Com a determinação de Ryan a mostrar-se inabalável, era ela que parecia não estar muito confiante. A melhor maneira que teve para se concentrar foi fechar os seus olhos, tocando na superfície da caixa, sentindo as vibrações que viajavam através da naturalidade da madeira.
Foram necessários alguns segundos, até ela abrir os seus olhos obliquos demonstrando uma expressão compenetrada, estando ausente de quaisquer traços de quem estaria a brincar.
- Ryan, o que aqui tenho dentro é de grande importância.
Ele consentiu com a cabeça, conseguindo entender o que ela dizia.
- Volto a perguntar. Queres que te revele toda a verdade? - questionou continuando séria.
- Eu vim para cá ás cegas - voltou a relembrar o encontro com os casacas negras - O propósito da minha vinda era para que me revelasses toda a verdade, por isso agradeço que o faça. - pediu cordialmente.
- Como desejares.
A raposa colocou um pano por cima da caixa de madeira. Por algum motivo, a superfície sedosa do pedaço de tecido agarrou-se á tampa como que por magia.
- Artemis - prenunciou Firefang com grande concentração.
As correntes que seguravam o cadeado, caíram ao chão enrolando-se como uma cobra morta. Lentamente abriu-a criando o típico suspense, deixando o ambiente envolto em mistério.
Ryan inclinara-se ligeiramente para a frente, na tentativa de acabar rapidamente com tanto tempo de espera, mas em vez disso notara que os movimentos da raposa eram tremúlos, parecendo que estava a desativar um engenho explosivo.
- O que se passa? - perguntou preocupado.
- É... É um assunto delicado - gaguejou fazendo uma pausa - Nem sequer sei por onde começar.
Ele esboçou um breve sorriso ao vê-la reagir daquela maneira. Era engraçado vê-la daquela forma, ela que sempre demonstrara não ter medo ou receio de nada. Parece que ambos haviam efetuado uma troca de papeis.
- Qual é a piada? - perguntou ela ficando com as maçãs do rosto coradas - O assunto é muito sério.
- Eu sei, mas não pude deixar de achar piada ao facto de estares nesse estado, quando por regra geral sou eu que desempenho esse papel - agarrou nas suas mãos acariciando-as para a deixar mais calma - Pelo início é por onde deve de começar.
Por momentos fora apanhada de surpresa pela terceira vez, não conhecendo tal faceta no rapaz. Era medidas e atitude como aquela que lhe enchiam o coração de satisfação mas igualmente de coragem para ajudá-lo no que aí viria.
Num expirar só, todo o seu corpo deixara de estar tão tenso, acabando por voltar a agir com naturalidade.
- Meu pequeno, sabes alguma coisa á cerca da tua mãe? - os seus olhos verdes brilharam como duas enormes jades - Como por exemplo qual era o seu nome, onde morava, ou algo mais relevante?
- Bem.. - tentava recordar-se do que lhe fora contado quando ainda era uma criança - a primeira vez que me falaram dela, contaram-me que havia falecido ao dar-me á luz. Mas há algo que não me deixa de incomodar. É como se eu tivesse feito algo a alguém, mas não recordo o quê ou o porquê.
Firefang observou-o intrigada, franzindo o seu sobrolho.
- O que é?
- É como se tivesse feito uma promessa a alguém, mas não sei o que foi ou a quem o fiz...
Ela arrepiou-se como se estivesse uma temperatura bastante baixa. Reagira de uma maneira um pouco fora do normal àquele assunto. Todo o seu corpo moveu-se um pouco acelarado de mais, derrubando os objetos pelos quais tocava.
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O Rei Vampiro - As Relíquias Perdidas
VampiroUm rapaz chamado Ryan, mora numa pequena e pacata aldeia, onde se torna no foco de muitas atenções, sendo que nenhuma delas é das melhores. A sua enorme perspicácia e poder de advinhação, levam as pessoas a acharem-no uma aberração, outras acham que...