ameaçar, né? Por que ele pediria ajuda para alguém que o ameaçou? Não faz sentido.

Por Trás Da MáscaraOnde histórias criam vida. Descubra agora