Capítulo 18

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- O QUE VOCÊ ACHA QUE FEZ? - Gritava minha mãe pela décima vez.
Olhava para o lado, a procura de algo mais interresante. Sem sucesso. A única coisa interessante era o desespero de Sam. Mas ele foi embora. Eu disse para o diretor Samuel que eu havia o trazido aqui. E isso não é mentira.
Eu prometi para Sam que isso não iria atingi-lo, e não vai.

- PRESTA ATENÇÃO QUANDO SUA MÃE FALA COM VOCÊ! - Gritou minha mãe, pelo menos alguma coisa diferente.

A olhei meio de lado, e ela cruzou os braços.

- O que você quer que eu diga?

- Me conta, Luccas - Ela se aproximou - Por que você invadiu a casa do diretor Samuel?

- Invadir é uma palavra muito forte. - Pensei por um instante, deixando minha mãe ainda mais furiosa - Diria, entrar sem pedir.

- Invadir - Repete minha mãe. Cara, estou na frente da minha casa.  Não podemos pelo menos entrar? - Por que? Por que?

- Por nada. Não tenho motivos. - Dou de ombros.

- Não tem motivos, ou não quer me contar? - Ela volta a cruzar os braços.

- Ou, eu não posso te contar? - Digo, fazendo-a franzir o cenho, mas logo relaxar, deixando uma marquinha em meio suas sobrancelhas.

- Não pode? Por que não?

- Esse é o seu problema, mãe. Você não confia nas pessoas. Está realmente preocupada? Ou está apenas com medo de ter outro membro da família desaparecido?

- Isso não é sobre seu pai - Quase gritou - Isso é sobre seu comportamento, Luccas.

- Seu eu te dizer - Viro um pouco o rosto, fazendo um suspense - Você vai acreditar?

- Eu deveria? - Pergunta ela cerrando os punhos em meio a sua blusa de lã.

- É por isso que eu não conto mais nada pra você - Digo, olhando para a trás dela. Jonathan está lá olhando o que está acontecendo. - Você se esqueceu de como é o papai? Por que você ainda cuida do Jonathan? Está feliz com um par de chifres? E mesmo, depois de tudo que você viu e ouviu, ainda não acredita em mim? Não está curiosa sobre o desaparecimento do papai?

- É claro que estou, Luccas. Mas a gente deve seguir em frente. E ficar procurando, vai deixar sua cabeça lembrando dele, e isso vai impedir de você seguir em frente. - Diz minha mãe que relaxa a expressão. O único jeito de acalma-la é insinuando o nome do papai.

- Está dizendo que ele morreu? - Ela não faz Expressão nenhuma, apenas olha para o chão. Dizendo que sim com os olhos. - Então por que ele tem outra mulher e outro filho? E POR QUE O JONATHAN ESTÁ AQUI E NÃO COM ELE?

Acabei explodindo. Eu sei que fui um pouco rude com a mamãe, mas ás vezes pensar que o papai está morto me deixa nervoso.

- Luccas, seu pai tem outra família. Apenas lide com isso, e siga em frente. Você é um rapaz forte, nunca teve que me dar preocupações. Você pode conseguir isso.

- Não, mãe. - Digo, e balanço a cabeça - Eu me recuso a aceitar, e deixar em passar branco como todos os outros fazem. Deixe tudo comigo. Eu irei resolver. Você não precisa se meter nisso.

Minha mãe pareceu um pouco preocupada no início. Mas depois de alguns segundo ela concordou com a cabeça.

- Está bem - Ela disse por fim - Mas não me apronte mais nenhuma dessas, okay?

Balaço a cabeça levemente. Ela sorri e se vira para entrar em casa.
Assim que entro, minha mãe vai para a cozinha, provavelmente beber, e eu vou em direção às escadas para subir no meu quarto.
Faz um bom tempo que eu não limpo meu quarto. Desde que esse pestinha do Jonathan chegou em casa, minha mãe e ele só compram brinquedos e os deixam jogados no meio do quarto. E quem tem que arrumar tudo sou eu. Mas hoje não. Eu não vou arrumar nada.

- Sai de cima da minha cama, pirralho - Digo, ao ver Jonathan em cima da minha cama com um papel e gizes coloridos na mão, escrevendo ou desenhando alguma coisa.

E Jonathan, ao me ver, sai correndo e pula no chão, dobrando os joelhos.
Ele me olha, e aponta para o papel que ainda está em cima da minha cama.

- O que é isso? - Pergunto pegando o papel nas mãos.

Eu sei quem é o diretor Samuel. Ele foi na minha casa uma vez. Ele ameaçou o papai.

Jonathan não diz nada, apenas balança a cabeça. E me olha com seus olhos frios.

- Isso não é brincadeira, não é? - Pergunto e Jonathan apenas balança a cabeça.
Ele vêm em minha direção e pega o papel de novo. Vai em direção a uma parede para servir de apoio.
Depois de alguns segundos, ele vêm em minha direção e me entrega o papel.

Ele me disse que se eu falar alguma coisa, ele mata o papai. Mas ele não falou nada sobre escrever.

- É por isso que você nunca diz nada? Está protegendo o papai? - Pergunto, e Jonathan balança a cabeça, afirmando - Está com medo de dizer a coisa errada.
Ele pega o papel de novo, e escreve algo. E me entrega.
Sinto um pequena pontada na nuca, quase me fazendo recusar o papel.

A gente não o vê, mas ele sempre vê a gente.

Isso, talvez, esteja se tornando algo macabro demais. Principalmente para um garotinho de poucos anos. E para mim também, de alguma maneira.
Olho para os lados, como se fosse achar alguém nós olhando pelas janelas, ou câmeras escondidas no meu quarto. Mesmo que eu não tenha "achado" nada, ainda me sinto observado após ler o que Jonathan escreveu.
Jonathan ao perceber que a minha reação, pega de novo o papel, e escreve algo de novo.

Estou com medo. Ele pode te machucar e machucar sua mãe. E a Cristha. Você precisa protege-las.

Após ler, amasso o papel, e jogo em algum lugar do quarto. Jonathan segue o papel cortar o ar com os olhos. E me olha, com um grande ponto de interrogação invisível em cima de sua cabeça.

- Escuta - Me ajoelho para ficar de seu tamanho - Eu vou te proteger. Não importa como. Eu vou proteger a mamãe também. E vou achar o papai. - Estico o mindinho para ele - Prometo. -
Jonathan entrelaça seu mindinho com o meu. E sorri.

Eu sei. Ele não é meu irmão e nunca vai ser. Mas ele também é a família do papai. E eu, o olhando assim, eu descobri o porque dele der sido mandado para cá.
Bryan. Acho que vou começar a chama-lo assim, pois se o diretor Samuel tem alguma a ver com desaparecimento de Bryan, ele vai se sentir um pouco incomodado em ouvir o nome dele.
E assim, eu posso descobrir sobre o que ele tem em relação ao papai.

Ah! Isso vai ser bem mais difícil do que eu pensei.

Me deitei na cama, após enrolar Jonathan com um edredom.
Olhei para o teto do quarto. Ainda há algumas estrelinhas que brilham no escuro. O que me deixa um pouco relaxado. Pode parecer um pouco infantil, mas na verdade é bem útil.
Me lembro de quando eu tinha 7 anos, foi quando o Bryan me deixou e foi embora, sem dizer nada. Um trauma e tanto para mim. Mas eu sei que ele está vivo. E Jonathan é a prova disso.

Por Trás Da MáscaraOnde histórias criam vida. Descubra agora