Capítulo 12

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Luccas Narrando

Eu não sei onde estava com a cabeça. É lógico que era a Cristha. Os olhos, a boca inchada, o toque.
Ou eu sou burro e cego, ou eu estava realmente tão desesperado por querer esquecer essa merda toda, que nem percebi que era ela.

Eu só não entendo, porque ela estava lá. Numa festa a fantasia, Cris havia me dito que não gosta muito desse tipo de festas, pois geralmente não consegue ver o rosto das pessoas.
Eu não entendo.

Eu não entendo nem metade das coisas que já me aconteceram. Por que eu falei aquilo para a Cristha naquele dia? Por que eu não olhei para trás? Se eu que quis ir embora, por que eu sinto falta?
Por que tudo isso está acontecendo?
Eu poderia simplesmente colocar a culpa em qualquer pessoas, qualquer que seja. No Scott, Até mesmo na Anne, ou na Cristha. Mas eu sei que eu não posso colocar a culpa em todo mundo.

Se a culpa é minha, mesmo.

Apesar de isso soar um pouco egoísta, colocar a culpa em alguém que não tem nada a ver com a história, tipo a Anne.
Menos o Scott, ele tem toda a culpa dessa merda toda.

- Luccas? - Sam me chama, batendo a porta de seu armário com força, chamando minha atenção.

- Calma aí, o armário não tem nada a ver com a tua raiva e minha idiotice. - Digo, fazendo Sam dar risada.

- E o que causa sua idiotice? - Sam entorta o pescoço fazendo uma expressão interrogativa.

- Uma burrice - Faço o mesmo movimento com a cabeça, fazendo algumas pessoas nos olharem.

- Você ainda pode usar isso ao seu favor. - Comenta Sam, voltando sua cabeça ao normal - Sabe, reconquistar ela.

- E como isso?

- Sei lá, continuando a usar máscara, e tentar fazer ela gostar de você de novo. - Dá de ombros.

- Que psicopata, Sam - Digo levantando as sombrancelhas - Reconquistar ela mentindo? É a mesma coisa que nada.

- Não é psicopata - Ele me dá um tapa no ombro, me fazendo passar a mão por cima e o xingar mentalmente - Pelo menos, tentar fazer ela entender que o Scott é um puta babaca. E que ele está usando ela.

- A gente não pode acusar alguém sem provas. E aliás, eu não sei de nada.

Fechei meu armário e fui em direção ao banheiro. Abri a porta e entrei em uma das cabines.
Olhei para aquelas fofocas na porta, até no banheiros dos meninos tem essa palhaçada.

É falto do que fazer no banheiro.

Olho para o vaso sanitário e faço uma careta. Parece que eles não lavam isso aqui a dias. Fecho a tampa com o pé e me sento por cima.

Ficar pensando sobre muita coisa é bom - principalmente quando tem coisa acontecendo lá fora. Mas ficar pensando demais pode me deixar doido. Já ouvi falar de pessoas que não conseguem diferenciar a própria mente com a realidade.

Talvez isso acabe acontecendo comigo, por imaginar coisas demais. Tipo, um médico doidão com uma seringa do tamanho da minha cabeça e com uma máscara de coelho.

Isso sim é um pesadelo.

Ouço a porta do banheiro ser aperta. Encolhi meus pés e tranco a porta devagar. Para que eles (ou quem quer se seja) não me vejam.

Sinto o perfume forte de John. Não tenho o que me preocupar. Desço meus pés novamente e coloco minha mão sobre a porta.

- Que burrice, Scott. - Diz John.

Por Trás Da MáscaraOnde histórias criam vida. Descubra agora